Junto
com mais de 50 pedidos de busca e apreensão solicitados ao Supremo Tribunal
Federal, na nova fase da Operação Lava-Jato, o procurador-geral da República
também encaminhou solicitação para entrar na casa do presidente do Senado Federal,
que já responde a, pelo menos, seis inquéritos, mas, de forma inexplicável e
injustificável, os demais pedidos foram acolhidos, tendo o magistrado da
Suprema Corte feito vista grossa quanto à autorização para a apreensão de documentos
e outros elementos na residência do peemedebista.
Causou
enorme perplexidade o fato de o relator dos processos da aludida operação no
STF ter dado aval para o cumprimento, pela Polícia Federal, de 53 mandados de
busca e apreensão em residências de políticos e outras pessoas suspeitas de
envolvimento no esquema de corrupção com sede na Petrobras.
O
estranho ficou por conta de o STF, por se tratar de órgão da administração
pública, que tem obrigação de zelar pela transparência de seus atos, não teve a
mínima sensibilidade para esclarecer os motivos, de relevância jurídica, pelos
quais o relator do caso tenha rejeitado o pedido de busca na casa do presidente
do Senado, fato que teve repercussão bastante negativa, em especial diante da
aproximação dele com a presidente da República, para a qual ele vem demonstrando
especial interesse, deixando evidenciada a sua ardente defesa contra o processo
de impeachment dela.
Apesar
de as investigações da operação em tela revelarem o envolvimento do presidente
do senado nos esquemas de desvio de dinheiro da Petrobras, ele simplesmente
alega, de forma reiterada, caso a caso, que suas relações com as empresas
públicas "nunca ultrapassaram os
limites institucionais" e que "nunca autorizou, credenciou ou consentiu" que seu nome fosse
utilizado por terceiros.
Embora
o Supremo tenha negado o pedido de busca de provas na casa do peemedebista, a
Excelsa Corte de Justiça acaba de autorizar a quebra dos sigilos bancário e
fiscal do todo-poderoso senador alagoano, o que já é sinal de alguma medida
capaz de chegar perto de possível irregularidade, uma vez que a Procuradoria
Geral da República fechou o cerco em torno dele e de seus fiéis aliados,
indicados por ele para cargos importantes na administração pública, na
Petrobras e em empresa subsidiária desta.
Os
fatos mostram que importantes órgãos da República estão sendo dirigidos, a
exemplo da presidência da Câmara Federal e do Senado Federal, por homens
públicos sem a mínima condição de corresponder às exigência de conduta ilibada
e de reputação inquestionável, eis que eles respondem, na qualidade de
congressistas, a vários inquéritos no Supremo Tribunal Federal, por
envolvimento em esquema de corrupção, consistente no recebimento de propina com
recursos desviados da Petrobras.
Essa
situação se torna cada vez mais deprimente porque a presidente do país se aliou
ao presidente do Senado, mesmo sabendo que ele se encontra atolado no mar da
podridão, ou seja, respondendo a diversos inquéritos pertinentes à apuração de
irregularidades com recursos públicos, com propósito de que de merecer dele a blindagem
contra o processo de impeachment no Congresso Nacional, por ela ter cometido
crime de responsabilidade fiscal, conforme foi atestado, de forma categórica e
irrefutável, pelo Tribunal de Contas da União, na apreciação das contas do
governo, referentes ao exercício de 2014, onde foi verificado o descumprimento
do limite da meta fiscal, na forma das “pedaladas fiscais”, em contrariedade às
normas estabelecidas nas Leis de Responsabilidade Fiscal e de Diretrizes
Orçamentárias.
Ou
seja, a presidente do país se entrega, desesperadamente, à proteção do
presidente do Senado, em que pese ele se encontrar sob forte suspeição de ter
cometido vários crimes de improbidade, fato que compromete a lisura da aliança
entre ambos, porque há possibilidade de se inferir que a petista também tenha a
obrigação de influenciar em favor dele, quando das ações e medidas envolvendo o
nome do peemedebista, como nesse caso da rejeição do pedido de buscas em
apreço.
É evidente que é temeroso qualquer juízo de valor
sobre a rejeição ao pedido para busca e apreensão na casa do presidente do
Senado, mas esse fato suscita enorme questionamento quanto ao que realmente
teria levado o ministro do STF a proceder diferentemente com relação aos demais
suspeitos de envolvimento nos esquemas criminosos levados a efeito na
Petrobras.
A maior frustração dos brasileiros é que o senador
alagoano é alvo de seis inquéritos e esse fato justifica, por si só, a busca e a
apreensão de dados e informações pertinentes às investigações envolvendo o nome
dele, nas mesmas condições estabelecidas para os demais casos de suspeição de
irregularidades.
Os brasileiros precisam se conscientizar, com
urgência, sobre a forma irresponsável como vem havendo a degeneração dos princípios
fundamentais da administração pública, a exemplo da falta de dignidade nas
relações das autoridades públicas, que, mesmo envolvidos em inquéritos para
apuração de irregularidades com dinheiros públicos, são capazes de se aliarem,
de forma inescrupulosa, para a salvação de seus mandatos, em evidentes
satisfação de interesses pessoais e detrimento das causas nacionais, com
ferimento dos saudáveis princípios democrático e republicano. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 20 de dezembro de 2015
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