Segundo o setor de meteorologia da Empresa de
Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte – EMPARN, o inverno nesse Estado
pode estar seriamente comprometido, diante das perspectivas nada animadoras
para o sertanejo, à vista das observações sobre a atuação do El Niño, que tem o
poder de influenciar diretamente a situação climática, em diversas regiões mundiais.
Um meteorologista desse órgão disse que, com base
em previsão na atuação do El Niño, “O
fenômeno meteorológico encontra-se na categoria de maior intensidade, e a
região pode enfrentar o quinto ano seguido de estiagem. Analisando dados,
podemos afirmar que o fenômeno voltou a intensificar anomalia acima de 3 graus,
o que pode trazer consequências como o aumento da temperatura”.
Na ocasião, ele desmentiu informações atribuídas a
ele de que não é verdade que o inverno começaria mais cedo naquele Estado e que
as chuvas, no próximo ano, seriam de maior intensidade.
O meteorologista alerta que “Os modelos de previsão, todos eles no período chuvoso, podem trazer
anomalias no Pacífico em torno de um grau e meio, e isso comprometerá todo o
período chuvoso”. Ele ressaltou que maior precisão sobre o inverno na
região somente será possível por meio das análises realizadas no mês de
dezembro até o início de janeiro.
Em conclusão, o meteorologista afirmou que, à vista
dos elementos disponíveis, as chuvas permanecerão abaixo da média e que as
mudanças climáticas dependerão do comportamento do Oceano Atlântico: “Estamos aguardando o comportamento do Oceano
que pode acontecer alguns sistemas que trazem chuvas nesses meses, porém, não
dá para fazer uma previsão mais precisa. Se tiver alguma mudança, será por
conta do Atlântico que trará um cenário um pouco melhor em 2016”.
A situação da seca no Nordeste já se apresenta, bem
antes do início do inverno, em estado avançado de preocupação, porque a falta
de água é realidade que já massacra quase toda região, que é afetada pelas
mesmas crises, dificuldades e precariedades dos últimos quatro anos de
atendimento emergencial, funcionando como triste círculo vicioso, em que o
drama se apresenta com as mesmas características de ininterruptos e infinitos acontecimentos, cujas políticas são sempre as
mesmas, com aparatos e condições que se repetem apenas com resultados
paliativos e temporários, enquanto há incidência das dificuldades.
É notória a demonstração de total descaso por parte das
autoridades governamentais, que se vangloriam de dar assistência aos
nordestinos, como se isso não fosse obrigação do Estado, que deveria se
preocupar, ao contrário, com a implementação de ações de cunho efetivamente capaz
de solucionar a grave e calamitosa situação das secas, permitindo que os
sertanejos sejam atendidos pelo Estado em harmonia com a dignidade que eles
merecem, não como eternos benefícios resultantes da seca, mas como cidadãos que
se sacrificam pela causa mais nobre que o ser humano pode aspirar, que é viver
com dignidade, no lugar escolhido para morar, trabalhar e construir o seu bem
comum.
Como as previsões acenam para mais um ano de
terrível seca, agravando ainda mais a situação dos sertanejos, convém que as
autoridades governamentais se antecipem no sentido de arregimentar meios e
recursos indispensáveis à proteção das pessoas passíveis de serem
potencialmente afetadas pela estiagem.
Compete
aos governos federal, estatuais e municipais demandarem medidas, com a maior
brevidade possível, capazes de se antecipar às calamidades comuns nos anos
anteriores, quando as medidas são adotadas de forma precária e no afogadilho,
que têm servido apenas como mero paliativo de momento, muito bem demonstrando a
irresponsabilidade dos governantes no tocante à questão da maior importância,
por envolver vidas humanas e de animais, que são gravemente prejudicadas sempre
nessas trágicas situações de seca.
Diante
da reiteração dos casos de seca no Sertão, já passou do tempo de os governos se
conscientizarem sobre a urgente necessidade de priorização de políticas
públicas para estudar, equacionar e solucionar os graves problemas da falta de
água, de modo que sejam adotados mecanismos capazes de cuidar, com a devida
antecedência, de medidas que visem ao atendimento, com a indispensável
eficiência, sempre depois de quaisquer sinais de falta de chuvas, permitindo-se
que não haja problema de solução de continuidade, notadamente nos rincões
nordestinos, onde as medidas preventivas já estejam permanentemente à
disposição das comunidades, sem precisar que antes se instale a situação de
calamidade para a chegada tardia do socorro, como sempre acontece nas
experiências anteriores, em clara demonstração da irresponsabilidade das
autoridades incumbidas de cuidar de problemas que vêm ocorrendo mais
amiudamente, nos últimos anos.
Compete
à sociedade mais afetada se antecipar para exigir das autoridades públicas as
medidas cabíveis para cuidar, de forma responsável e eficiente, dessa terrível
situação da seca, que deve merecer a priorização das políticas públicas, à
vista do envolvimento de vidas de pessoas e de animais, que precisam ser
preservadas por meio de esforços e empenhos das autoridades públicas, que têm a
obrigação de alocar recursos materiais e financeiros para solucionar, em
definitivo, situação tão angustiante e cruel, que já era para ter tido fim,
caso ela não fosse tratada tão somente com os costumeiros descaso e
irresponsabilidade, à vista dos resultados de anos anteriores, que não passam apenas
de medidas atenuadoras da grave situação. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 03 de dezembro de 2015
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