quarta-feira, 12 de junho de 2013

Leniência com a impunidade

A Câmara dos Deputados aprovou a ampliação da pena mínima de cinco para oito anos para traficantes no comando de organizações criminosas, consideradas para tanto como a associação de quatro ou mais pessoas objetivando a obtenção de vantagens na prática do crime. Além desse principal ponto do projeto, que foi aprovado sob a justificativa de conter a "epidemia" das drogas no país, foram estabelecidas diretrizes para a internação involuntária e o uso das comunidades terapêuticas no tratamento dos usuários de drogas, entre outras mudanças. Embora a aprovação do projeto tivesse contado com o aval do Palácio do Planalto, houve significativa derrota para o PT, que tentou, sem sucesso, adiar a sua votação e derrubar o aumento de pena para traficantes previsto no projeto. A internação dos usuários de drogas em hospitais pode ser feita de duas maneiras: a voluntária, que tem o consentimento do dependente, e a involuntária, que pode ser por pedido formulado pela família, pelo responsável ou de servidor público que não seja da área de segurança. Em que pese de ter recebido apoio da Casa Civil da Presidência da República, o projeto recebeu fortes críticas de integrantes da área técnica dos Ministérios da Saúde e da Justiça, por temerem que a internação involuntária passe a ser a principal alternativa para o tratamento. Isso evidencia a completa falta de sintonia dos órgãos governamentais, que não estão ainda preparados adequadamente para lidarem com questão de tamanha relevância social, motivando certamente dificuldade na condução do tratamento dos usuários de drogas. No que diz respeito ao aumento da pena, custa a acreditar que os deputados ocupem precioso tempo para examinar e aprovar pena de oito anos para traficantes de organizações criminosas, os chamados chefes de quadrilhas, quando a condenação mais apropriada, que ainda é leve, seria de prisão perpétua, no mínimo, para que a sociedade ficasse livre em definitivo dos narcotraficantes, que não fariam falta ao convívio social. Portanto, a pena de oito anos, que o PT se posicionou contra, jamais pode ser considerada dura como entendem os demais parlamentares. No Brasil, há bastante dificuldade na precisa definição das leis penais, ficando a decisão, em muitos casos, ao talante da consciência e sensibilidade do juiz, prejudicando a aplicação de penas mais duras. Em coerência com as atitudes de leniência do governo com a impunidade, não importando a origem do crime de corrupção, narcotráfico etc., os parlamentares petistas se posicionam contra o endurecimento das leis, no caso, para oito anos de prisão para traficantes, o que significa que, tanto o governo como o seu partido não têm interesse em combater a criminalidade com os rigores da lei. Não há dúvida de que causa enorme estranheza que o PT tenha se posicionado contra o aumento de pena para os traficantes, cujas atividades ilícitas são causa do aumento da violência e potencialização da criminalidade, que afeta profundamente a sociedade desprotegida, mas é capaz de atingir a fraca sensibilidade dos integrantes do partido do governo, certamente por contarem com plena segurança garantida pelos otários dos contribuintes. Essa defesa explícita da bandidagem pode explicar o motivo pelo qual a criminalidade foi incrementada no país nos últimos anos, justamente por não haver interesse do governo nem política de efetivo combate à delinquência. Urge que a sociedade repudie com veemência o desinteresse do governo de combater a criminalidade e exija que, na forma prevista na Carta Magna, sejam aprovadas penas duras para punir exemplarmente a criminalidade, de modo que a população possa voltar a viver em harmonia com a segurança que nunca deveria ter sido usurpada pela omissão das autoridades públicas. Acorda, Brasil!  
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 11 de junho de 2013

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