quinta-feira, 27 de junho de 2013

A corrosão da moralidade política

Uma das propostas presidenciais diz respeito à aprovação de plebiscito para consultar a população sobre os fundamentos prescindíveis à reforma do sistema político-eleitoral. A forma jurídica como viabilizá-la vem causando acirradas discussões entre os juristas, políticos e populares, porque uns entendem que seria melhor um referendo, enquanto outros preferem a fórmula clássica de plebiscito, causando verdadeiro impasse num momento em que a sociedade se encontra ávida por moralização e seriedade na política brasileira, que vive momentos conturbados, por ter atingido o auge do descrédito e da degeneração, ante o reconhecimento do arruinamento das suas bases e do ferimento dos princípios democráticos que lhe dão alicerce. Na verdade, o atual sistema político-eleitoral faliu há bastante tempo, com o apodrecimento dos princípios éticos e morais inerentes à prática política, que teve o condão de influenciar de forma decisiva a perda da qualidade dos homens públicos, que resolveram transformar as atividades públicas em verdadeiro paraíso capaz de solucionar as questões pessoais, em completo desprezo à real finalidade política de atendimento às causas públicas. Nesse contexto, não há a mínima condição de viabilização de reforma política pelos atuais parlamentares, ante a absoluta falta de sensibilidade com relação ao caos imposto por eles ao país e à sociedade. Ninguém suporta mais esse sistema político ultrapassado, totalmente defasado da modernidade e da atualidade mundial, onde os políticos têm consciência de outra realidade de humanização e sociabilização diametralmente contrária à brasileira, que ainda permite que o coronelismo eleitoral e a pior forma de fisiologismo ideológico imperem à custa da consolidação de espúrias alianças partidárias e coalizões políticas engendradas com o propósito da apoderação da máquina pública, com a exclusiva finalidade de dominação dos postos importantes da administração pública, para beneficiar e facilitar o exercício do tráfico de influência, próprio da pobreza política, e do uso dos recursos públicos, que são desviados por meio de contratações superfaturadas de obras nem sempre concluídas e de empresas criadas com essa finalidade. Diante desse desastre nacional, com a corrosão dos parâmetros da moralidade, somente resta a mobilização da sociedade, liderada por notáveis do saber jurídico, organismos representativos da sociedade civil e demais pessoas totalmente desvinculadas de partidos políticos, que não têm interesse senão no bem do país, terá condições suficientes para se incumbir de tão relevante missão de oferecer à nação um sistema político moderno e eficiente, totalmente imune à influência de interesses políticos e partidários. Além disso, suas bases ideológicas poderiam se aproximar dos melhores e mais modernos sistemas políticos mundiais, aproveitando as sadias e benéficas políticas, com adaptação das suas regras às peculiaridades e à realidade brasileiras, naturalmente fundadas nos princípios democráticos da ética e moralidade, tendo como escopo a promoção de ações políticas visando ao exclusivo atendimento do interesse público, como forma de satisfazer plenamente a verdadeira finalidade política. A sociedade anseia por que o sistema político-eleitoral seja efetivamente reformulado e atualizado, com as necessárias urgência e abrangência, tendo como principal propósito a moralização do seu funcionamento e a real possibilidade de a sua aplicação servir ao atendimento do interesse público. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 26 de junho de 2013

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