Alhures, atribuiu-se
a um general francês, mas a sua autoria é mesmo de um embaixador brasileiro, a lapidar
frase que ainda se aplica com invulgar perfeição nos dias atuais, que afirma:
"Le Brésil, ce n’est pas un pays
serieux", ou seja, "O
Brasil não é um país sério", a exemplo da posse de um corrupto no
cargo de deputado federal, que o fez com o maior descaramento e pouca preocupação
com a opinião pública, quanto à estranheza pela sua evidente falta de caráter. É
isso mesmo, o ex-presidente do PT toma posse no cargo de deputado federal, sem escrúpulo
de ter sido condenado pelo Supremo Tribunal Federal, no julgamento do mensalão,
a 6 anos e 11 meses de prisão, mais o pagamento de R$ 468 mil em multas, pelos
crimes de corrupção ativa e formação de quadrilha. Após o ato, em razão de a
sua posse ter causado questionamento, em especial por se tratar de criminoso
que ajudou a desviar dinheiro dos cofres públicos para a compra de apoio
político de parlamentares, ele foi bastante enfático, ao dizer que "Me sinto confortável porque estou seguindo
as regras da Constituição do meu país. Estou aqui cumprindo um dever legal,
correto de cumprir a legislação brasileira" e "Meu compromisso com a democracia é profundo
e radical". À toda evidência, o novel parlamentar pode até se sentido confortável,
por ocasião da sua posse no cargo tão nobilitante, porém o povo brasileiro nunca
se sentiu tão desconfortável, incomodado e ultrajado com mais um violento golpe
perpetrado por um petista contra os princípios da dignidade e honradez, quando o
seu perfil de homem pública aconselharia mais que ele tivesse seguido as salutares
regras da Constituição Federal, abdicando de assumir o citado cargo, exatamente
por não preencher os pré-requisitos de ética, moralidade e decoro, exigidos nas
normas constitucionais e legais, como condição indispensável para alguém se
habilitar de forma condigna a representar a sociedade. No momento, o que
importa mesmo é saber se o homem público que ocupa o cargo de deputado tem condição
de atender corretamente aos princípios fundamentais da moralidade, dignidade e
lisura com relação à gestão de recursos públicos, haja vista que, a princípio, o
exercício desse cargo exige conduta ilibada, ante a necessidade de fiscalizar a
execução das receitas e despesas da União, além da obrigação de legislar sobre
matérias orçamentária, financeira e patrimonial, não sendo admissível que um
condenado pelos crimes de formação de quadrilha e corrupção ativa, devidamente
comprovados por meio de provas periciais, testemunhais e documentais, possa
desempenhar, sem censura e sem questionamento, importantes funções,
consideradas de extrema responsabilidade. Na verdade, a respeitável decisão da
Suprema Corte ainda não vale para o fim de mandar o condenado para detrás das
grades, porquanto o veredicto ainda pende do trânsito em julgado, mas a
penalidade já aplicada é claríssima a confirmar, de modo irrefutável, que o
ex-presidente do PT é corrupto, por ter participado de desvio de dinheiros
públicos e isso o impede, desde já, de exercer cargos públicos, por exigirem a comprovação
da conduta ilibada, irretocável, quanto mais em se tratando de deputado
federal, pilar da democracia, por ser cadeira conquistada mediante o concurso da
vontade livre e soberana do povo. A sociedade tem o der cívico de se despertar
da ridícula letargia que aceita sem reagir à desmoralização das instituições
democráticas, não permitindo que corrupto, delinquente ou sem caráter possa
ocupar cargo público.
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 04 de janeiro de 2013
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