terça-feira, 25 de junho de 2013

Enfim, surge a competência, por quê?

A presidente da República propôs aos governadores e aos prefeitos das capitais a adoção de cinco pactos nacionais, consistindo na responsabilidade fiscal, reforma política, saúde, transporte, e educação, em atendimento aos clamores das manifestações dos protestos por melhorias da qualidade de vida das pessoas. Ela também sugeriu a convocação de um plebiscito popular com vistas à autorização de Constituinte exclusiva para promover reforma política. A presidente propõe a classificação como crimes hediondos os atos de corrupção, para penalizar severamente os corruptos. As medidas integram o Pacto Nacional estabelecido pelo governo, com a participação dos estados e municípios, para melhorar, com urgência, as áreas política, saúde, transporte público, economia e educação. Sem adentrar nos detalhes dos planos de ação, a presidente disse que pretende a manter o rigor da responsabilidade fiscal para garantir a estabilidade econômica, ante a crise econômica mundial. Parece ficar muito claro que a incompetência e o descaso palacianos, demonstrados há mais de dez anos, sem a mínima sensibilidade para com as causas nacionais e muito menos com as crônicas precariedades das políticas sociais, salvo com relação ao programa Bolsa Família, seriam despertados tão velozmente diante do clamor público se não fossem as ameaças da poderosa Fifa de realizar a Copa do Mundo de 2014 em outro país, devido às ondas de violência eclodidas nos últimos dias, que deixaram a cartolagem desesperada sobre a efetiva condição de o Brasil garantir segurança à realização da copa e aos turistas. Nesse caso, o governo vislumbrou a real possibilidade de ficar vendo estrelas, com a perda do maior sonho petista de realizar grande evento no Brasil, jogando no lixo, em definitivo, o já considerado desperdício dos suntuosos gastos com as fantásticas obras de reforma e construção de faraônicos estádios de futebol de fazer inveja aos melhores do mundo, cujos recursos despendidos neles poderiam ter sido bem aproveitados na construção de casas populares, hospitais, escolas, estradas, no saneamento básico, nas obras contra a seca etc. No momento, enquanto se realiza a Copa das Confederações no país, o governo tem todo interesse de fazer algo diferente do seu tradicional marasmo administrativo e correr contra o tempo, para mostrar que tem capacidade para controlar a fúria das manifestações, procurando atender algumas reivindicações da sociedade, para que, na época da copa, as feras estejam calminhas. É curioso que a maioria das medidas constantes do pacto anunciado pela mandatária tupiniquim é incumbida à responsabilidade de outras esferas de governo, como se a União não tivesse a obrigação de sanear as graves situações prejudiciais à eficiência da gestão pública. Nesse particular, a presidente não fez referência à premente redução do número de ministérios para a metade; à moralização do gerenciamento dos órgãos públicos e empresas estatais, com a indicação de pessoas técnicas e qualificadas para dirigi-los; à eliminação das coalizões espúrias com partidos políticos, que se juntam ao governo para se beneficiar do uso do tráfico de influência e de recursos públicos; à diminuição de seguidas viagens para o exterior, com descomunal comitiva, sempre hospedada em hotéis luxuosos e caros; entre outras medidas que podem partir dela, como forma de dar o exemplo aos demais órgãos da administração publica. Há evidência de que, em resposta à brusca queda da popularidade da presidente, associada aos gigantescos protestos contra a situação caótica da administração pública, consistente na desmoralização das alianças imorais com partidos políticos, com cunho meramente fisiológico e interesseiro, em ostracismo às prioridades sociais, como saúde, segurança, transporte, educação etc., na inexistência de reformas estruturais etc., o governo procura atrair o foco das atenções para tão somente evidenciar a sua incompetência, pois as medidas anunciadas já deveriam ter sido adotadas há muito tempo, não agora, após a pressão social. A sociedade anseia por que a Presidência da República, o Congresso Nacional e o Judiciário, em atenção aos clamores populares, se conscientizem realmente sobre a premência das soluções das mazelas sociais e dos problemas estruturais que estão travando o desenvolvimento do país e prejudicando a qualidade de vida do povo, os quais, não fossem a incompetência e o descaso, já deveriam ter sido removidos há bastante tempo, considerando a demonstração de boa vontade das autoridades públicas, que agora estão se mobilizando para adotar as medidas da sua alçada. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 12 de junho de 2013

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