Na China, o
ex-ministro de Ferrovias pode ser condenado à morte, por ter cometido o crime
de corrupção. Ele teria recebido 64,6 milhões iuans, o equivalente a R$ 22,5
milhões em propinas, no período de 1986 a 2011. Após a revelação do escândalo,
em 2011, o acusado foi expulso do Partido Comunista chinês. Segundo as apurações,
o chinês recebeu subornos e fez uso abusivo do cargo que ocupava para beneficiar
o presidente de uma firma de investimentos a obter um "enorme lucro
ilegal" e favorecer 11 pessoas, com aumentos de salários ou atribuição de
contratos. Segundo a legislação chinesa, os atos de corrupção são considerados
altamente prejudiciais à imagem da administração púbica. No caso do crime
ex-ministro, a imagem da rede ferroviária chinesa foi sensivelmente atingida
negativamente, por se tratar de empresa bastante admirada até então, em face da
rapidez de sua construção. A agência oficial Xinhua, justificando a necessidade
da aplicação da pena de morte do corrupto, disse que seus atos causaram "importantes prejuízos às finanças públicas e
aos interesses do Estado e do povo". Na China, mesmo sabendo da
possibilidade da aplicação de pena dura, o acusado não rejeitou as acusações,
havendo apenas debates sobre as quantidades desviadas por ele. Naquele país, que
é um dos mais corruptos do mundo, as campanhas contra o crime de corrupção são
permanentes, a cargo do governo e das lideranças do país, que não descuram
disso, como deixou claro seu presidente, que, ao assumir o cargo em março, se
comprometeu a lutar contra a corrupção em todos os níveis, por entender que se
trata de problema que afeta o futuro do Partido Comunista. Comparando o
tratamento dispensado aos corruptos pelo governo chinês com as punições
aplicadas no Brasil, verifica-se que a China, ao sabiamente pretender cortar o
mal pela raiz, com a terrível eliminação da vida deles, demonstra verdadeiro “atraso”
na sua forma de encarar esse câncer contra a administração pública, embora se trate
da sua forma prática de fazer Justiça com aqueles que desviam recursos públicos
ou cometem infringência aos princípios da administração pública. O governo da
China deveria ser mais “justo, sensato e evoluído”, ao se espelhar na maneira
“aperfeiçoada e exemplar” de punição dos corruptos no Brasil. No país
tupiniquim, os corruptos gozam de privilégios e podem formar quadrilha dentro
do governo e praticar as piores falcatruas, desonestidades, cafajestagens,
inclusive comprar a consciência de congressistas para aprovar projetos do
governo no Congresso Nacional, abusando livremente de recursos públicos, escassos
nas ações e políticas públicas, mas em compensação são “punidos severamente”
com a manutenção nos cargos públicos, a assunção no cargo de deputado, a aclamação
como verdadeiros heróis nas convenções partidárias e salvadores da pátria, com
direito a perdão, se forem afiliados a partido político. No país tupiniquim, os
corruptos se beneficiam das benesses governamentais, dos órgãos públicos, das
empresas estatais e dos recursos públicos, mas quando são denunciadas as
irregularidades, eles apenas negam envolvimento com as sujeiras e culpam
perseguição da mídia e da oposição, dando o caso por encerrado, ou seja, ao
invés de punição, os corruptos são premiados com afagos pelo governo ou pelos
partidos a que pertencem. A desmoralização das instituições públicas, liderada
pelos partidos dominantes, desaguaria indubitavelmente no caos do país e
suscitaria as incontroláveis manifestações da sociedade insatisfeita com o desastroso
rumo da desordem, que é apenas coerente com a banalização da incompetência governamental,
que deve assumir a sua fraqueza e a culpa por esse lamentável episódio. A
sociedade anseia por que sejam aprovadas, com urgência, penas duras contra os
crimes de corrupção, como forma de intolerância contra irregularidades com
dinheiros públicos e possibilitar severa e exemplar punição aos corruptos e
limpeza da imagem, no dizer do regime chinês, da administração pública
brasileira, servindo de lição para que se evite a incidência de fatos danosos ao
erário e ao interesse público. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 17 de junho de 2013
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