O governo do Distrito
Federal decidiu promover o evento “Brasília joga junto”, que custará nada mais
nada menos do que R$ 5 milhões e ocorrerá em paralelo à abertura da Copa das
Confederações, no próximo sábado. Foram contratados cantores sertanejos, o grupo
Revelação e a banda Asa de Águia, que se apresentarão na Esplanada dos
Ministérios, antes e depois do jogo entre as seleções de Brasil e Japão. Os
organizadores planejam a presença do público de 300 mil pessoas, no evento
programado para ocorrer entre 13h às 23h, na área defronte ao Congresso
Nacional até a Catedral. Trata-se de espetáculo grandioso, que contara
com nove telões de alta resolução para a exibição do jogo e dos shows culturais
e musicais. O público terá à disposição seis áreas de alimentação, 480
banheiros químicos e cinco áreas de atendimento ao turista. Os cachês dos
cantores e das bandas variam entre R$ 250 mil a R$150 mil, numa verdadeira
farra com recursos públicos, oriundos dos bestas dos contribuintes, que sempre
se acomodam diante de irresponsabilidades de natureza semelhante. O governador
fez questão de anunciar que “São mil e
quinhentos policiais militares trabalhando no local para garantir a proteção
das pessoas. Esses policiais vão trabalhar exclusivamente na área da festa”.
Enquanto isso, na periferia, a
criminalidade ficará ainda mais à vontade para praticar livremente suas
maldades e infernizar a sociedade. Esse evento o exemplo típico de despesas que
agridem o princípio constitucional da economicidade, do qual o gestor público
não pode se afastar de forma alguma, sob pena de cometer grave irregularidade
na execução da despesa e de estar passível a ser compelido ao ressarcimento ao
erário do valor despendido. O Tribunal de Contas do DF, a Câmara Legislativa do
DF e o Ministério Público têm o dever, no estrito cumprimento das suas
competências constitucional e legal de, incontinenti, apurar se houve algum
benefício social em decorrência do emprego de expressiva importância em despesa
com finalidade que corresponda ao interesse público, porquanto a sociedade está
sendo ostensivamente privada de serviços públicos, como satisfatório
atendimento médico-hospitalar, ensino público de qualidade, segurança pública
eficiente etc., que não vêm sendo prestados em razão da incompetência
governamental e não por falta de recursos, ante o esbanjamento de recursos
públicos em atividades diversas e nitidamente prescindíveis. O certo é que os
fatos mostram que o governo do Distrito Federal deixa de priorizar as políticas
públicas capazes de atender as carências sociais, para prestigiar shows
artísticos de efémera duração, com a exclusiva finalidade de autopromoção e
realização de capricho pessoal, à custa dos acomodados contribuintes. No caso
da vergonhosa e injustificável despesa com eventos, totalmente dispensáveis,
compete ao TCDF determinar que o governador arque com as despesas pertinentes,
pagando com o seu dinheiro o custo total do evento. Seria importante que
houvesse legislação para também amparar punição com a perda do cargo dos
envolvidos com essa insensibilidade e falta de bom sendo, deixando-os
inelegíveis pelo menos por quinze anos, pela extrapolação do princípio
fundamental da economicidade com recursos públicos. Urge que os administradores
públicos sejam responsabilizados por despesas nitidamente supérfluas e prescindíveis
e punidos com a perda dos cargos e do direito de concorrer a cargos públicos,
por determinado período, como tentativa de moralizar a aplicação de recursos públicos.
Acorda, Brasília!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 12 de junho de 2013
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