terça-feira, 29 de dezembro de 2015

A padronização dos rombos nas contas


O setor público consolidado, compreendendo o Governo Central, os Estados, os municípios e as estatais, com exceção da Petrobras e Eletrobrás, contabilizou déficit primário da ordem de R$ 19,56 bilhões somente em novembro último, que foi considerado o pior registro para o mês na série histórica do Banco Central do Brasil, com início em dezembro de 2001.
O rombo das contas públicas, no período de 12 meses, atingiu o valor de R$52,41 bilhões, que representa o maior já contabilizado como proporção do Produto Interno Bruto, em 0,89%.
Conforme o Banco Central, o saldo negativo de novembro é constituído pelo déficit do governo central (R$ -21,671 bilhões) e de empresas estatais (R$ -249 milhões), que teve ligeira compensação pelo superávit de Estados e municípios da ordem de R$ 2,352 bilhões.
No acumulado dos onze primeiros meses de 2015, o déficit superou, além do dobro, a previsão de R$ 14 bilhões, tendo ficado em R$ 39,52 bilhões, também um recorde negativo, e bem acima do déficit de R$ 19,642 bilhões de reais em igual período de 2014.
Os especialistas identificaram as causas para o péssimo resultado do setor público como tendo origem na forte deterioração fiscal, que foi afetada pela arrecadação em queda, recessão econômica e dificuldades para aprovação, pelo Legislativo, de medidas de ajustes fiscal e econômico, em face da permanente crise política.
Na verdade, a visível bagunça generalizada do setor público se explica pela injustificável e irresponsável aprovação, no início de dezembro, pelo Congresso Nacional, da reversão da meta fiscal de 2015, de superávit primário para déficit do setor público consolidado de 48,9 bilhões de reais, equivalente a 0,85% do PIB, mas o rombo real pode atingir o extraordinário valor de R$ 117 bilhões, o equivalente a 2,03% do PIB, levando-se em conta o pagamento das chamadas pedaladas fiscais e a frustração do ingresso, neste exercício, das receitas com leilão de hidrelétricas.
O rombo nas contas públicas apenas confirma a falta de habilidade e de competência do governo para zelar e cuidar do patrimônio dos brasileiros, que tem sido feito de forma contrária aos princípios da eficiência e da economicidade que se impõem em uma nação cujos governantes tenham o mínimo de consciência sobre a imperiosidade de se gastar com parcimônia e austeridade, evitando-se gastanças abusivas e imprudentes, à vista da falta de lastro.
Nos países civilizados e evoluídos, os governos são cônscios da responsabilidade fiscal e sempre se empenham ao máximo para manter suas contas sob rigoroso controle prudencial, evitando comprometer a credibilidade dos países, ao contrário do contexto atual, nas terras tupiniquins, em que o descontrole dos gastos públicos possibilitou, entre tantas temeridades, a retirada, por duas agências de classificação de risco, do selo de nação boa pagadora, causando repercussão bastante desastrada para a economia nacional, com a debandada do capital estrangeiro aplicado no país, ante a perda da confiança e da segurança acerca dos investimentos internacionais.
Em que pese o resultado das contas públicas demonstrar indiscutível debacle do desempenho da gestão pública, o quadro ainda tem contornos alarmantes e desanimadores quanto ao porvir, diante das incertezas e da inexistência de perspectivas garantindo mudanças na condução das políticas econômicas, uma vez que o governo, embora comprovadamente inapto para a gestão pública, à vista dos saldos deficitários das contas públicas, prometeu dar continuidade ao modelo econômico vigente, o mesmo que foi capaz de conduzir a nação ao desastre da recessão da economia, nos padrões representados por rombos recordes, conforme evidencia a notícia em referência.  
Os brasileiros têm o dever cívico e patriótico de defender a nação da incompetência, ineficiência e inépcia administrativas, não permitindo que governos fracos e despreparados continuem contribuindo para a degeneração do patrimônio nacional. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 29 de dezembro de 2015

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