domingo, 27 de janeiro de 2013

Basta de desonestidades

O procurador-geral da República apresentou denúncia no Supremo Tribunal Federal contra o senador candidato à presidência do Senado Federal, no processo que tramita sob segredo de Justiça, tendo por objeto inquérito que investiga suspeitas da utilização, pelo parlamentar alagoano, de notas fiscais frias, com a finalidade de comprovar a suficiência de renda para pagar elevada pensão a uma filha que teve fora do casamento. O episódio ocorreu em 2007 e motivou a renúncia do peemedebista do comando do Senado, que preferiu fazê-la para salvar o mandato de senador. Esse cidadão, embora tenha o passado manchado por atos censuráveis e condenáveis, é aquele que o vice-presidente da República, com o propósito de apoiá-lo ao seu intento, assegurou que ele será capaz de realizar brilhante gestão no Senado, com a descarada ressalva de que os fatos irregulares envolvendo o nome dele não interferem na avaliação sobre suas pretensões de comandar o Senado. Essa forma de apoio deixa patente que os políticos brasileiros têm enorme facilidade em acobertar as deficiências malévolas de seus pares e considerá-las sem a menor importância em se tratando de projeto político, não sopesando as repercussões de suas precipitadas e igualmente irresponsáveis considerações, mas desprezando a consciência cívica da sociedade, que tem pleno conhecimento das más qualidades e dos antecedentes prejudiciais à dignidade e ao decoro dessa classe política inescrupulosa. Agora, não deixa de ser curiosa a indignação do senador diante da denúncia do Ministério Público, ao prontamente afirmar que ela "padece de suspeição e possui natureza nitidamente política", por "Trata-se de atitude totalmente incompatível com o habitual cuidado do Ministério Público no exercício de suas nobres funções", tendo em conta que, logo em seguida, ele destaca que teria solicitado as investigações ao Ministério Público e à Receita Federal, entregue, espontaneamente, os documentos – todos verdadeiros – e disponibilizado seus sigilos bancário, fiscal e telefônico. O curioso é que, se o senador realmente tivesse convicção sobre a sua inculpabilidade quanto aos fatos inquinados de irregulares, certamente ficaria tranquilo e feliz em saber que eles estão sendo apreciados pelo órgão de suma capacidade jurídica, por ser a Excelsa Corte de Justiça, que terá a competência de dar veredicto baseado nos comprovantes que o parlamentar garante que são verdadeiros. Consequentemente, como ele tem a convicção de que não há nada de errado, a decisão judicial servirá de salvo conduto aos seus corretos procedimentos e mostrará que ele teria sido injustiçado, por ter sido condenado pela sociedade por crimes inexistentes, ou seja, não teria motivo algum para ele se indignar contra a atitude do Ministério Público, quando as medidas em curso têm o condão de passar a limpo a sujeira das acusações que permanece sem explicação para a sociedade. Urge que os homens públicos se conscientizem sobre a necessidade de, em respeito à dignidade do povo brasileiro e à importância de honrar os cargos públicos eletivos, serem fiéis cumpridores de seus deveres funcionais, em estrita observância aos princípios do decoro, da ética e da moralidade. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 26 de janeiro de 2013

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