A presidente da República
propôs aos governadores e aos prefeitos das capitais a adoção de cinco pactos
nacionais, consistindo na responsabilidade fiscal, reforma política, saúde,
transporte, e educação, em atendimento aos clamores das manifestações dos protestos
por melhorias da qualidade de vida das pessoas. Ela também sugeriu a convocação
de um plebiscito popular com vistas à autorização de Constituinte exclusiva
para promover reforma política. A presidente propõe a classificação como crimes
hediondos os atos de corrupção, para penalizar severamente os corruptos. As
medidas integram o Pacto Nacional estabelecido pelo governo, com a participação
dos estados e municípios, para melhorar, com urgência, as áreas política,
saúde, transporte público, economia e educação. Sem adentrar nos detalhes dos
planos de ação, a presidente disse que pretende a manter o rigor da responsabilidade
fiscal para garantir a estabilidade econômica, ante a crise econômica mundial. Parece
ficar muito claro que a incompetência e o descaso palacianos,
demonstrados há mais de dez anos, sem a mínima sensibilidade para com as causas
nacionais e muito menos com as crônicas precariedades das políticas sociais,
salvo com relação ao programa Bolsa Família, seriam despertados tão velozmente
diante do clamor público se não fossem as ameaças da poderosa Fifa de realizar
a Copa do Mundo de 2014 em outro país, devido às ondas de violência eclodidas
nos últimos dias, que deixaram a cartolagem desesperada sobre a efetiva
condição de o Brasil garantir segurança à realização da copa e aos turistas.
Nesse caso, o governo vislumbrou a real possibilidade de ficar vendo estrelas,
com a perda do maior sonho petista de realizar grande evento no Brasil, jogando
no lixo, em definitivo, o já considerado desperdício dos suntuosos gastos com
as fantásticas obras de reforma e construção de faraônicos estádios de futebol
de fazer inveja aos melhores do mundo, cujos recursos despendidos neles poderiam
ter sido bem aproveitados na construção de casas populares, hospitais, escolas,
estradas, no saneamento básico, nas obras contra a seca etc. No momento,
enquanto se realiza a Copa das Confederações no país, o governo tem todo
interesse de fazer algo diferente do seu tradicional marasmo administrativo e
correr contra o tempo, para mostrar que tem capacidade para controlar a fúria
das manifestações, procurando atender algumas reivindicações da sociedade, para
que, na época da copa, as feras estejam calminhas. É curioso que a
maioria das medidas constantes do pacto anunciado pela mandatária tupiniquim é
incumbida à responsabilidade de outras esferas de governo, como se a União não
tivesse a obrigação de sanear as graves situações prejudiciais à eficiência da
gestão pública. Nesse particular, a presidente não fez referência à premente
redução do número de ministérios para a metade; à moralização do gerenciamento
dos órgãos públicos e empresas estatais, com a indicação de pessoas técnicas e qualificadas
para dirigi-los; à eliminação das coalizões espúrias com partidos políticos,
que se juntam ao governo para se beneficiar do uso do tráfico de influência e
de recursos públicos; à diminuição de seguidas viagens para o exterior, com
descomunal comitiva, sempre hospedada em hotéis luxuosos e caros; entre outras
medidas que podem partir dela, como forma de dar o exemplo aos demais órgãos da
administração publica. Há evidência de que, em resposta à brusca
queda da popularidade da presidente, associada aos gigantescos protestos contra
a situação caótica da administração pública, consistente na desmoralização das
alianças imorais com partidos políticos, com cunho meramente fisiológico e
interesseiro, em ostracismo às prioridades sociais, como saúde, segurança,
transporte, educação etc., na inexistência de reformas estruturais etc., o governo
procura atrair o foco das atenções para tão somente evidenciar a sua
incompetência, pois as medidas anunciadas já deveriam ter sido adotadas há
muito tempo, não agora, após a pressão social. A sociedade anseia por que a
Presidência da República, o Congresso Nacional e o Judiciário, em atenção aos
clamores populares, se conscientizem realmente sobre a premência das soluções das
mazelas sociais e dos problemas estruturais que estão travando o
desenvolvimento do país e prejudicando a qualidade de vida do povo, os quais,
não fossem a incompetência e o descaso, já deveriam ter sido removidos há
bastante tempo, considerando a demonstração de boa vontade das autoridades públicas,
que agora estão se mobilizando para adotar as medidas da sua alçada. Acorda,
Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 12 de junho de 2013
Nenhum comentário:
Postar um comentário