Ainda repercutem com intensidade
bastante negativa a posse no cargo de deputado federal por um cidadão condenado
pelo Supremo Tribunal Federal, pelos crimes de formação de quadrilha e
corrupção ativa, e as candidaturas de parlamentares aos cargos de presidentes
das Mesas Diretoras do Senado Federal e da Câmara dos Deputados, por políticos
com passado desgastado pelos seus atos considerados indignos como
representantes da sociedade. No caso do Senado, não se pode admitir que um
político tivesse a capacidade de aceitar, sem descaramento, que a pensão de uma
filha sua fosse paga por uma grande construtora e ainda achar que isso não
afetaria o seu decoro nem a sua honestidade, como se os brasileiros fossem um
bando de idiotas sem vergonha na cara. Na verdade, essa forma de permissividade
e de desmoralização do Congresso Nacional tem o condão de aprofundar o fosso
entre a sociedade e as atividades parlamentares, contribuindo para aumentar o
descrédito nos políticos, por demonstrarem coesão e apoio às desmedidas
desonestidades e à falta de caráter de quem teria a obrigação de se comportar
com dignidade, inclusive dando o exemplo de produtividade, austeridade,
eficiência e, sobretudo, de compromisso com os interesses nacionais. Num país um
pouco evoluído, os péssimos desempenhos dos parlamentares por certo sempre configuram
crise institucional entre o Parlamento e a sociedade, haja vista que é esta que
paga os vencimentos deles, que não fazem por justificar o custo-benefício. No
Brasil, deveria haver real preocupação quanto a isso, tendo em vista os mais
absurdos custos do Congresso, cuja realidade produtiva não corresponde às
expectativas daqueles que os elegeram, o que traduz em evidente constrangimento
quanto à existência de uma instituição apática e distanciada da importância de
um país que se diz próspero e ansioso por homens públicos com capacidade para
mostrar vergonha na cara, em contraposição à falta de princípios de seus pares,
que preferem menosprezar os preceitos éticos, morais e constitucionais, não
fazendo jus à sua eleição para o exercício de cargo tão dignificante, caso seus
atuais ocupantes não contribuíssem para denigrirem sua importância. Também não
se pode olvidar que a sociedade é responsável pelo desleixado comportamento dos
políticos, máxime por eleger para seus representantes pessoas desqualificadas e
despreparadas, que não correspondem em trabalho nem em dignidade, porque, sem cobranças
por seriedade e honestidade, principalmente quanto à necessidade de
produtividade, eles conseguiram institucionalizar a malandragem, indolência e
indecência de somente comparecer ao Congresso três dias na semana, em afronta à
classe trabalhadora, que produz e ainda ganha o miserável salário mínimo,
comparável aos seus régios vencimentos. Na verdade, o Parlamento precisa com urgência
de abrangente reforma, tendo por finalidade drástico enxugamento dos
congressistas, com a salutar lipoaspiração da metade dos representantes do
povo, como forma inteligente de fazer com que o quadro reduzido seja mais
adequado à realidade brasileira, pela possibilidade de aumentar a
responsabilidade individual e o encorajamento de todos, no sentido de se envergonharem
no caso da pouca produtividade em benefício da sociedade. Nessa mesma linha de
moralização administrativa, seria de suma importância se houvesse o despertar da
dignidade para a fixação de vencimentos honestos, com a eliminação de
vergonhosos auxílios, ajudas, verbas, representações e outros benefícios
igualmente injustificáveis e desonestos, pelo menos, para a atual realidade
parlamentar. Urge que a sociedade exija que os congressistas tenham a
necessária sensibilidade para compreender que as atividades parlamentares se
coadunam com a observância ao desapego aos interesses pessoais e aos princípios
éticos e morais, sem descurar da obrigação de trabalhar tendo por exclusiva meta
a defesa das causas nacionais, Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 10 de janeiro de 2013
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