A atrocidade que se
alastra tranquilamente no país contabiliza mais uma vítima. Trata-se da morte do
dentista que foi queimado vivo após tentativa de assalto, quando trabalhava no
seu consultório, em São José dos Campos (SP). O bárbaro crime ocorreu no último
dia 27, quando dois bandidos encapuzados invadiram seu consultório e, não encontrando
dinheiro no local, resolveram atear fogo no corpo do profissional, resultando queimaduras
em 60% do seu corpo e lesões, na maioria, de terceiro grau. Os monstros fugiram
sem levar nada e até o momento a polícia ainda não tem vestígio dos seus rastros.
É mais um crime desumano perpetrado contra um dentista, que perde a vida ainda
jovem, em plena mocidade profissional, enquanto os bandidos continuam livres e
praticando crueldades. Essa terrível onda de violência aterroriza a sociedade,
que apenas tem o direito de se escandalizar com a potencialização do injustificável
beneplácito das autoridades incumbidas de cuidar da segurança pública do país, com
suas escancaradas inércia e omissão, ao deixarem de fazer algo para combater com
eficiência a criminalidade, cada vez mais encorajada e robustecida com a
certeza da impunidade. Ante a evidente prova de que as sucessivas tragédias não
são capazes de sensibilizar os governantes, que não têm interesse em assumir a
responsabilidade que lhes é atribuída pela Constituição Federal, de proteger e
propiciar segurança pública aos cidadãos, é de bom alvitre que a sociedade se
organize e se mobilize, com urgência, na busca de mecanismos capazes de combater
a chaga que consegue não somente infernizar a população, mas sobretudo impedir
a conscientização das autoridades púbicas sobre a necessidade da adoção de políticas
prioritariamente destinadas à segurança
das pessoas. Não deixa de causar estranheza a presidente da República se
vangloriar de ter inaugurado vários estádios, aproveitando para blasonar que o
governo tem capacidade para realizar as obras destinadas à Copa do Mundo de
Futebol, embora tivessem sido gastas montanhas de dinheiro dos bestas dos
contribuintes para realizá-las, envolvendo inclusive contratações
superfaturadas. A um ano desse evento, as autoridades policiais já estão
planejando com eficiência e investindo maciçamente na organização dos jogos e na
segurança das pessoas que vão participar das efemeridades, onde serão arregimentados,
para as localidades próximas dos estádios, muitos policiais (militar, civil,
forças armadas, polícia federal, bombeiros etc.), maravilhosamente armados até
os dentes, com equipamentos modernos (aviões, metralhadoras, tanques, revólveres
etc.). Em contraposição à garantia da segurança máxima para a Copa, o resto da
população, não participante dos eventos, continuará esquecido e relegado a
planos secundários, não havendo qualquer medida capaz de garantir o mínimo de proteção
e tranquilidade. Talvez a explicação para tanto desprezo à segurança da sociedade
esteja no fato de haver bastante conforto e plena proteção proporcionados aos
governantes nos palácios oficiais, onde a paz reina com o completo
aparelhamento de guarda e vigilância nos mais remotos lugares, não havendo o
mínimo risco de incômodo por parte dos perigosos bandidos, que preferem agir
maldosamente e com toda facilidade contra a parte desprotegida da população,
que, pasmem, mantém, mediante escorchantes tributos, o bem-estar das
autoridades. Urge que a sociedade reaja com rigor contra a indigna inércia dos governantes
sobre a sua irresponsabilidade perante a incumbência constitucional de protegê-la
e exija das autoridades públicas a adoção de medidas eficientes e capazes de,
pelo menos, amenizar a intolerável criminalidade que grassa com ímpeto e impiedosamente
no país. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 03 de junho de 2013
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