quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Populismo injustificável

Em pronunciamento ao país, carregado de forte pitada de condimentos políticos, muito mais apropriado para candidato a pleito eleitoral, a presidente da República anunciou, enfim, a tão esperada redução dos preços da energia elétrica, deixando à evidência o cumprimento da promessa feita no desenrolar da campanha para eleição dos prefeitos municipais, tendo por objetivo melhorar, na oportunidade, a imagem do PT, bastante desgastada com o julgamento do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal. De início, a mandatária aproveitou para rebater críticas ao seu governo, dizendo: “Algumas pessoas, por precipitação, desinformação ou qualquer outro motivo tenham feito previsões sem fundamento” e lembrou que “É a primeira vez que isso ocorre no Brasil, mas não é a primeira vez que o nosso governo toma medidas para baixar o custo, ampliar o investimento, aumentar o emprego e garantir crescimento para o país e bem-estar para os brasileiros.”. Num estilo bem peculiar petista, ela fez questão de enfatizar os resultados do governo e condenar a atitude dos opositores, quando disse que “o time vencedor e os pessimistas” e “No Brasil, aqueles que são sempre do contra estão ficando para trás”. Já em tom mais otimista, ela disse que “Temos baixado juros, reduzido  impostos, facilitado o crédito e aberto como nunca as portas da casa própria para os pobres e para a classe média. Ao mesmo tempo, estamos ampliando investimento na infraestrutura, na educação e na saúde e nos aproximando do dia em que a miséria estará superada no nosso Brasil”. Não deixa de ser estranho tanto ufanismo para anunciar a queda dos preços da energia, quando o próprio governo terá que suportar parte da redução, em superior a R$ 8 bilhões, como forma de não prejudicar o desempenho das empresas do setor, cujo socorro deverá vir do Tesouro Nacional, que terá de emitir novos títulos da dívida para levantar recursos suficientes para garantir a sua promessa, ou seja, a redução será paga, pasmem, pela sociedade beneficiada pela aludida diminuição de preços. O governo deveria ter a dignidade de reconhecer que os preços da energia elétrica não poderiam permanecer no patamar absurdo que chegou, haja vista que os valores foram reajustados, ao longo dos anos, muito além do devido, conforme reconheceu o Tribunal de Contas da União, que decidiu no sentido de que os reajustes irregulares devem ser corrigidos, fato que o governo prefere omitir da sociedade, prejudicando, com isso, a observância ao salutar princípio da transparência, que ele não pode ignorar. Trata-se, na realidade, de um governo sem projeto de programa algum e de gestão recheada de deficiências nas áreas econômica, de saúde pública, educacional, de segurança pública, de transportes, do serviço público e, enfim, em todos os segmentos da administrativa pública, onde imperam completa incompetência gerencial, com exceção da arrecadação tributária, cuja eficiência vem obtendo recorde sucessivamente. Não obstante, a medida agora anunciada não passa de deslavada e ridícula “bondade” impregnada de explícito populismo, com o objetivo de desviar a atenção da sociedade das graves questões nacionais, como se os brasileiros fossem um bando de ignorantes, idiotas e desentendidos dos problemas nacionais. A sociedade, rechaçando, com veemência, as medidas demagógicas do governo, anseia por que sejam promovidas, com urgência, amplas e abrangentes reformas estruturais, de modo a contribuir de verdade para a melhoria das condições de vida dos brasileiros e o desenvolvimento socioeconômico da nação. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 24 de janeiro de 2013

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