Aparentando
preocupação diante da queda de popularidade, conforme revela pesquisa de
opinião pública, em razão do fracasso das políticas fiscal e econômica, que vem
possibilitando o crescimento da inflação e o frágil desempenho do Produto
Interno Bruto, entre outros péssimos resultados da gestão econômica, a
presidente da República inspirou-se em personagem de Camões em “Os Lusíadas”, o
Velho do Restelo - figura pessimista que não cessava de maldizer as aventuras
de Vasco da Gama rumo às índias - para denunciar os “velhos do Restelo” que agora
vêm importunando, no seu entender, o governo com maus prognósticos para a
economia, chamando-os de “levianos”. No discurso de lançamento do programa Minha
Casa Melhor, a presidente, de repente, levantou o tom da voz quando se dirigiu
aos pessimistas do Brasil: “O Velho do
Restelo vivia dizendo: ‘Não vai dar certo, não vai dar certo... ’. Pois eu
queria dizer a todos os brasileiros: não há a menor hipótese de que o meu
governo não tenha uma política de controle e combate à inflação”. Para ela,
os críticos à política econômica comentem “Leviandade
política grave, porque ela não afeta a pessoa, ela afeta um país”. Segundo
a presidente, “a situação real em que o
Brasil vive é de inflação e contas públicas sob controle”. A manifestação
da mandatária tupiniquim denota evidente desespero, porque o seu desempenho
econômico atinge nível crítico, devido ao insucesso das medidas adotadas, que
não conseguiram turbinar o pretendido crescimento da economia. As margens de
manobra para a promoção de políticas fiscais destinadas a favorecer o
arrefecimento do mercado estão, agora, limitadas ao controle dos gastos público,
que é algo que o governo jamais pensa em fazê-lo. As badaladas desonerações
promovidas em setores empresariais, eleitas aleatoriamente para beneficiar
determinadas situações, exauriram o poder de recuperação da economia que delas se
esperavam. O governo, como de hábito e
isso não é novidade, sofre da síndrome da miopia crônica, não querendo enxergar
a realidade dos fatos e principalmente o desempenho das suas políticas fiscal e
econômica, preferindo acusar os críticos. No Estado Democrático de Direito, é
mais do que natural que sujam as críticas, apontando as falhas e fragilidades
gerenciais que possam prejudicar ou refletir no desenvolvimento da nação e nas
condições de vida dos brasileiros. Cabe ao governo contestar comprovadamente as
acusações, mas, ao contrário disso, o seu revide evidencia rechaço aos fatos,
com se a gestão do país estivesse imune à imperfeição e à crítica e se o seu
desempenho dispensasse avaliação dos especialistas, que apenas vêm se manifestando
com base em resultados reais e irrefutáveis. Na verdade, leviandade, dita pela
presidente, é justamente insistir em não querer enxergar o óbvio, a realidade
da economia que claudica, patina e não consegue ultrapassar a barreira da
incompetência gerencial do país, principalmente pela crônica falta de reformas
estruturais, que funcionariam para eliminar os gargalos que impedem, em
especial, a competitividade da produção nacional. O governo tem enorme
dificuldade para entender que o custo Brasil tem sido seu principal adversário,
contribuindo para travar o progresso do país e, por via de consequência, o seu
desempenho, que tem sido sofrível e de pouca credibilidade, permitindo não
somente a ressurreição do personagem do Velho Restelo, mas a análise realista
sobre o que acontece objetivamente com a atual economia brasileira. Urge que,
para o bem da nação, o governo tenha a humildade e dignidade de também enxergar
as verdades e obviedades sobre a sua gestão, aceitando com naturalidade as
observações acerca do seu desempenho, principalmente nas políticas fiscal e
econômica, de modo que sejam corrigidas possíveis imperfeições que impedem melhor
e mais rápido desenvolvimento do país. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 14 de junho de 2013
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