sexta-feira, 21 de junho de 2013

O despertar da eterna letargia

O Partido dos Trabalhadores faz questão de não entender sobre o sentimento de repúdio do povo brasileiro ao desgoverno de quem, há mais de doze anos, encontra-se no comando do mais importante cargo do país. A cúpula do PT resolveu determinar a participação de seus militantes nas manifestações de protestos que invadem o país. O partido, que se manteve distante das discussões sobre a tarifa de ônibus, decidiu que os militantes devem participar “abertamente” dos protestos, com camisetas, bandeiras e tudo o mais que possa mostrar o seu engajamento junto aos manifestantes. O partido justifica seu envolvimento nesse processo alegando que ele “nasceu dos movimentos sociais”, como “instrumento da luta por uma sociedade igualitária”. Além de ignorar de forma flagrante que os manifestantes refutam ao máximo a associação dos partidos políticos nos protestos, o PT faz questão de ressaltar, em nota, que o governo petista implantou modelo de desenvolvimento econômico e social no país, considerado, pasmem, “a maior revolução social da nossa história e uma das maiores do mundo”, com a saída de 36 milhões de brasileiros da miséria e a ascensão social de outros 40 milhões. Foram gerados 19 milhões de empregos. Houve acesso da juventude a programas que ofereceram perspectivas de futuro. “O Brasil apresentou queda vertiginosa no desemprego de jovens de 22% para 13%. Hoje o Brasil é referência para grandes potências no enfrentamento à crise internacional com capacidade de gerar justiça social. Rompemos com a submissão internacional e os governos Lula e Dilma deram início à construção da autoestima do povo brasileiro”. Na conclusão da nota, o PT convoca os filiados e militantes para a defesa dos ”movimentos sociais e suas legítimas manifestações, também cumprindo nosso papel histórico de liderar os movimentos pela construção de uma sociedade justa e igualitária, inspirada no sonho de uma sociedade socialista”. Esse sonho vem gerando verdadeiro pesadelo para muitos países que implantaram o socialismo, onde, em alguns deles, não têm nem papel higiênico para limpar as obras dos seus ditadores. Não há dúvida de que o PT parece querer reviver seu passado histórico, quando, nos primórdios, não existia, quiçá no universo e nas galáxias, partido mais ético do que ele, princípio, aliás, propalado tão somente da boca pra fora, porque, na prática, o que a sociedade agora exige nas ruas, em especial a moralização, a competência e sobretudo o respeito aos princípios da honestidade e das priorização das políticas públicas saudáveis em benefício da sociedade, até foram sua principal bandeira quando do seu nascedouro, que clamava por decência na administração pública e, de tanto apregoar a moralização da política, a sociedade empenhou seu aval ao partido que cometeu o maior calote da história republicana, ao se aliar aos protagonistas da pior politicagem criticada pelo então todo puro e ético partido que ruiu tão logo tomou gosto pelo poder. O resultado da desmoralização e incompetência na administração do país ressoa de Norte a Sul, fazendo com que a sociedade extrapolasse seu limite de tolerância com os desmandos e explícitos conchavos políticos. A sociedade resolveu expor, de forma incisiva, a justa indignação contra o governo ineficiente, inoperante e incapacitado para apresentar ao país programas com objetivos definidos para priorizar as políticas públicas em benefício social, como saúde pública eficiente, educação de qualidade, segurança pública com efetividade, saneamento básico abrangente, sistema de transportes eficiente etc.; exterminar o espúrio fisiologismo crônico na administração pública; promover as reformas estruturais reclamadas há séculos, como mecanismo de modernização e desenvolvimento o país, principalmente no que tange ao parque industrial, que falece dia a dia com o insuportável peso do custo Brasil; e solucionar prioritariamente as questões que vêm contribuindo para que a 6ª economia mundial seja apenas referência para os outros países não seguirem os métodos de politicagem e de desgoverno, que vêm prestando o maior desserviço ao desenvolvimento socioeconômico. A nota do PT demonstra total insensibilidade aos reais protestos dos brasileiros contra o despreparo e a incompetência do seu governo, quando o povo, em sentimento contrário, clama por moralidade e priorização para a solução das mazelas do país. Como é próprio do PT, a sua nota deixa entender que os protestos nada têm com a forma inescrupulosa de coalizão envolvendo o loteamento de órgão e empresas públicos entre os partidos aliados; a leniência com a corrupção; o inchamento da máquina pública, servindo de cabide de empregos; a prática nada parcimoniosa com o emprego dos recursos públicos etc., por preferir ressaltar que o seu governo rompeu com a submissão internacional e deu "início à construção da autoestima do povo brasileiro", como se outros governos ineficientes não fossem capazes de fazer algo bem melhor, com tanta dinheirama à disposição. As manifestações, ao contrário do que ressalta o PT, exaltam com bastante ênfase o sentimento de um povo completamente decepcionado e insatisfeito com a gestão desastrosa do país, pelo explícito conluio engendrado entre os partidos dominantes, fazendo indevido uso de recursos públicos, com a finalidade da manutenção no poder. A sociedade clama, com urgência, pelo fim da politicagem contrária aos interesses nacionais e pela efetividade de medidas capazes de acolher os reais anseios da população, que enfim é despertada da inglória letargia, que impossibilitava a sua conscientização sobre os graves problemas nacionais e má gestão dos recursos públicos. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 20 de junho de 2013

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