quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

A verdade e desnecessária?



Segundo a imprensa, o Palácio do Planalto teria avaliado como “desnecessária” a carta do vice-presidente da República, por acreditar que o peemedebista poderia ter abordado suas insatisfações de formas diferentes, sem explicitar quais seriam elas, dando a entender que poderiam ser de maneira que não expusesse, tão às claras, os pontos fracos da presidente, que vinha assegurando sua confiança no vice, sem se tocar sobre a sua frágil relação com ele, diante das reiteradas estocadas de desconsideração contra o seu sucessor.
A fonte palaciana disse que a carta “Pegou mal”, tendo ressaltado que a maneira como ocorreu nem combina com o estilo discreto do vice-presidente, tendo ponderado, até com convicção de que foi a própria Vice-Presidência que promoveu o vazamento do documento para a imprensa.
Como é sabido, na carta enviada à petista, o peemedebista fez questão de destacar "fatos reveladores da desconfiança que o governo tem em relação a ele e ao PMDB", deixando muito clara a sua insatisfação pela forma nada republicana como ele é tratado pelo Palácio do Planalto.
Não obstante, segundo a fonte, em que pese o tom duro e incisivo da mensagem, a avaliação palaciana é que o vice não defende o imediato rompimento do PMDB com o governo, tendo ainda o entendimento de que não haverá mudança da rotina de diálogo com o maior partido da base governista e o vice.
Também por absoluta cautela, a recomendação da Presidência da República é de não estimular polêmica sobre o caso e manter "reserva e silêncio sobre a carta", segundo revelou outra fonte palaciana.
Os especialistas analisam a expedição da carta em apreço como estratégia política do vice-presidente, que também preside o PMDB, é o principal sucessor da presidente petista, no caso de seu afastamento do cargo, embora, no momento, o partido dele esteja dividido sobre o processo de impeachment contra a presidente.
Realmente, a carta do vice-presidente parece ser absolutamente dispensável, notadamente porque ela expõe sob absoluta transparência verdades sobre assuntos que comprometem as relações entre a petista e o peemedebista, mostrando as entranhas sobre verdades que nem sempre agradam à ideologia petista, porque há revelação nela de fatos verdadeiros, que existiram nas relações entre ambos, conquanto o PT tenha demonstrado que não é lá muito chegado à verdade, principalmente quando ela desmascara situações que não agradam ou sejam inconvenientes aos interesses do partido.
Vejam que, até agora, a presidente nunca se referiu às mentiras protagonizadas por ela na última eleição, ou seja, ela não teve coragem de assumir seus erros com a mesma desenvoltura como os inventou de forma indevida, em se tratando que, à época, ela já ocupava o cargo mais importante da República, cabendo somente ao petista, ex-presidente da República, trazer o assunto à baila e se encorajar a dizer que o maior erro político do partido, que causou enorme repercussão negativa, à vista da rejeição ao partido e da insatisfação do povo, foi a sua sucessora fazer depois das eleições tudo aquilo que teria prometido que não seria feito no seu governo.
Os fatos mostram, não somente por meio do vice-presidente, que o PT, nessa seara envolvendo sinceridade e verdade na política, tem muita dificuldade para se conduzir sob os princípios ético e moral, a partir dos escândalos de corrupção, com a deflagração de dois gigantescos casos: o mensalão e petrolão, todos altamente prejudiciais aos interesses nacionais, mas o ex-presidente e seus seguidores fanatizados garantem que o mensalão sequer existiu, tanto que os protagonistas dele são tratados pelos petistas como "guerreiros do povo brasileiro" e até de "heróis", em verdadeira alusão ao menosprezo à verdade dos fatos e clara demonstração de afronta à dignidade dos brasileiros, principalmente daqueles cônscios da necessidade da defesa da integridade moral e da probidade na administração pública, inclusive nas atividades político-partidárias.
Na verdade, os governistas entendem que a carta seria dispensável justamente porque ela não expõe absolutamente nada em reconhecimento aos possíveis feitos do PT, se existentes, quando isso teria sido de suma importância para mostrar a imprescindibilidade do partido para o país, mesmo diante de tanta desgraça atribuída ao governo, que foi capaz de conduzi-lo à terrível e trágica recessão, cujos reflexos maléficos e prejudicais já são responsáveis pelo pesadelo dos brasileiros, em razão do frenético aumento do desemprego, da alta das taxas de inflação e de juros, do crescimento das dívidas públicas, da drástica redução da arrecadação, da falta de credibilidade do governo, do sumiço do capital estrangeiro, da inexistência de investimentos público e privado, entre tantas dificuldades que contribuem para atormentar as condições de vida dos brasileiros, que estão cada vez mais preocupados com o futuro nada promissor da economia.
A situação da presidente do país fica cada vez mais periclitante, diante da sua comprovada incapacidade de esboçar medidas capazes de contornar as crises e de acenar para o norte seguro do desenvolvimento, que tem se tornado cada vez mais incerto com a continuidade do governo incompetente e ineficiente, que ainda tem o descrédito da opinião pública e dos investidores, estando, agora, muito enfraquecido e se debatendo, em processo de incômoda e contínua agonia, sobre suas incompetências e fragilidades administrativas, à procura de porto seguro que parece cada vez mais distante e inacessível, ante as terríveis dificuldades arquitetadas, projetadas e materializadas por ele próprio, graças às políticas desastradas, principalmente no campo econômico, conforme mostram os respectivos indicadores. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 09 de dezembro de 2015

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