segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Mediocridade dos partidos políticos

Com a meta de aumentar a bancada de deputados na Câmara dos Deputados e, por via de consequência, ter mais tempo de TV nas próximas eleições, o PRB centrou os esforços para atrair estrelas e celebridades em atividade na televisão para participar da eleição do próximo ano. Com essa finalidade, o partido resolveu pela criação de programa de treinamento para os novos filiados, com a participação de assessoria especializada para a montagem de projetos políticos, antes do início da campanha. Deverão ser criados núcleos específicos para tratar dessa matéria. Nos quadros da agremiação, já figuram importantes figuras do mundo artístico e a tendência é que outras se juntem a elas. Os futuros candidatos vão se especializar nas suas áreas de atuação, como estilismo, transporte, saúde, educação, esporte, direito do consumidor e outras com as afinidades dos novos políticos. Não há dúvida de que a mais visível tendência deste país é se afundar cada vez mais na mediocridade das ideias políticas, em clara demonstração de quem está se dirigindo em contramão da história contemporânea, que registra conquistas em benefício da humanidade, conquanto os partidos políticos organizam-se em busca de seu crescimento, objetivando aumentar posições políticas, sem nenhuma intenção de melhoria social. A medida destinada a atrair celebridades para o partido é manifestação mais evidente de que não há nisso nenhuma preocupação com a competência e a responsabilidade sobre os verdadeiros destinos do país, que não pode progredir se seus políticos não se esforçam para que as atividades públicas, desempenhadas pelos homens políticos, sejam purificadas e aperfeiçoadas, como instrumento indispensável ao fortalecimento democrático. A notória crise política, patenteada com a indignidade do desempenho dos políticos em atividade, exige, ao contrário do adotado pelo PRB, rigorosa seleção de bons cidadãos, com disposição para fazer política em benefício da sociedade. O momento é mais do que oportuno para o aparecimento de homens públicos devotados exclusivamente às causas da população, em firme disposição para lutar contra a vergonhosa avalanche das causas puramente eleitoreiras, que contradizem os salutares fins democráticos e contribuem tão somente para o aprofundamento da inferioridade e ruindade das práticas políticas, em explícito desserviço aos interesses do país. Enquanto no resto do mundo os países primam para a implantação de medidas em consonância com as conquistas e os avanços científicos, tecnológicos e democráticos, nas terras tupiniquins os homens públicos se inspiram em iniciativas de retrocesso, com o objetivo de atrair para suas hostes artistas e profissionais de destaque na sociedade, que não têm afinidade com a política, em contraposição aos princípios essenciais da democracia, que deveriam ser usados para o aprimoramento e a modernidade das atividades políticas. Os partidos políticos deveriam se preocupar com o fortalecimento do seu ideário programático, que só tem serventia para criação do partido, mas, depois de aprovado, se transforma em agremiação de aluguel e de instituição interessada nas cotas do fundo partidário e nos minutos do horário eleitoral, estes como forma de barganha nas alianças destinadas à obtenção das benesses proporcionadas pelo poder, em manobras espúrias e degradantes, à luz dos princípios democráticos. Dificilmente os partidos defendem com exclusividade os princípios da sua fundação, porquanto eles não se sustentam e passam a funcionar como letra morta diante de outros interesses totalmente contrários à prescrição original. Não há dúvida de que, via de regra, os partidos manejam seus interesses para a satisfação pessoal da sua cúpula, sem nenhuma preocupação com as atividades políticas para as quais, em princípio, a agremiação foi criada. É muito provável que, nem mesmo nas piores republiquetas, os partidos políticos atuem com tamanha indignidade e tanto desvirtuamento de suas características programáticas como se expõem no Brasil. A sociedade precisa se despertar dessa lamentável letargia para exigir que as atividades político-partidárias sejam exercidas em estrita observância aos princípios da moralidade, do decoro e da integridade aos ideários programáticos, de modo que a democracia seja respeitada e dignificada, como forma de contribuir para o desenvolvimento do país. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 30 de setembro de 2013

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