sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Basta de indignidade na política

Ainda repercutem com intensidade bastante negativa a posse no cargo de deputado federal por um cidadão condenado pelo Supremo Tribunal Federal, pelos crimes de formação de quadrilha e corrupção ativa, e as candidaturas de parlamentares aos cargos de presidentes das Mesas Diretoras do Senado Federal e da Câmara dos Deputados, por políticos com passado desgastado pelos seus atos considerados indignos como representantes da sociedade. No caso do Senado, não se pode admitir que um político tivesse a capacidade de aceitar, sem descaramento, que a pensão de uma filha sua fosse paga por uma grande construtora e ainda achar que isso não afetaria o seu decoro nem a sua honestidade, como se os brasileiros fossem um bando de idiotas sem vergonha na cara. Na verdade, essa forma de permissividade e de desmoralização do Congresso Nacional tem o condão de aprofundar o fosso entre a sociedade e as atividades parlamentares, contribuindo para aumentar o descrédito nos políticos, por demonstrarem coesão e apoio às desmedidas desonestidades e à falta de caráter de quem teria a obrigação de se comportar com dignidade, inclusive dando o exemplo de produtividade, austeridade, eficiência e, sobretudo, de compromisso com os interesses nacionais. Num país um pouco evoluído, os péssimos desempenhos dos parlamentares por certo sempre configuram crise institucional entre o Parlamento e a sociedade, haja vista que é esta que paga os vencimentos deles, que não fazem por justificar o custo-benefício. No Brasil, deveria haver real preocupação quanto a isso, tendo em vista os mais absurdos custos do Congresso, cuja realidade produtiva não corresponde às expectativas daqueles que os elegeram, o que traduz em evidente constrangimento quanto à existência de uma instituição apática e distanciada da importância de um país que se diz próspero e ansioso por homens públicos com capacidade para mostrar vergonha na cara, em contraposição à falta de princípios de seus pares, que preferem menosprezar os preceitos éticos, morais e constitucionais, não fazendo jus à sua eleição para o exercício de cargo tão dignificante, caso seus atuais ocupantes não contribuíssem para denigrirem sua importância. Também não se pode olvidar que a sociedade é responsável pelo desleixado comportamento dos políticos, máxime por eleger para seus representantes pessoas desqualificadas e despreparadas, que não correspondem em trabalho nem em dignidade, porque, sem cobranças por seriedade e honestidade, principalmente quanto à necessidade de produtividade, eles conseguiram institucionalizar a malandragem, indolência e indecência de somente comparecer ao Congresso três dias na semana, em afronta à classe trabalhadora, que produz e ainda ganha o miserável salário mínimo, comparável aos seus régios vencimentos. Na verdade, o Parlamento precisa com urgência de abrangente reforma, tendo por finalidade drástico enxugamento dos congressistas, com a salutar lipoaspiração da metade dos representantes do povo, como forma inteligente de fazer com que o quadro reduzido seja mais adequado à realidade brasileira, pela possibilidade de aumentar a responsabilidade individual e o encorajamento de todos, no sentido de se envergonharem no caso da pouca produtividade em benefício da sociedade. Nessa mesma linha de moralização administrativa, seria de suma importância se houvesse o despertar da dignidade para a fixação de vencimentos honestos, com a eliminação de vergonhosos auxílios, ajudas, verbas, representações e outros benefícios igualmente injustificáveis e desonestos, pelo menos, para a atual realidade parlamentar. Urge que a sociedade exija que os congressistas tenham a necessária sensibilidade para compreender que as atividades parlamentares se coadunam com a observância ao desapego aos interesses pessoais e aos princípios éticos e morais, sem descurar da obrigação de trabalhar tendo por exclusiva meta a defesa das causas nacionais, Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 10 de janeiro de 2013

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