Ao que tudo indica, desta vez, a presidente da
República já é alvo de processo de impeachment e, sob o prisma da incompetência
administrativa, quanto à possível prática crime de responsabilidade fiscal, corre
o risco real de ser retirada do Palácio do Planalto, caso os parlamentares decidam
votar em nome do país e não levando em conta os afagos que são feitos com a
distribuição de cargos nos ministérios e nas empresas estatais, com a principal
intenção da blindagem da petista contra o citado processo.
É induvidoso que a decisão em referência tende a fragilizar
ainda mais a situação do governo petista, já bastante debilitado diante dos
resultados das investigações da Operação Lava-Jato, da Polícia Federal, e, em
especial, da terrível e gravíssima crise econômica, que culminou com a
horrorosa recessão.
Embora não conste que a presidente tenha se
envolvido no esquema de corrupção da Petrobras, ela não conseguiu evitar que a
sua popularidade se diluísse de forma meteórica em tão pouco tempo, depois da
reeleição.
É evidente que nada acontece por acaso, a
insatisfação dos brasileiros decorre dos fatores maléficos que afetam
diretamente seus interesses, como no caso específico da forte retração na
economia, que provocou sensível aumento do desemprego, elevação da inflação e
dos juros, diminuição da arrecadação e principalmente inexistência de
investimentos, que são imprescindíveis ao desenvolvimento do país. Além da
crise econômica, as políticas e ações do governo foram abaladas pelas paralisias
e precariedades administrativas, que resultaram nesse quadro apocalíptico
representado pelo governo.
A verdade é que as negociatas entre o presidente da
Câmara e o governo não progrediram como se esperavam, em uma espécie de
salvação das peles da petista e do peemedebista, como forma da materialização
do indigno processo do toma lá, dá cá, de extrema reprovação pela sociedade.
Como não foi selado o deprimente acordo, não restou
ao peemedebista, que lutou “bravamente” para se salvar da guilhotina, a
alternativa de concretizar seu plano patético e desesperado de tocar fogo no
circo, com a deflagração do impeachment, para atingir em cheio a presidente,
que já não conseguia nem consegue governar coisa nenhuma e agora será obrigada
a se concentrar nas negociatas, normalmente envolvendo, como sempre, a máquina
pública, com o uso espúrio do balcão do toma lá, dá cá, com a inescrupulosa
participação de congressistas, que costumam vender até a alma para se
beneficiar das facilidades propiciadas por cargos púbicos e tráfico de
influência, somente oferecidos pelo poder, em indiscutível desmoralização dos
princípios da dignidade e da honestidade que devem imperar na administração
pública, protagonizados justamente por homens públicos que têm o dever
constitucional e legal de ser modelo de bons costumes e honradez, em se
tratando do trato da coisa pública.
Para o bem do país, espera-se que os brasileiros
defendam, de forma brava e desesperada, os interesses nacionais, exigindo que
os congressistas se conscientizem de que o afastamento da presidente do país é
medida que se impõe, com forma de tentativa de estancar a crônica degeneração
dos princípios da competência e da eficiência, que estão contribuindo para a
regressão ética, política, economia e administrativa.
A presidente do país, visivelmente fragilizada pelo
pífio desempenho de seu governo e com baixíssimo apoio popular, deverá se
lançar ao desafio de negociar amplas alianças com vistas ao apoio à manutenção
do seu mandato, evidentemente envolvendo a máquina pública, pela distribuição
de cargos públicos e liberação de emendas parlamentares, sem a menor
preocupação com os princípios ético e moral nem com o rombo nas contas públicas,
cuja gastança tem sido feita à margem de qualquer controle de responsabilidade
de gestão consciente.
O
impeachment da presidente vai muito além de qualquer questão pessoal ou partidária,
diante da gigantesca responsabilidade quanto à condução do país, que se
encontra em situação caótica e à beira de colossal abismo, fatos que exigem elevadíssimo
grau de reflexão por parte dos parlamentares, que devem atuar nesse caso
exclusivamente em defesa do país, com embargo de qualquer aliança para a
satisfação de interesses pessoais ou partidários.
Se
antes do processo de impeachment contra a presidente do país, o governo já usava,
às claras e de forma escancarada, a máquina pública, com a liberação de cargos
e de emendas parlamentares, com a finalidade de comprar a consciência de
inescrupulosos e irresponsáveis congressistas, em troca de apoio aos projetos
do Palácio do Planalto e da blindagem à presidente petista contra o citado
processo, agora esse processo deverá escancarar e se intensificar, com métodos
ainda mais agressivos.
Trata-se
da maior indignidade com relação ao uso da máquina pública, por ter por finalidade
o atendimento de interesses e conveniências da presidente da República, em
cristalina inobservância dos salutares princípios da ética, da moralidade, do
decoro, da dignidade e da honestidade que devem, necessariamente, imperar na
administração pública.
É
evidente que o indevido e o injustificável uso da máquina pública para a
indiscutível satisfação de interesse pessoal é motivo mais do que suficiente
para justificar o impeachment da presidente do país, exatamente porque esse ato
não condiz com os princípios da administração pública e menos ainda com os
conceitos de dignidade e nobreza que o mandatário do país é obrigado a observar
no exercício do cargo mais relevante da nação, que deve se harmonizar com as
normas pertinentes à transparência e à moralidade, não se admitindo quaisquer
suspeitas sobre a sua conduta, que não pode desviar do plano da extrema
legitimidade. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 14 de dezembro de 2015
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