Provavelmente,
não há país em condição de competir com o Brasil, em termos de acidentes nas estradas
federais, causando óbitos e pessoas feridas graves, a exemplo da
progressividade dos casos ocorridos acentuadamente nos períodos tradicionais de
festas. A última estatística levantada pela Polícia Rodoviária Federal, no
feriado de Natal, registra 222 mortes nas rodovias federais em todo o país,
representando 38% superior ao mesmo período do ano passado, quando foram
contabilizados 161 mortos e 1.942 pessoas feridas, como resultado de 3.027 acidentes.
Houve queda no total de acidentes de 8,1% e do número de feridos, este em 1,1%.
Segundo o levantamento, as ultrapassagens incorretas e precipitadas causaram,
pelo menos, 30% dos aludidos acidentes fatais, devido a colisões frontais com
envolvimento de caminhões. No feriado prolongado do Natal, houve o uso do
“bafômetro” nas rodovias federais, sendo reprovados 855 motoristas por nível
alcóolico acima do permitido. Apesar de já terem sido implementadas as regras
que tornaram mais rígidas a Lei Seca, com os novos meios para identificação do
condutor alcoolizado, como o testemunho do policial, testes clínicos e vídeos,
muitos motoristas ainda insistem em dirigir alcoolizado, contribuindo para o
tráfego mais perigoso e violento. As estatísticas funestas e degradantes, que
permitem o prematuro desaparecimento de pessoas jovens, são verdadeiros
indicativos que comprovam a completa incompetência do governo, na área dos
transportes, por manipular a sociedade com propaganda enganosa pregando a
culpabilidade do motorista, ao imputar-lhe a responsabilidade pelos acidentes,
sob o maior argumento de embriaguez, imperícia, imprudência etc. Na verdade, a
causa da maioria dos acidentes nas estradas é decorrente da falta de
investimentos destinados à melhoria da malha viária, com a revitalização do
asfaltamento; à duplicação das rodovias perigosas e de tráfego intenso; à
sinalização de qualidade; ao aumento do efetivo da Polícia Rodoviária Federal,
como forma de imprimir eficiência à fiscalização nas estradas, que é sofrível e
quase inexistente, tendo em conta que a sua atuação é apenas pontual,
localizada, que pouco satisfaz ao controle dos trechos mais perigosos e de
riscos à vida dos motoristas; entre outras deficiências. Induvidosamente, caso
houvesse priorização de medidas com vistas ao saneamento dessas deficiências, muitas
ou todas as mortes nas estradas certamente seriam evitadas, poupando
importantes vidas, que são ceifadas devido à irresponsabilidade das políticas
governamentais, que sabem da gravidade das terríveis mazelas nas estadas,
conforme atestam as estatísticas oficiais, que não passam disso, mas nada é
feito para solucioná-las. Percebe-se, de forma cristalina que a situação
caótica reinante nas estradas é resultante do abandono das autoridades públicas,
que têm consciência do real diagnóstico dos problemas, em especial pela falta
de investimentos. Não adianta promover campanhas de conscientização, porque
elas são inócuas para se evitarem os acidentes e suas consequências maléficas,
e, de igual modo, não se pode culpar a ingestão de bebidas alcoólicas pelas
mortes nas estradas, porque eles existem por falta de fiscalização. Ao que se
pode Inferir, o governo aprovou a tal
da Lei Seca imaginando que ela, por si só, seria capaz de resolver os graves problemas
dos acidentes nas estradas federais, deixando de atacar a principal causa, que
é a falta de maciços investimentos, contribuindo para que as rodovias do país
sejam desgastadas e inseguras, impossibilitando o tráfego de veículos com confiança
e tranquilidade. A sociedade anseia por que as reiteradas estatísticas de pessoas
mortas e acidentadas nas estreadas, resultantes de acidentes de veículos,
sirvam de alerta para que o governo se conscientize com urgência sobre a
necessidade de investir maciçamente nas políticas de transportes públicos, com
especial enfoque para amplas melhorias da malha viária e do aparelhamento do
órgão de fiscalização rodoviária, de modo que sejam extirpados os gargalos do
sistema rodoviário causador de mortes absolutamente evitáveis. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 02 de janeiro de 2013
Nenhum comentário:
Postar um comentário