Em que pese o nada saudoso ex-ministro da Fazenda ter
sido alvo de violentos e insistentes bombardeios, em razão de tentar implantar políticas
de ajustes fiscal e econômico, a presidente do país, de forma incoerente, uma
vez que o boicote partia do governo e do PT, disse, ao empossar o novo ministro
daquela pasta, que a mudança na equipe econômica não altera as metas de colocar
em ordem as contas públicas, controlar a inflação e garantir bases para a
retomada do crescimento econômico.
Considerado de perfil desenvolvimentista e
identificado com a "nova matriz econômica", o novo ministro da
Fazenda garantiu para empresários nacionais e internacionais que o foco do
governo continua o mesmo da gestão anterior, que durou menos de um ano e tem
como enfoque a perseguição do ajuste fiscal e do combate à inflação, embora a sua
escolha para essa gigantesca missão não foi bem recebida pelo mercado
financeiro, que causou abalo na Bolsa de Valores de São Paulo e na
desvalorização do real.
Na breve solenidade de posse do novo chefe da
Fazenda, a presidente brasileira defendeu a recriação da CPMF, sob o argumento
de ter "compromisso de conduzir o
Brasil a uma vitória sobre a crise", tendo declarado que vai "fazer o que for preciso" para
a retomada do crescimento da economia, a par de atacar indiretamente
adversários pela instabilidade política, sem reconhecer seus desastres na
administração das políticas públicas.
A presidente disse que "A mudança da equipe econômica não altera nossos objetivos de curto
prazo, que são restabelecer o equilíbrio fiscal, reduzir a inflação, eliminar a
incerteza e retomar com urgência o crescimento", sem mostrar, em
detalhe, como vai fazer tudo isso, ou seja, o governo é incapaz de apresentar
metas consistentes e factíveis, para o atingimento de seus alardeados
objetivos, que ficam no plano apenas da conversa, como de costume.
Ela ressaltou a importância do ex-ministro, ao dizer
que a "Sua presença à frente do
Ministério da Fazenda foi decisiva para que fizéssemos ajustes imprescindíveis.
Sua dedicação, assim como seu trabalho, ajudaram na aprovação da legislação
fiscal mesmo em ambiente de crise política. Joaquim Levy, cuja competência já
era conhecida, mostrou grande capacidade de agir com serenidade e eficiência
mesmo sob intensa pressão. Em momento conturbado na política e na economia, o
ministro Joaquim Levy superou difíceis desafios e muito contribuiu para a
estabilidade e a governabilidade".
À todo evidência, as palavras da presidente soam
como verdadeira hipocrisia, diante da realidade sobre o trabalho dele à frente
da Fazenda, que foi alvo de severas e ácidas críticas vindas de setores do PT, da
base aliada no Congresso Nacional e até mesmo do petista-mor, o ex-presidente da
República, que considerava que as medidas propostas pelo ex-ministro estavam
contribuindo para desgastar o governo e o PT e aumentar a insatisfação popular
contra os planos eleitorais da legenda, inclusive prejudicando seus objetivos
de retornar à Presidência da República.
Não passam de mero fingimento os elogios da
presidente ao ex-ministro, haja vista que, se ele tivesse feito alguma coisa positiva
e útil para o país, não faria o menor sentido mandá-lo embora mais cedo, quando
se sabe que o seu trabalho estava incomodando os caciques petistas, por
atrapalhar os interesses partidários, sob a alegação de ele ter contribuído
para aumentar a antipatia ao governo e ao PT, com suas políticas econômicas
contrárias à ideologia petista.
O certo é que o ex-ministro foi bombardeado e massacrado
pelo PT e pelos “esquerdopatas”, com permanentes e explícitas críticas ao
trabalho dele, em que pese ele ainda ter tentado, às duras penas, mostrar um
pouco da sua competência em um ambiente antagônico, onde impera a incapacidade
e a inépcia, em detrimento dos interesses nacionais.
A troca de ministro serviu, mais uma vez, para a
presidente do país reiterar conversa melodiosa para boi dormir, em aperfeiçoada
afirmação de que é objetivo do governo "restabelecer o equilíbrio fiscal, reduzir a inflação, eliminar a
incerteza e retomar com urgência o crescimento", acenando para metas
lindas e maravilhosas, mas apenas robustecidas de meras evasivas, porque nada foi
dito, de forma objetiva e clara, como a equipe econômica vai fazer para
alcançar a fórmula milagrosa para tirar o país do caos, principalmente
econômico, e retomar o caminho do progresso tão almejado pelos brasileiros, que
não suportam mais promessas vazias e não factíveis.
Mesmo diante das evidências de um país parado, com projetos
de infraestrutura abandonados ou em execução sem a menor prioridade, em razão
da escassez de recursos, que vem limitando sobremaneira os investimentos
públicos, a presidente não pode sequer imaginar em agradar a cúpula de seu
partido, com a adoção de políticas que tenham por objetivo a satisfação de pleitos
paroquianos, na tentativa de aplacar a fúria de petistas, aliados e grupos
sociais, que alegam abandono do governo à consecução das questões de seus
interesses, como se as políticas públicas devessem cuidar de facções partidárias
e organismos sociais, em detrimento das finalidades republicanas.
Com o objetivo se mostrar o mínimo de governança, à
luz da competência administrativa, a presidente do país precisa, com urgência,
cortar gastos desnecessários e pôr as contas públicas no alinhamento das metas
fiscais, em consonância com a responsabilidade fiscal de moralização das
despesas públicas, que não podem extrapolar, em hipótese alguma, a arrecadação,
como fazem os países civilizados e cônscios do respeito aos princípios constitucional
e legal, sob pena de responsabilização daqueles que derem causa ao
descumprimento do ordenamento jurídico, como forma da reconquista do respeito e
da confiança que devem imperar nas instituições públicas.
Os brasileiros anseiam por que as políticas
públicas sejam executadas com extremas seriedade e responsabilidade, de modo
que o planejamento tenha por base princípios de competência e de efetividade e
as metas se tornem realistas e não apenas peças fantasiosas apenas para, à
primeira vista, tentar contagiar a sociedade com discurso rebuscado e elementos
de ficção, porque o ajuste fiscal e o equilíbrio das contas públicas precisam
funcionar com efetividade e para valer mesmo, como forma de contribuir para o crescimento
econômico tão almejado pelos brasileiros. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 27 de dezembro de 2015
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