Em razão da viagem do
governador de São Paulo a Paris, o ministro e vice-governador desse estado
conseguiu da presidente da República a exoneração do cargo de titular da
Secretaria da Micro e Pequena Empresa, que funciona em Brasília, conforme ato publicado
em edição extra do Diário Oficial da União. Essa esdrúxula manobra viabiliza
que o vice-governador de São Paulo assuma interinamente o governo estadual, na
ausência do titular, que irá à França participar da apresentação da candidatura
da maior cidade brasileira à sede da Expo 2020. A exoneração atende “pedido” do
ministro, que deixa o cargo temporariamente e pode assumir o governo de São
Paulo, mas ele voltará ao ministério mediante nova nomeação pela presidente, no
regresso ao país do governador. A manobra suja se baseia em parecer da
Advocacia Geral da União, que teria suscitada a possibilidade da acumulação dos
cargos de vice e ministro desde que ele deixasse a pasta federal quando tivesse
que assumir interinamente o governo de São Paulo. Os atos de exoneração e nova
nomeação para o cargo de ministro não passa de verdadeiro atestado da ambição
humana, com o misto de promiscuidade que somente deve acontecer por meio de
conchavos alinhavados por políticos que menosprezam os princípios ideológicos e
democráticos que deveriam primar os interesses dos homens públicos, porquanto
os governos envolvidos são de partidos distintos. Nunca o ditado popular de que
quem ver cara não ver coração foi tão apropriado para o caso desse inescrupuloso
cidadão, que acaba de protagonizar estranho episódio na administração pública, ao
confirmar o fiel retrato da prática da pior politicagem tupiniquim, onde os
políticos prometem respeito à ética, honestidade, enfim, observância aos
princípios morais ínsitos dos homens públicos, mas, n realidade, cada
procedimento deles somente confirma, sem novidade, que são todos iguais em
mentalidade pública, ao porem seus interesses acima de qualquer princípio ético
e suas vocações políticas exclusivamente em função do poder, como comprova o
caso em comento. Como se já não bastasse aquele ministério ter sido criado em
troca do apoio do partido do ministro aético, o governo com um pouco de
responsabilidade ética e moral se envergonharia de cometer ilicitude tão
indigna, politicamente falando, porque isso demonstra desvio de conduta de
retidão que não se coaduna com os propósitos da administração pública, que se fundamenta,
entre outros princípios, na legalidade, moralidade e completa ausência de atos
suspeitos de desvio ético. Um país sério, com pretensões de conquistar respeito
em decorrência dos procedimentos dos seus governantes, não pode permitir que os
homens inescrupulosos e irresponsáveis engendrem fórmulas mágicas capazes de
distorcer as ações morais e éticas a seu bel-prazer, em detrimento dos princípios
edificantes da democracia. Aliás, essas manobras escandalosas são próprias de
governos de republiquetas das bananas, onde as regras da administração pública são
formuladas para o atendimento das necessidades casuais e momentâneas dos
interesses da politicagem dominante, em menosprezo aos princípios que regem o
interesse público. Convém que esse lamentável fato sirva para que a sociedade
se conscientize sobre a real necessidade de o voto se tornar importante para a valorização
dos princípios éticos, mediante o expurgo da vida pública das pessoas despreocupadas
e deselegantes quanto ao cumprimento dos preceitos indispensáveis ao engrandecimento
dos sentimentos de moralização da administração pública e ao fortalecimento da
democracia. Acorda,
Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 07 de junho de 2013
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