Discursando
em cerimônia de entrega de casas do programa Minha Casa, Minha Vida, em Boa
Vista, Roraima, a presidente da República voltou a dizer que “não há nenhum delito que justifique o seu
impeachment e que quer continuar na Presidência porque foi eleita para isso.”.
A
petista citou os investimentos com o programa para dizer que “está sendo julgada porque tem uma parte que
acha que não deveria ter gastado. É que eles chamam de pedaladas fiscais (...).
Mas não há nenhum delito. Nenhum crime apontado contra nós.”.
Ela
disse ainda que, “nos últimos 500 anos,
ninguém fez um programa habitacional como esse. Ninguém.”.
Na
ocasião, a presidente não citou nomes nem falou sobre as recentes decisões
adotadas no Congresso Nacional, com relação ao processo de impeachment dela.
A presidente parece se fazer de surda, cega ou
ignorante, para afastar do seu caminho a decisão do Tribunal de Contas da União,
no sentido de recomendar que o Congresso Nacional julgue irregulares as contas
do governo, referentes ao exercício de 2014, justamente porque foram detectadas
irregularidades, com a constatação da infringência das normas de administração
orçamentária e financeira quanto à execução do Orçamento da União, que consiste
na extrapolação dos limites previstos na meta fiscal, ou mais especificamente
no adiamento de despesas que foram pagas por bancos oficiais, cujas operações
tiveram o condão de maquiar os resultados das contas públicas, ou seja, no caso,
foram inobservadas regras essenciais estatuídas na Constituição Federal e nas
Leis de Responsabilidade Fiscal e de Diretrizes Orçamentárias, implicando o
enquadramento da presidente no crime de responsabilidade fiscal.
Aos incautos e maus informados, a presidente tem a
insensibilidade de dizer que não cometeu crime algum, dando a entender que ela
é injustiçada, como se ela estivesse acima das leis do país e pudesse
menosprezar, a seu bel-prazer, as normas de contenção de gastos, em nome, entre
outros, do programa Minha Casa, Minha Vida, que tem sido péssimo exemplo de
administração de recursos públicos, conforme mostram investigações que estão em
curso na Corregedoria Geral da União, na Polícia Federal e no Ministério Púbico
Federal, onde já foram levantados desvios de recursos públicos e muitas
irregularidades.
A propósito, recentemente, o Tribunal de Contas da
União confirmou que as pedaladas fiscais infringiram a Lei de Responsabilidade
Fiscal e precisam ser pagas, determinando ao governo o prazo de 30 dias para a
apresentação de cronograma do pagamento das despesas pertinentes, que ainda
estão em aberto na contabilidade pública, ou seja, sequer foram pagas e a
presidente tem a ingenuidade de dizer que não cometeu crime.
A situação do governo ainda ficou mais grave porque,
ao negar provimento aos recursos apresentados pela Advocacia Geral da e pelo
Banco Central do Brasil, o TCU abre caminho para a parte final do processo das
pedaladas fiscais, quando, a partir de então, serão definidas as
responsabilidades de cada autoridade do governo envolvida nesse rumoroso e
grave caso de desrespeito às normas de administração orçamentária e financeira.
Em
sintonia com as decisões do órgão de controle externo, o ministro do
Planejamento disse que o governo quer fazer o pagamento de até R$ 57 bilhões referentes
às chamadas pedaladas fiscais, ainda neste ano. Ele afirmou que é possível que
o TCU conceda prazo para o pagamento do passivo, após a avaliação do recurso do
governo apresentado àquele órgão, que foi improvido.
Segundo
o ministro, "Independentemente
disso, o governo pediu autorização para pagar neste ano até 57 bilhões (de
reais), que é o valor identificado pelo Ministério da Fazenda".
Recentemente,
o Congresso Nacional aprovou alteração da meta de superávit primário do setor
público consolidado deste ano, permitindo déficit do valor de até R$ 119
bilhões, com a inclusão das pedaladas fiscais, de R$ 57 bilhões. As pedaladas
consistiram no atraso do Tesouro para repassar recursos a bancos públicos, que
o governo garante que o atraso foi necessário para o pagamento de programas
sociais, ou seja, ele não teve a menor preocupação de infringir as regras legais
aplicáveis à execução orçamentário-financeira.
Diante
dos fatos, não há salvação, não há argumento, porque não adianta a presidente
declarar em público que “não há nenhum
delito que justifique o seu impeachment. (...) Mas não há nenhum delito. Nenhum
crime apontado contra nós.”, quando os relatos sobre os acontecimentos caracterizados
como pedaladas fiscais são muito claros e irrefutáveis. Caso contrário, o
ministro do Planejamento não seria obrigado a se referir em pagamento de
despesas consideradas irregulares pelo TCU.
Seria
muito simpático para a presidente assumir seus graves erros, porque as suas
negações somente contribuem para aumentar o tamanho das mentiras, que começaram
na campanha eleitoral e parece que não tem fim.
O
certo é que, nunca na história republicana, nenhum outro governo tenha sido
contumaz descontrolado e gastador como o atual, que foi capaz de comprometer
por completo, com seus atos irresponsáveis, a sua gestão, a ponto de si
penalizar, à vista da acentuada impopularidade, e a nação, com a péssima
gestão, cujas manobras tinham os propósitos exclusivos da absoluta dominação e da
manutenção no poder.
Por
sua vez, os votos de confiança dados pelos eleitores já foram retirados há
bastante tempo por eles, com base nas reiteradas pesquisas e manifestações
sobre a atuação da presidente, que tem reprovação recorde próximo dos 70%, o
que bem demonstra a ardente vontade popular de que a presidente se encontre bem
distanciada da Presidência, pelo tanto de danos que têm sido causados aos
interesses dos brasileiros.
Além
do mais, ela foi eleita simplesmente pelo peso das mentiras aos seus eleitores
durante a campanha eleitoral, ao afirmar que a economia não precisava de
ajustes, a inflação estava sobre absoluto controle, não mexeria nos direitos
dos trabalhadores, os serviços controlados pelo governo não teriam aumentos
selvagens, entre muitas inverdades que foram contraditadas tão logo ela assumiu
seu segundo mandato, cujo resultado é o país totalmente atolado no maior
lamaçal da sua história, sem a menor perspectiva de sair do atoleiro tão cedo e
ainda com a tendência de piorar o que já é trágico e preocupante, à vista dos
péssimos indicadores da economia, que vem descendo ladeira abaixo, sem qualquer
plano para estancar desastre ainda maior, salvo os reiterados pacotes de
ajustes fiscal e econômico, com aumento da já pesada carga tributária e a
finalidade exclusivamente de sanear o rombo nas contas públicas, porquanto o aquecimento
da economia é algo totalmente impensável.
A
presidente demonstra absolutos equívoco e insensibilidade ao afirmar “... que quer continuar na Presidência porque foi
eleita para isso.”, quando ela distribuía casas populares, o que é pouco
demais, insignificante mesmo se pensar em se eleger um presidente para pensar
somente em entregar casas à população.
Na
verdade, ela não teria sido eleita para isso, porque suas funções
constitucionais são de tamanha relevância e complexidade que a inauguração de
conjuntos habitacionais deveriam se restringir aos diretores dos departamentos
de estaduais responsáveis pela execução de programas habitacionais e não para a
presidente da República, como tem sido a sua principal função ultimamente, por
representar função insignificante e de categoria inferior, dando a entender o
completo desprezo dela às políticas estratégicas de desenvolvimento nacional.
Em
uma nação que preza a verdadeira importância do presidente da República, a
figura do mandatário do país jamais se confunde com mero entregador de casas
populares, porque a sua representação transcende de forma expressivamente
ridícula de justificar a sua atuação no governo, por ser isso absolutamente dispensável.
O
estadista que se preze deve cuidar das políticas previstas na Constituição
Federal, normalmente estabelecendo e coordenando programas da maior relevância para
o país, principalmente no que diz respeito às ações macroeconômicas, que estão
em estágio de plena letargia, por falta de capacidade gerencial pertinente,
como comprova o desempenho econômico brasileiro.
À
toda evidência e à luz dos acontecimentos, se a presidente do país fosse
realmente pessoa com o mínimo de sensatez, tivesse sensibilidade cívico-patriótica
e visse o estrago que faz ao país e aos brasileiros, em razão de suas
desastradas e deficientes políticas de governo, iria concluir que a sua
renúncia seria enorme contribuição aos interesses nacionais, como forma até de
se evitar que os danos sejam ainda piores e mais graves, com consequências imensuráveis
e irreparáveis.
Os
brasileiros precisam se conscientizar, com urgência, que o presidente da
República não se elege somente para distribuir casas populares, como se
autodenominou a mandatária brasileira, porquanto a sua escolha é para comandar o
país com competência, eficiência, probidade, sabedoria, preparo, capacidade,
lisura, transparência, entre outros atributos que sejam capazes de contribuir
para a formulação de metas e programas estratégicos de superação dos problemas e
de desenvolvimento nacional, conquanto o pensamento contrário disso leva
irremediavelmente ao caos político, econômico, social e democrático, exatamente
como se encontra o país na atualidade, onde a presidente fica cuidando da
entrega de conjuntos habitacionais, enquanto as crises política, econômica e administrativa se potencializam para martirizar os brasileiros com seus terríveis e maléficos efeitos. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 11 de dezembro de 2015
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