domingo, 27 de dezembro de 2015

O sentimento de superioridade


Segundo o ministro-chefe da Casa Civil, um dos principais conselheiros políticos da presidente da República, a petista tem disposição para lutar “até o fim”, em defesa de seu mandato, por entender que o seu impeachment não tem motivação política, sob o argumento de que ela não teria cometido “atos ilícitos”, tanto que a petista já se manifestou expondo sua indignação contra a decisão do presidente da Câmara dos Deputados.
Ele disse que o intenso convívio com a presidente tem mostrado, com mais nitidez, a imensa capacidade dela de enfrentar dificuldades. Para o ministro, “Nossa presidenta tem mostrado a cada dia a disposição para lutar até o fim pela manutenção do mandato conquistado legitimamente nas urnas”.
O ministro, considerado homem de confiança do petista, ex-presidente da República, vem comandando comitê interministerial que acompanha os desdobramentos do processo de impeachment e elabora ações para se evitar o afastamento da petista do cargo, compreendendo avaliação do cenário político e definição de estratégias contra essa terrível medida.
Comentando sobre a presidente, o ministro mencionou o termo “coração valente”, em atribuição à petista, por sido usado durante a campanha eleitoral da reeleição dela, tendo afirmado que ela ficará “ainda mais valente” para defender “os mais pobres”.
O ministro concluiu afirmando que, nesta disputa, a petista sabe que, “além da estabilidade democrática, são as conquistas sociais dos últimos 13 anos que estão em risco”.
A disposição da presidente do país de lutar bravamente contra o impeachment fica muito clara com suas atitudes, como a que ela pensa de promover, no início do próximo ano, nova reforma ministerial, fazendo uso da máquina pública, justamente para dar lugar ao sol aos apaniguados do presidente do Senado Federal, principal protetor dela, que responde a, pelo menos, seis inquéritos junto ao Supremo Tribunal Federal, por força do seu envolvimento nos esquemas de propina objeto das investigações da Operação Lava-Jato, mas a presidente do país, que se gaba de ter conduta ilibada, não enxerga nenhuma anormalidade que a Câmara Alta seja comandada por quem se comporta como verdadeiro dilapidador do patrimônio público, conforme mostram os fatos.
O que é mais intrigante por parte dos petistas é a forma transversa como eles avaliam os fatos, sempre sob os enfoques da superioridade e da perfeição absolutas que somente pertencem a eles, por se considerarem, em qualquer circunstância,  imunes à censura e ao controle, por se posicionarem como intocáveis que estão acima de todos e até da lei, em que pese a Carta Magna dispor, de forma cristalina, que todos são iguais perante a lei.
No caso específico, o governo do PT não admite, por hipótese alguma, que tenha praticado irregularidade com o emprego das pedaladas fiscais, pelo simples fato de que outros governos cometeram irregularidades semelhantes, o que, na acepção infeliz, descabida e injustificável, isso seria suficiente para haver igualdade nos erros, fato que tornariam todos em iguais condições sobre o entendimento segundo o qual um erro justifica o outro e ninguém, por isso, deve ser punido, evidentemente na versão unicamente petista.
Acontece que as normas são muito claras sobre a necessidade do respeito ao limite da meta fiscal e não fazem distinção quanto aos gestores que as descumprirem, pois todos são passíveis à punição com pena pela incursão do envolvido no crime de responsabilidade fiscal, conforme disposições legais previstas nas Leis de Responsabilidade Fiscal e de Diretrizes Orçamentárias, por imposição de norma cogente ínsita na Constituição brasileira.
Há de convir que não seja lícito que a presidente da nação alegue a invalidade do regramento jurídico, pelo simples fato de ele ter sido inobservado também por outro governo, quando o seu juramento, por ocasião do ato de posse, diz com, absoluta clareza, sobre juras de cumprir e fazer cumprir a Constituição e as leis do país, ficando explícito que a presidente do país tem o dever de cumprir fielmente a legislação sobre a execução do Orçamento da União, não podendo praticar nem mesmo as pedaladas fiscais, considerada forma maquiavélica de maquiar o resultado das contas públicas, a ponto de esconder, de maneira escandalosa, déficit de resultado contábil, por meio de pagamento de despesas por bancos oficiais, ficando demonstradas as irregularidades por meio de truques contábeis, fato que caracteriza crime contra a administração pública.
Por seu turno, não faz o menor sentido a menção sobre a quebra da estabilidade democrática, ao se alegar que a presidente foi eleita pelo voto universal, quando o processo de impeachment se encontra capitulado na Constituição Federal, para ser empregado exatamente contra as autoridades públicas, eleitas legitimamente, que tenham se envolvido em atos irregulares, entre as quais o presidente da República que tenha cometido o crime de responsabilidade fiscal, que foi precisamente o que fez a presidente do país, cujo procedimento empregado pela Câmara dos Deputados tem respaldo na decisão do Tribunal de Contas da União, por decorrência da apreciação das contas do governo, referentes ao exercício de 2014, e da emissão do parecer prévio sobre elas, quando ele recomendou que o Congresso Nacional as julgasse irregulares, justamente em razão das pedaladas fiscais, que são contrárias à legislação de regência da execução orçamentária e financeira.
Também não passa de falácia a defesa das conquistas sociais dos últimos 13 anos, como se elas estivessem em risco, dando a entender para a população desinformada e manipulada pelo PT que somente o governo petista é capaz de fomentar programas sociais, como se somente o PT tivesse capacidade de executar distribuição de renda e ainda como se os recursos dos programas sociais fossem bancados pelo PT, quando essa população assistida precisa saber que os programas sociais são da exclusiva incumbência do Estado, cuja execução é totalmente financiada pelos tolos dos contribuintes que são obrigados ao pagamento de uma das maiores cargas tributárias do mundo e que as tão alardeadas conquistas sociais podem ser realizadas por qualquer governo mediano, por se tratar de programa de Estado e não de governo, com a possibilidade de eficiência e efetividade que não existem na atualidade, diante de tantas denúncias sobre irregularidades de pagamentos indevidos de benefícios, principalmente a quem não se enquadra nas exigências da legislação de regência.
Os brasileiros precisam se conscientizar de que ninguém, nenhum partido, tem sido tão caracterizado com o sentimento de superioridade, onipotência, prepotência como o PT, que se julga superior a todos e a tudo, por se considerar o suprassumo e perfeito em tudo, como se somente ele fosse capaz de fazer tudo correto e, ao mesmo tempo, incapaz de incorrer em erro, além de ainda se considerar imune a julgamento sobre seus atos, que são considerados intocáveis e incensuráveis, embora os fatos falem por si sós, mostrando que o país se encontra em graves crises ética, política, econômica, social e administrativa, graças à exacerbação da incompetência, inércia e desmoralização administrativas, em clara demonstração de que o governo foi incapaz de evitar que o caos imperasse na administração do país, em prejuízo dos interesses dos brasileiros, sendo que muitos dos quais ainda são manipulados por meio de falsas e mentirosas informações, que dificilmente são contestadas, como forma da imposição da devida verdade sobre os fatos reais. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 27 de dezembro de 2015

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