quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

Analfabetos políticos, quem?


O petista, ex-presidente da República, manifestou apoio ao cantor e compositor que foi hostilizado por um grupo antipetista, quando ele saia de restaurante no Leblon, na zona sul do Rio de Janeiro, acompanhado de amigos cineasta, jornalista e escritor, que bateram boca com um integrante do grupo e discutiram sobre ideologia política.
Segundo relatos, o cantor e compositor, que é simpatizante do PT e já participou ativamente de várias campanhas do partido, manteve o tom de voz baixo e o bom humor durante a discussão, que começou com pergunta de um interlocutor: “Quero ouvir da sua boca: quem apoia o PT o que é?”. Respondeu o compositor: “É petista”. Retrucou o rapaz: “É um merda”.
Na mensagem de apoio ao compositor, o ex-presidente disse que “Chico Buarque é um patrimônio da cultura e do povo brasileiro; nosso maior artista, o mais fino intérprete da alma de nossa gente. É admirado, por tudo o que fez e faz na música e na literatura, e respeitado, como cidadão consciente que jamais se omitiu nas lutas pela democracia e justiça social. Um brasileiro com essa trajetória,... não merece ser ofendido, muito menos por sua coerência. É muito triste ver a que ponto o ódio de classe rebaixa o comportamento de alguns que se consideram superiores, mas não passam de analfabetos políticos... Receba, querido Chico, nossa solidariedade, sempre.”.
Em princípio, parece não haver o menor sentido o ex-presidente tentar qualificar de analfabetos políticos aqueles que demonstram antipatia pelo PT, dando a entender, ao contrário, que os simpatizantes fanatizados desse partido são doutores em política, capazes de dar aula sobre conhecimento e autoridade sobre política, quando na, realidade, não se pode questionar a formação intelectual de ninguém, quanto ao seu sentimento ideológico, quando seria ideal que os brasileiros convergissem seus pensamentos em benefício do Brasil, porquanto as ideologias partidárias tem sua importância quando ela não contribui para prejudicar os interesses nacionais.
 Por seu turno, também não se pode tachar de ódio de classe a atitude de alguém que demonstra antipatia pela forma deletéria como o governo e o seu partido vêm conduzindo os interesses dos brasileiros, cuja atuação, à toda evidência, que tem sido da pior qualidade possível, merecendo a reprovação dos cidadãos sensatos, patrióticos e honrados, que têm o direito cívico de repudiar o desmando, a incompetência, a inércia e a degradação da ética e das políticas públicas, com destaque para a desestruturação dos princípios da economia, comandados pela lastimável e perversa recessão econômica, responsável pelos atraso e subdesenvolvimento da nação.
É completamente incompreensível que intelectuais e doutores políticos, petistas de verdade, segundo a versão do todo-poderoso, sejam inflexíveis e incapazes de enxergar que o país se encontra abaixo do volume morto, considerados todos os aspectos da sua administração, preferindo ignorar a realidade nua e crua, em nome de ideologia naufragada e ultrapassada, que não consegue mostrar o contrário do caos que atormenta os brasileiros.
À luz da realidade brasileira e dos fatos político-administrativos, não parece ser inteligente a pessoa que ainda comunga com os mesmos ideários petistas, diante da indiscutível degeneração dos princípios da ética, competência e eficiência na gestão pública, cujo governo foi incapaz de evitar que o país entrasse de peito aberto no pior colapso da sua história, com destaque para a economia, com profunda e terrível recessão, desemprego, inflação ascendente, juros nas alturas, dívidas públicas incontroláveis, falta de investimentos, desindustrialização, resistência às reformas das estruturas do Estado, prestação de serviços públicos de péssima qualidade, insensibilidade para as priorizações das políticas públicas, entre tantas mazelas que contribuíram, de forma afirmativa, para o rebaixamento do grau de investimento do Brasil, por duas agências de classificação de risco, propiciando a debandada do capital estrangeiro investido no país.
Diante das pressões, o ministro da Fazenda foi obrigado a se mandar porque o seu plano de trabalho não estava satisfazendo a vontade dos caciques do partido do governo, uma vez que as medidas econômicas que ele tentava implantar estavam contribuindo para tornar o governo e o PT impopulares, por elas serem contrárias às ideologias petistas, motivando, com isso, inquietação nos grupos sociais, como se a economia do país devesse ser pensada e gerenciada de modo a agradar somente os petistas e seus fanatizados simpatizantes, em completa dissonância com os reais interesses nacionais.
É absolutamente inconcebível que pessoa inteligente, considerada celebridade nacional e internacional, seja capaz de utilizar seu potencial criativo em defesa não do país, como seria normal, ante o seu maior poder de discernimento sobre os fatos, mas sim de partido que se notabilizou, como nesse caso do ministro da Fazenda, pela utilização da máquina pública em benefício exclusivo de seus interesses e suas conveniências políticas, principalmente no caso da manutenção no poder, para cujo projeto têm sido empregados expedientes nada republicanos para a conquista e a manutenção da absoluta dominação, em total desprezo às causas nacionais, que ficaram em planos secundários.
          Não há a menor dúvida de que, como compositor, ele é incomparável e fantástico, mas é lamentável que não tenha um pingo de consciência quanto à avaliação da situação caótica que se encontra o país, graças às políticas desastradas do governo e do partido que ele defende com ardor, em que pese o princípio democrático possibilitar opção pela ideologia que melhor se adeque ao seu pensamento e sua posição política, mas é muito difícil compreender como o intelectual não seja capaz de enxergar, com nitidez, a realidade dos fatos, em que o país tomou o rumo da decadência própria das republiquetas.
O certo é que a governança do país não condiz com a grandeza e as potencialidades brasileiras, porque a preferência pelo socialismo, como forma de governo, não passa de populismo retrógrado e incapaz de propiciar os verdadeiros desenvolvimento, paz e harmonia sociais, a exemplo do que acontece na Venezuela e em outras nações que se encontram encalacradas com terríveis crises política, ética, social, econômica e democrática, impossibilitadas de propiciar bem-estar para a população.
A sociedade anseia por que haja governo capaz de estabelecer prioridades quanto às políticas públicas, de modo que elas sejam planejadas e executadas em harmonia exclusivamente com o princípio republicano, na compreensão de que todos são iguais perante a lei, na forma estabelecida na Carta Magna, com embargo da defesa de políticas públicas destinadas à exclusiva satisfação de agremiações e grupos sociais simpatizantes e aliados do governo, à vista da patente inconstitucionalidade de privilégios criados para segmentos sociais, em detrimento dos interesses dos brasileiros. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 24 de dezembro de 2015

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