sábado, 1 de junho de 2013

O indesejável regresso dos corruptos


Segundo reportagem da rádio CBN, alguns servidores que tinham sido exonerados do Ministério da Agricultura, por suspeita de corrupção, são agora reintegrados ao órgão, para exercerem cargos de confiança, na gestão do novo ministro. Esse fato consta de denúncia encaminhada por servidores do órgão ao Ministério Público Federal, que vem investigando o episódio. Um dos servidores chefiava a Coordenação de Produtos de Uso veterinário, que foi exonerado por ocasião da “faxina” no ministério, em decorrência dos escândalos envolvendo a gestão, que resultaram na exoneração do então titular. Embora a sindicância pertinente ainda não tenha chegado ao fim das investigações, o servidor considerado suspeito de ter cometido atos irregulares foi nomeado para exercer função de chefia, de forma privilegiada, por se tratar de cargo de maior importância do que o anterior de diretor do Departamento de Fiscalização. Pesa contra o servidor denúncia de ter favorecido empresas na liberação de novos produtos, tendo beneficiado, pelo menos, quatro companhias mediante o esquema descoberto, que conseguiram registro de produtos em tempo recorde e, o mais grave, sem necessidade de análise técnica, mesmo diante dos alertas do setor sobre o risco à saúde animal e até humana. Outro servidor investigado chefiou o Departamento de Fiscalização na gestão do ministro exonerado por corrupção, mas continua trabalhando no setor de produtos veterinários. A aludida denúncia aponta ainda suposto favorecimento a empresas e que estariam sumindo, dentro do setor de registro no Ministério da Agricultura, processos de empresas que não fazem parte do esquema arquitetado por servidores suspeitos de corrupção. As irregularidades envolvendo aquele órgão estão sendo investigadas pela Controladoria Geral da União, desde 2011, tendo sido verificado prejuízo envolvendo o pagamento de serviços de consultoria considerados desnecessários, que montam a mais de R$ 1 milhão.  O Ministério Público também já moveu ação na justiça federal contra o ex-ministro da Agricultura e mais 11 pessoas, com vistas ao ressarcimento de prejuízos causados aos cofres públicos, no valor de R$ 3 milhões, em razão de fraude em licitação. As investigações vêm confirmando as graves irregularidades que reinavam placidamente no Ministério da Agricultura, agravada pela inescrupulosa infiltração de lobistas, que atuavam no órgão, mantendo sala de trabalho contígua ao gabinete do ministro. Os resultados das apurações também constataram fortes indícios de que o sistema agia livremente em favorecimento a empresas, com a rápida liberação do registro de novos produtos, que também não passavam pelos indispensáveis exames quanto às exigências de ordem técnica, segurança e qualidade, deixando de ser observada a exigência de risco à saúde humana ou de animal. As novas denúncias suscitam a possibilidade de que ainda estejam havendo irregularidades naquele ministério, em razão da participação de servidores que tinham sido afastados após a queda do ministro considerado corrupto. Urge que as apurações sobre irregularidades no serviço público sejam promovidas com maior profundidade e celeridade, não permitindo que a sua conclusão se prolongue indefinidamente em prejuízo da verdade e da limpeza ética e moral na administração pública, com vistas à pronta reparação dos prejuízos causados aos cofres públicos e o afastamento dos servidores corruptos, contrários ao interesse público. Acorda, Brasil!

 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 

Brasília, em 31 de maio de 2013

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