quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Disputas inglórias e condenáveis

Um político paraibano, que já foi senador pelo PMDB, acaba de revelar que recebeu convite do ex-presidente da República para se filiar ao PT, porém a sua resposta se traduziu apenas na manifestação pelo sentimento de ter sido distinguido e honrado pela lembrança e boa relação com o ex-presidente, motivos do convite, que não constituiu nenhuma surpresa, pelo fato de nutrir por ele grande apreço, boa aproximação e muita admiração. O convite em apreço vem no memento em que o ex-senador confessa insatisfação no âmbito da sua agremiação, em face de se considerar alijado e pouco valorizado pelas lideranças do partido, notadamente por sentir que existe, na prática, “... verdadeiro processo de exclusão, de falta de consideração, de falta de reconhecimento e de isolamento, tentado por parte do partido. Esta é que é a grande verdade”, segundo a sua percepção. O político espera reconhecimento, em função da estrutura que tem dentro do PMDB, mas isso tem sido descartado e ainda menosprezados a força e o trabalho dos seus integrantes, por ser o grupo político do partido que tem mais prefeitos, não podendo haver, na sua opinião, desconsideração e desmerecimento pela cúpula do partido. O descontentamento do político é notório e deixa evidente que seu grupo padece de prestígio por parte dos “caciques” e dos “coronéis” mandatários da agremiação, colocando em dificuldade e sério risco o futuro político daqueles que não se alinham aos seus caprichos. A revelação de episódio dessa natureza expõe com todas as letras, a nefasta maneira de se fazer política, com a formação de grupos dentro do mesmo partido, tendo por objetivos claros e determinados a tomada de posição e de independência quanto ao poder dentro da agremiação e a influência sobre os destinos dos seus integrantes, em cristalino ferimento aos princípios assentados e fundamentados no seu Estatuto, que não prevê essa espécie nefasta de grupos, de segmentos e de nada que possa contribuir para separar a força ideológica da agremiação. No entanto, tratando-se do PMDB, o maior e mais antigo partido fisiológico do país, a existência de grupos não é novidade, ficando claro que o mais forte domina os interesses a serem defendidos. O político paraibano reiteradamente se diz incomodado no seio do PMDB, por não ser reconhecido como gostaria pelos correligionários. Agora, imagine se ele se filiar ao PT, que é comandado igualmente por grupos ou facções nos moldes dos existentes no seu partido, em que os “caciques” mandam e desmandam às claras, a exemplo da imposição da candidatura do hoje prefeito de São Paulo, com o atropelamento dos interesses de outros pretendentes ao mesmo cargo. Seria aconselhável, para o bem da vida pública do ex-senador, que ele procurasse se filiar a um partido que tivesse por ideologia princípios morais e éticos compatíveis apenas com a defesa dos interesses do país, que tivesse por objetivo defender as causas dos brasileiros, que repudiasse efetivamente o fisiologismo como forma de se perpetuar no poder e que honrasse os programas políticos insculpidos no seu Estatuto de fundação, que normalmente é redigido com primor de regras enaltecendo a rigorosa observância aos preceitos da honestidade, da dignidade e do decoro, comprometendo-se com extremo empenho em trabalhar exclusivamente para o engrandecimento do Brasil. Urge que reforma política contemple a possibilidade de se poder fazer política sem vinculação a partido político, como forma de exterminar as disputas entre grupos políticos por fatias de poder ou por quaisquer outros interesses senão em defesa das causas nacionais. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 30 de janeiro de 2013

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