sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

Puro sentimento de dominação


Quando o ex-ministro da Fazenda assumiu o cargo, ele tinha a gigantesca missão de eliminar o absurdo déficit fiscal, impedir que as agências de classificação de risco tirassem o grau de investimento do país, reverter o excesso de intervencionismo estatal, evitar que a economia ingressasse em terrível recessão, entre outras mediocridades altamente preocupantes que então se descortinavam no horizonte não muito distante.
Para complicar o cenário econômico, a credibilidade do governo e do PT já estava em escala ascendente, em face, principalmente, da incompetência administrativa, com o fiasco da gestão dos recursos públicos, e do famigerado escândalo do petrolão, objeto das investigações da Operação Lava-Jato, diante dos pagamentos de propinas provenientes de contratos da Petrobras, que contribuíram para empurrar o governo para a desgraça.
Em que pese o esforço do ministro de então, as medidas econômicas que ele propôs foram nada eficientes para evitar que o país fosse empurrado para a terrível recessão econômica; o índice de aprovação do governo caísse para patamar sofrível da casa de um dígito; o país fosse severa e justamente penalizado por duas agências de classificação de risco, com o rebaixamento do grau de investimento do Brasil, justamente pelo pífio desempenho da economia; a presidente não respondesse a processo de impeachment, por ter deixado de cumprir as normas insculpidas nas Leis de Responsabilidade Fiscal e de Diretrizes Orçamentárias, pela caracterização do crime de responsabilidade fiscal; entre outras precariedades que contribuíam para piorar o quadro caótico, principalmente da economia, cujos indicadores ainda projetam horizontes sombrios e nada animadores.
É evidente que a substituição do ministro da Fazenda é somente o começo da montanha de dificuldades para o governo superar, em especial, na economia, porque o então ministro parecia que remava contra a maré, envolto por muitos obstáculos que se multiplicavam no interior do governo e no PT, quando este promovia amiúdes conspirações contra a permanência dele no cargo, tudo contribuindo para tornar impraticável a sua permanência à frente da Fazenda, ante a gravidade da sua situação, por ter tentado imprimir austeridade fiscal necessária à retirada da economia do estado caótico, mas a sua boa intenção parou por aí, porque o remédio econômico administrado era politicamente incompatível com a ideologia do partido do governo, que tem projeto único e especial de perenidade no poder, que não se harmoniza com políticas restritivas e desagradáveis para os grupos sociais que defendem o governo e o PT.
O então ministro defendia, de forma correta, que somente por meio de medidas de austeridade fiscal seria possível deter o aumento da dívida, restaurar a credibilidade do governo por parte dos investidores, controlar a inflação e impedir novas altas na taxa de juros, mas essas medidas nunca foram capazes de convencer plenamente a presidente do país, pondo sob risco o plano de austeridade fiscal, que se tornou peça ambígua, principalmente no descortinar do acolhimento do pedido de impeachment contra a presidente do país, quando, para se manter viva no cargo, ela precisa do apoio de sua base de esquerda, que sempre demonstrou desagrado contra o “neoliberalismo” insensível das políticas adotadas pelo ex-ministro e defesa da ampliação dos gastos públicos, como forma de estimular a economia e beneficiar políticas sociais.
É muito difícil se acreditar que o novo ministro, tido como simpatizante do PT, tenha prometido, pasmem, que vai dar continuidade às políticas do seu antecessor, com a garantia à imprensa que “Nosso maior desafio é fiscal”, cuja afirmação não foi capaz de acalmar o mercado financeiro, que não parece ter acreditado nessa surpreendente medida, uma vez que a moeda brasileira e a Bolsa de Valores de São Paulo sofreram perdas acentuadas com a notícia da troca de ministro.
As afirmações do novo ministro até podem ter algum fundo de sinceridade, mas dificilmente as reformas fiscais serão implementadas enquanto o imbróglio do impeachment da presidente não for resolvido pelo Congresso Nacional, que poderá se estender por alguns meses e prolongar a agonia do governo.
          Embora o ex-ministro tivesse tentado, sem sucesso, ser austero e rigoroso contra a gastança do governo, sua passagem pela Fazenda ficou indelevelmente marcada por pacotes com temas fiscais e econômicos que não surtiram o menor efeito positivo para melhorar a já caótica situação econômica, que simplesmente teve acentuada piora sob seu comando.
Quando o ex-ministro assumiu o cargo, já era preocupante o desempenho das políticas econômicas, mas, no momento da sua defenestração, praticamente pela porta dos fundos, ante a sua antipatia pelos petistas, nada poderia ser pior, a exemplo do pífio resultado do PIB, dos aumentos da inflação, dos juros e das dívidas públicas, do desemprego, da diminuição da arrecadação, do completo descrédito do governo, da debandada do capital estrangeiro, da desindustrialização, da falta de competitividade da produção nacional, da inexistência de investimentos, entre muitas mazelas que somente contribuíram para o desprestígio da autoridade do então ministro da Fazenda, apesar da fama que ele tinha como bom economista, considerado, no governo anterior, como o famoso "mãos de tesoura", ante a efetividade de medidas de austeridade que contribuíram para melhorar o desempenho da então economia, cujo milagre não houve nesta sua passagem pelo governo, quando tudo funcionou contrariamente, em que pesem seus esforços para o soerguimento da economia.
Não basta apenas ter nome forte no mercado financeiro, se não combiná-lo com políticas públicas efetivamente eficientes e eficazes para solucionar as graves e tormentosas questões econômicas, que não podem ficar à mercê de ideologias vinculadas a partido que se estruturou com a exclusiva finalidade de perpetuação no poder, com políticas voltadas para o social e desprezo das questões de relevância nacional, cujas medidas econômicas não podem ser implementadas se elas não estiveram em consonância com o pensamento da permanência no poder, mesmo que isso possa prejudicar os interesses nacionais, como foi exatamente o que aconteceu com as medidas de iniciativa do então ministro da Fazenda, que vinham contrariando, na essencialidade, os interesses dos petistas, ante a sua demonstração de insatisfação sobre o desempenho dele, que não conseguia ou tinha dificuldade para a aprovação de seus projetos, sempre bombardeados pela turma do contra, diante da evidência do enorme temor pela perda de popularidade por parte do governo e do PT, em razão das medidas necessárias ao interesse da nação, mas interpretadas como contrárias às causas das bases sociais, fato que demonstrava verdadeiro contrassenso e retrocesso no seio petista.
A avaliação imparcial da situação econômica brasileira permite se inferir que são gigantescas as dificuldades a serem enfrentadas pelo novo ministro da Fazenda, que por certo não dará conta da árdua missão, por ter demonstrado ser mero bedel, menino fiel de recados da presidente do país, conquanto seu pensamento econômico que visa tão somente resultados eleitorais bons para o PT e o ex-presidente. Ressalte-se que, certa feita, ele disse, a propósito de o Banco Central do Brasil ter acenado com a elevação de juros, para equilibrar a política monetária, que "O Banco Central é terrorista. E com terroristas não se negocia.", dando a entender que o seu pensamento não condiz com os interesses nacionais, mas sim com a ideologia da dominação do poder, muito própria do sentimento petista.
Urge que os brasileiros se conscientizem, com urgência, de que as politicas públicas e as causas nacionais devem prevalecer sempre sobre os interesses partidários ou de grupos sociais, que até podem ter suas razões ideológicas, mas o Brasil e a população em geral estão acima de qualquer pensamento ideológico ou sentimento pessoal ou partidário, não podendo o governo implantar metas de gestão pública destinadas exclusivamente à vontade de seus caciques partidários e de grupos e organismos sociais, diante do ferimento do princípio de nacionalidade e de República, onde todos são iguais perante a lei, conforme estabelece a Carta Magna. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 25 de dezembro de 2015

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