segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

A decisão em nome do país?


Ao que tudo indica, desta vez, a presidente da República já é alvo de processo de impeachment e, sob o prisma da incompetência administrativa, quanto à possível prática crime de responsabilidade fiscal, corre o risco real de ser retirada do Palácio do Planalto, caso os parlamentares decidam votar em nome do país e não levando em conta os afagos que são feitos com a distribuição de cargos nos ministérios e nas empresas estatais, com a principal intenção da blindagem da petista contra o citado processo.
É induvidoso que a decisão em referência tende a fragilizar ainda mais a situação do governo petista, já bastante debilitado diante dos resultados das investigações da Operação Lava-Jato, da Polícia Federal, e, em especial, da terrível e gravíssima crise econômica, que culminou com a horrorosa recessão.
Embora não conste que a presidente tenha se envolvido no esquema de corrupção da Petrobras, ela não conseguiu evitar que a sua popularidade se diluísse de forma meteórica em tão pouco tempo, depois da reeleição.
É evidente que nada acontece por acaso, a insatisfação dos brasileiros decorre dos fatores maléficos que afetam diretamente seus interesses, como no caso específico da forte retração na economia, que provocou sensível aumento do desemprego, elevação da inflação e dos juros, diminuição da arrecadação e principalmente inexistência de investimentos, que são imprescindíveis ao desenvolvimento do país. Além da crise econômica, as políticas e ações do governo foram abaladas pelas paralisias e precariedades administrativas, que resultaram nesse quadro apocalíptico representado pelo governo.
A verdade é que as negociatas entre o presidente da Câmara e o governo não progrediram como se esperavam, em uma espécie de salvação das peles da petista e do peemedebista, como forma da materialização do indigno processo do toma lá, dá cá, de extrema reprovação pela sociedade.
Como não foi selado o deprimente acordo, não restou ao peemedebista, que lutou “bravamente” para se salvar da guilhotina, a alternativa de concretizar seu plano patético e desesperado de tocar fogo no circo, com a deflagração do impeachment, para atingir em cheio a presidente, que já não conseguia nem consegue governar coisa nenhuma e agora será obrigada a se concentrar nas negociatas, normalmente envolvendo, como sempre, a máquina pública, com o uso espúrio do balcão do toma lá, dá cá, com a inescrupulosa participação de congressistas, que costumam vender até a alma para se beneficiar das facilidades propiciadas por cargos púbicos e tráfico de influência, somente oferecidos pelo poder, em indiscutível desmoralização dos princípios da dignidade e da honestidade que devem imperar na administração pública, protagonizados justamente por homens públicos que têm o dever constitucional e legal de ser modelo de bons costumes e honradez, em se tratando do trato da coisa pública.
Para o bem do país, espera-se que os brasileiros defendam, de forma brava e desesperada, os interesses nacionais, exigindo que os congressistas se conscientizem de que o afastamento da presidente do país é medida que se impõe, com forma de tentativa de estancar a crônica degeneração dos princípios da competência e da eficiência, que estão contribuindo para a regressão ética, política, economia e administrativa.
A presidente do país, visivelmente fragilizada pelo pífio desempenho de seu governo e com baixíssimo apoio popular, deverá se lançar ao desafio de negociar amplas alianças com vistas ao apoio à manutenção do seu mandato, evidentemente envolvendo a máquina pública, pela distribuição de cargos públicos e liberação de emendas parlamentares, sem a menor preocupação com os princípios ético e moral nem com o rombo nas contas públicas, cuja gastança tem sido feita à margem de qualquer controle de responsabilidade de gestão consciente.
O impeachment da presidente vai muito além de qualquer questão pessoal ou partidária, diante da gigantesca responsabilidade quanto à condução do país, que se encontra em situação caótica e à beira de colossal abismo, fatos que exigem elevadíssimo grau de reflexão por parte dos parlamentares, que devem atuar nesse caso exclusivamente em defesa do país, com embargo de qualquer aliança para a satisfação de interesses pessoais ou partidários. 
Se antes do processo de impeachment contra a presidente do país, o governo já usava, às claras e de forma escancarada, a máquina pública, com a liberação de cargos e de emendas parlamentares, com a finalidade de comprar a consciência de inescrupulosos e irresponsáveis congressistas, em troca de apoio aos projetos do Palácio do Planalto e da blindagem à presidente petista contra o citado processo, agora esse processo deverá escancarar e se intensificar, com métodos ainda mais agressivos.
          Trata-se da maior indignidade com relação ao uso da máquina pública, por ter por finalidade o atendimento de interesses e conveniências da presidente da República, em cristalina inobservância dos salutares princípios da ética, da moralidade, do decoro, da dignidade e da honestidade que devem, necessariamente, imperar na administração pública.
É evidente que o indevido e o injustificável uso da máquina pública para a indiscutível satisfação de interesse pessoal é motivo mais do que suficiente para justificar o impeachment da presidente do país, exatamente porque esse ato não condiz com os princípios da administração pública e menos ainda com os conceitos de dignidade e nobreza que o mandatário do país é obrigado a observar no exercício do cargo mais relevante da nação, que deve se harmonizar com as normas pertinentes à transparência e à moralidade, não se admitindo quaisquer suspeitas sobre a sua conduta, que não pode desviar do plano da extrema legitimidade. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 14 de dezembro de 2015

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