sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Incrível abuso de verba pública

O Centro de Documentação e Informação da Câmara dos Deputados tem divulgado, por força da Lei de Acesso à Informação, os gastos pelos deputados da verba parlamentar, que somente nesta legislatura já atingiram o montante de R$ 284,5 milhões. Como se sabe, com a cota que tem direito, o deputado pode gastar com passagens aéreas, telefonia, serviços postais, combustíveis, manutenção de escritórios de apoio à atividade parlamentar, alimentação, hospedagem, locação ou fretamento de transportes, divulgação da atividade parlamentar etc., ficando a aplicação ao livre arbítrio de Sua Excelência, não havendo controle quanto aos abusos e excessos na aplicação dessa ignominiosa verba. A situação se torna tão grave que um ilustre desconhecido deputado federal paraibano foi o terceiro maior gastador dessa verba, porém se mostrou surpreso ao saber que era especialista em gastança com o dinheiro dos tolos dos contribuintes, mas não perdeu a pose, ao justificar o seu desperdício com a fajuta alegação de que maior parte das despesas foi com o pagamento de pesquisas, na sua base eleitoral, com a finalidade de “... saber como estão chegando os recursos que destinei aos municípios e o que o povo está achando. Faço pesquisas de três em três meses, seis em seis ou de mês em mês, depende da necessidade.”. Isso mostra a patente falta de critério para o uso proveitoso dessa verba, por permitir que o parlamentar inescrupuloso possa cometer abuso, como esse da Paraíba, por ficar a dúvida se houve mesmo alguma pesquisa e se essa espécie de despesa não deveria ser paga pelo próprio bolso. O certo é que ele mereceu ficar duplamente no pódio dos gastos, pela contratação de serviços dispensáveis e por sustentar a lanterna no que diz respeito ao quesito desempenho legislativo, por não ter tido a competência de apresentar sequer um projeto de lei nem a iniciativa do encaminhamento de qualquer matéria de cunho significativo para o povo que representa. Um parlamentar que justifica gastos com recursos públicos em realização de meras pesquisas, sem qualquer aproveitamento para a melhoria das condições de vida do povo, apenas se distancia da sua precípua função no Congresso, com o agravante da evidência da sua efetiva inutilidade legislativa. Não há dúvida de que a atitude do "ilustre" parlamentar mostra com clareza que seu mandato vem sendo exercido tão somente em benefício de seus interesses pessoais. Infelizmente, isso não é motivo de surpresa, porque, na prática, esse é o padrão dos políticos brasileiros. É um verdadeiro escárnio o que os políticos fazem com os recursos públicos, os aproveitando para fins absolutamente inúteis, como reiteradas pesquisas de coisa alguma e sem serventia para absolutamente nada, entre outros desperdícios. Com a revelação do destino dos recursos para fins meramente pessoais, sem vinculação com o interesse público, parece justo que a Câmara exija a sua devolução aos cofres públicos, acompanha de plausíveis justificativas sobre o fraco e desprezível desempenho do parlamentar. O povo precisa se conscientizar sobre a necessidade de serem extirpados da vida pública os políticos que se elegem com a exclusiva finalidade de ser profissional de si, ao invés de terem a dignidade de se tornarem servidor público para trabalhar em benefício da sociedade, tendo a preocupação de priorizar projetos em benefício da população. Urge que a sociedade exija a promoção de reformas políticas, com vistas a evitar abusos como o uso desmedido e injustificável de recursos públicos, por políticos inescrupulosos e despreparados para o exercício de cargos públicos eletivos. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 24 de janeiro de 2013

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