quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Imoralidade como princípio

Conforme amplamente noticiado pela mídia, o diretório do PT no Distrito Federal promove, nesta quinta-feira, jantar, tendo por finalidade ajudar os petistas condenados ao pagamento das multas aplicadas pelo Supremo Tribunal Federal, no julgamento do mensalão, no valor total aproximado de R$ 1,5 milhão, sendo R$ 676 mil ao ex-chefe da Casa Civil; R$ 325 mil ao ex-tesoureiro do partido; e R$ 468 mil ao ex-presidente da legenda. Os convites do jantar, de iniciativa da Juventude do PT do Plano Piloto, custam entre R$ 100,00 e R$ 1.000,00, ao qual devem comparecer 170 pessoas. Sabe-se que já confirmaram a presença ao evento alguns líderes do partido, que entendem que o julgamento foi feito por indução e não se baseou em provas reais, motivando o sentimento de que “Nós não aceitamos que os nossos companheiros tirem um centavo do bolso”. No convite, consta que o julgamento “resultou, entre outras injustiças cometidas, em uma multa milionária em desfavor de alguns de nossos principais dirigentes,...”. Conforme ficou evidenciado durante o julgamento do mensalão, a Suprema Corte esmiuçou e mostrou para o país a contundência das provas inerentes aos atos de corrupção e a forma maquiavélica como o dinheiro foi desviado dos cofres públicos para o pagamento de propina. Na verdade, diante do que ficou mais do que demonstrado com provas testemunhais, periciais e documentais, operou-se tremenda injustiça em razão das penas irrisórias aplicadas àqueles que formaram quadrilha e cometeram corrupção ativa, em troca de apoio político no Congresso Nacional. Sem dúvida alguma os injustiçados foram aqueles que deixaram de receber os benefícios que seriam realizados caso não houvesse o desvio de verbas públicas. Iniciativas dessa natureza menosprezam a inteligência do povo brasileiro e apequenam ainda mais o sentimento de valores e de dignidade que esse partido demonstra possuir, contrariando diametralmente a enorme responsabilidade e a importância que a legenda precisaria defender como princípios éticos e morais. Na verdade, essa ridícula forma de reação à depuração aos atos de corrupção investigados, objeto de montanhas de volumes, apenas materializa a mentalidade de quem pensa que está acima da lei, da Justiça e de todos, na suposição de que o partido, que se encontra no poder, é o próprio país e que os desmandos e as sujeiras gerenciais devem ser aceitos com naturalidade, em nome de uma hipocrisia introduzida nas classes menos instruídas da sociedade, que temem perder as benesses assistenciais preparadas justamente para a sustentação do governo no poder, independentemente das acusações e das práticas de incompetência, irregularidades e corrupção generalizadas, pois nada disso tem influência quando está garantido o recebimento do dinheiro resultante das bolsas criadas justamente com o objetivo de arrefecer o ânimo e a expectativa dos cidadãos incluídos nos bolsões de miséria e necessidade. Não há dúvida de que, à vista dos atos de recusa à moralização, o PT é um partido organizado para enxergar os fatos com a realidade que convém ao seu reduto. Muitos cidadãos sentem vergonha na cara diante dos atos de indignidade, mais, infelizmente, ainda existem aqueles que preferem compactuar e privilegiar a desonestidade como instrumento de satisfação pessoal. É lamentável que a sempre amada Brasília seja palco de tão indigno episódio, embora o alvo do desagravo esteja além-fronteiras, o que ameniza um pouco o efeito devastador dos princípios morais. Enquanto esses atos acontecem nas barbas do governo, o país é tomado pela falta de segurança, deficiência do atendimento à saúde pública, carência de ensino de qualidade e por tantas mazelas que tornam a nação sem credibilidade, justamente pela falta de princípios das pessoas confiadas para governá-la. A sociedade tem todo direito de repudia com veemência os atos de solidariedade à bandidagem, embora isso em nada altera o estado alarmante de criminalidade que assola o país, que conta com a leniência do próprio governo, que assiste a sociedade em pânico diante da insegurança e lamentavelmente nada faz para combatê-la com a dureza que o caos da violência exige. Os jovens petistas apenas estão sendo coerentes com a cúpula irresponsável e hipócrita, que cometeu o maior estelionato eleitoral da história política republicana, ao prometer ética e moralidade e presenteou o país com o mensalão e outras irregularidades, com seus esquemas sofisticados de desvio de recursos públicos. Esse jantarzinho é apenas uma entradinha indecorosa de quem já está acostumado a suntuosos e deliciosos almoços, jantares e sobremesas à custa dos recursos dos bestas dos contribuintes. Urge que a sociedade repudie a indecência, a sem-vergonhice e ao desprezo aos bons costumes sociais. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 17 de janeiro de 2013

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