domingo, 6 de dezembro de 2015

A legitimidade do impeachment


O ministro-chefe da Casa Civil da Presidência da República disse que “A decisão do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, de deflagrar processo de impeachment contra Dilma revela o desespero de quem, confrontado com acusações de suspeitas de corrupção, está disposto a lançar mão de todo e qualquer meio, incluindo a chantagem e a violação das regras democráticas, para salvar seu mandato e satisfazer seus interesses”.
A deflagração do processo de impeachment da petista tem por fundamento o alegado descumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal, por ela ter editado decretos liberando crédito extraordinário, em 2015, sem o aval do Congresso Nacional, ou seja, em dissonância com a Lei Orçamentária. 
Como se sabe, o presidente da Câmara é alvo de processo de investigação no Conselho de Ética dessa Casa, sob o argumento de ele ter mentido à CPI da Petrobras, quando teria afirmado, voluntariamente, que não possui contas no exterior, fato que contradiz informações enviadas pelo Ministério Público suíço ao Brasil, confirmando que o parlamentar é o beneficiário de dinheiro movimentado em contas no país europeu.
Tão logo o malogro do acordo para salvar as peles da presidente da República e do presidente da Câmara e do anúncio da bancada do PT que votaria pela continuidade do processo de cassação do peemedebista, este autorizou a abertura do processo de impeachment da presidente petista.
Em defesa da mandatária do país, o ministro da Casa Civil disse que "A presidenta Dilma não possui contas na Suíça e não está sendo acusada ou investigada por atos ilícitos. Ela foi eleita legitimamente, em eleições limpas e justas pelo povo brasileiro e, mesmo considerando a baixa popularidade ou a crise econômica momentânea. De cabeça erguida e empregando todos os meios legais e legítimos disponíveis, nosso governo lutará para demonstrar a fragilidade jurídica dessa manobra irresponsável e inconsequente. Confiamos na independência e na solidez de nossas instituições. O Brasil é maior e mais forte do que Eduardo Cunha".
Outro ministro também saiu em defesa da presidente do país, ao afirmar que "Uma irresponsabilidade com o país e uma tentativa de golpe que será derrotada. Toda a sociedade brasileira sabe que não há qualquer fundamento, nem jurídico nem político, que permita um pedido de impedimento da presidenta”.
Não há dúvida de que o presidente da Câmara se mantém nesse importante cargo da República por força de barganha e de chantagem, em vergonhoso e indecente processo de espúria persuasão, por meia da qual ele tem se relacionado com parlamentares para permanecer no poder, fato que demonstra a podridão que existe em um dos poderes mais importantes da administração pública, em clara demonstração de menosprezo aos princípios da moralidade, legalidade e dignidade que devem prevalecer também no exercício de cargos públicos eletivos.
Há, nesse imbróglio, muita dissimulação e descaramento, uma vez que um senador do PT carioca havia confirmado que estava em curso acordo entre o presidente da Câmara e a mandatária do país, evidentemente na tentativa de salvamento dos cargos de ambos, antes que os barcos deles se afundassem de vez, cujo timoneiro dessa questionável e suja operação teria sido exatamente o ministro da Casa Civil. Especula-se que a imunda tratativa não prosperou porque os fatos se tornaram públicos e a pressão foi além do limite tolerável, tendo, em consequência, o PT quebrado o acordo e o peemedebista se vingado, de forma cruel, por meio da abertura do processo de impeachment contra a presidente petista.
Esses fatos estranhos e ilícitos são corroborados pelos próprios deputados petistas da Comissão de Ética, que revelaram muita pressão gerada no Palácio do Planalto sobre eles, com a finalidade de salvar da degola o presidente da Câmara.
Também não há dúvida de que a presidente brasileira cometeu crime de responsabilidade fiscal, caracterizado pelas famosas pedaladas fiscais, nos anos de 2014 e 2015, como descumpriu os limites da meta fiscal, de que tratam as Leis de Responsabilidade Fiscal e de Diretrizes Orçamentárias, que foram, de forma irresponsável, indevida e injustificável, abonados pelo Congresso Nacional, no valor superior a R$ 120 bilhões, fato que, sem o menor cabimento, a livra do impeachment, por ter abusado na gastança e contribuído para o rombo nas contas públicas e no incremento abusivo das dividas públicas, contribuindo ainda para drástica redução dos investimentos em obras.
Na realidade, chantagem mesmo será praticada se o Congresso não promover as medidas necessárias ao afastamento da presidente, que deixou de honrar a liturgia do tão relevante cargo de presidente da República, em especial com a inobservância das normas de administração orçamentária e financeira, a que se referem as Leis de Responsabilidade Fiscal e de Diretrizes Orçamentárias, com reflexo no rombo das contas públicas e ainda tem sido extremamente ineficiente e incompetente na execução das políticas públicas, em especial as econômicas, à vista do pífio desempenho da economia, razão da terrível e profunda recessão, além de tantos malefícios que estão causando enormes prejuízos ao país e aos brasileiros, sobrelevando ainda o conjunto das mentiras e invencionices, que mais tarde foram contraditadas por atos que ela disse que jamais faria.
O presidente da Câmara pode até fazer "chantagem" para salva o próprio cargo, mas a presidente do país também pode ter cometido idêntico crime, para obter o apoio dos congressistas aos seus projetos no Congresso, inclusive com a blindagem contra seu impeachment, quando ela promoveu a reforma ministerial com a finalidade de aglutinar junto à sua base de sustentação parlamentares, mediante o loteamento de ministérios e empresas estatais entre eles, como forma de fidelização ao apoio a ela, conforme ficou conhecido esse espúrio processo de distribuição de cargos públicos.
É de se lastimar o comportamento arrogante dos petistas, que se acham bons e eternos jogadores de cartas marcadas, como nesse caso, quando eles se julgam verdadeiros santos e injustiçados, sem máculas, sendo sempre arredios às verdades que eles não gostam nem um pouco de ouvir, principalmente quando isso possa contrariar seus interesses.
O sentimento dos brasileiros é de enorme indignação, em razão de o pedido de impeachment em apreço não ter sido aceito tão logo quando ele foi apresentado, porque provavelmente a presidente já teria sido afastada do cargo e o país não teria corrido o risco de se afundar ainda mais, como de fato aconteceu, com a piora do desempenho das contas públicas e da economia, com a contabilização de déficits e prejuízos.
A indignidade dos brasileiros é mais do que notória, diante da continuidade de governo que foi capaz de conduzir o país para a trágica e cruel recessão, onde, diferentemente do que acontece nos países governados com competência e eficiência, a economia tupiniquim anda para trás e contribui para o desemprego, a desindustrialização e a falta de investimentos em obras de impacto, entre tantas degenerações dos fatores econômicos contrários ao desenvolvimento do país.
Os congressistas cometerão impeachment contra os brasileiros se não derem continuidade ao processo que objetiva o afastamento da presidente do cargo mais relevante da nação, tendo em vista que ela cometeu crime ainda mais grave que o de responsabilidade fiscal, por ter conduzido o país à terrível recessão, onde a economia anda de ré e as consequências são trágicas para os brasileiros. Somente isso já era mais do que suficiente para o afastamento da petista do cargo de presidente do país, que não pode regredir ainda mais com ela no comando.
Chega a ser risível o ministro dizer que a presidente foi eleita legitimamente, em eleição limpa e justa, quando até o próprio cacique-mor do partido já ter declarado publicamente que ela mentiu descaradamente para os eleitores dela, com vistas a conquistar a reeleição, não podendo se considerar isso justo nem limpo, porque se trata de fato que, por si só, justifica o afastamento dela do cargo mais relevante do país, eis que mentiras não condizem com os princípios da dignidade e da nobreza que devem imperar sempre não somente na Presidência da República, mas em todos os cargos públicos eletivos.
Urge que os brasileiros tenham a consciência de que a mudança de governo é alternativa extremamente salutar para o fortalecimento da democracia, notadamente quando o governante tenha demonstrado, de forma irrefutável, falta de condições administrativas para o desempenho do exercício do cargo ou a sua gestão seja causadora de danos aos interesses da nação, motivando a sua saída como medida preventiva de maiores transtornos à administração do país. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 06 de dezembro de 2015

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