Quando o ex-ministro da Fazenda assumiu o cargo,
ele tinha a gigantesca missão de eliminar o absurdo déficit fiscal, impedir que
as agências de classificação de risco tirassem o grau de investimento do país,
reverter o excesso de intervencionismo estatal, evitar que a economia ingressasse
em terrível recessão, entre outras mediocridades altamente preocupantes que então
se descortinavam no horizonte não muito distante.
Para complicar o cenário econômico, a credibilidade
do governo e do PT já estava em escala ascendente, em face, principalmente, da
incompetência administrativa, com o fiasco da gestão dos recursos públicos, e
do famigerado escândalo do petrolão, objeto das investigações da Operação
Lava-Jato, diante dos pagamentos de propinas provenientes de contratos da
Petrobras, que contribuíram para empurrar o governo para a desgraça.
Em que pese o esforço do ministro de então, as
medidas econômicas que ele propôs foram nada eficientes para evitar que o país
fosse empurrado para a terrível recessão econômica; o índice de aprovação do
governo caísse para patamar sofrível da casa de um dígito; o país fosse severa
e justamente penalizado por duas agências de classificação de risco, com o rebaixamento
do grau de investimento do Brasil, justamente pelo pífio desempenho da
economia; a presidente não respondesse a processo de impeachment, por ter deixado
de cumprir as normas insculpidas nas Leis de Responsabilidade Fiscal e de
Diretrizes Orçamentárias, pela caracterização do crime de responsabilidade
fiscal; entre outras precariedades que contribuíam para piorar o quadro
caótico, principalmente da economia, cujos indicadores ainda projetam
horizontes sombrios e nada animadores.
É evidente que a substituição do ministro da
Fazenda é somente o começo da montanha de dificuldades para o governo superar,
em especial, na economia, porque o então ministro parecia que remava contra a
maré, envolto por muitos obstáculos que se multiplicavam no interior do governo
e no PT, quando este promovia amiúdes conspirações contra a permanência dele no
cargo, tudo contribuindo para tornar impraticável a sua permanência à frente da
Fazenda, ante a gravidade da sua situação, por ter tentado imprimir austeridade
fiscal necessária à retirada da economia do estado caótico, mas a sua boa
intenção parou por aí, porque o remédio econômico administrado era politicamente
incompatível com a ideologia do partido do governo, que tem projeto único e
especial de perenidade no poder, que não se harmoniza com políticas restritivas
e desagradáveis para os grupos sociais que defendem o governo e o PT.
O então ministro defendia, de forma correta, que
somente por meio de medidas de austeridade fiscal seria possível deter o
aumento da dívida, restaurar a credibilidade do governo por parte dos
investidores, controlar a inflação e impedir novas altas na taxa de juros, mas
essas medidas nunca foram capazes de convencer plenamente a presidente do país,
pondo sob risco o plano de austeridade fiscal, que se tornou peça ambígua,
principalmente no descortinar do acolhimento do pedido de impeachment contra a
presidente do país, quando, para se manter viva no cargo, ela precisa do apoio
de sua base de esquerda, que sempre demonstrou desagrado contra o
“neoliberalismo” insensível das políticas adotadas pelo ex-ministro e defesa da
ampliação dos gastos públicos, como forma de estimular a economia e beneficiar
políticas sociais.
É muito difícil se acreditar que o novo ministro,
tido como simpatizante do PT, tenha prometido, pasmem, que vai dar continuidade
às políticas do seu antecessor, com a garantia à imprensa que “Nosso maior desafio é fiscal”, cuja
afirmação não foi capaz de acalmar o mercado financeiro, que não parece ter
acreditado nessa surpreendente medida, uma vez que a moeda brasileira e a Bolsa
de Valores de São Paulo sofreram perdas acentuadas com a notícia da troca de
ministro.
As afirmações do novo ministro até podem ter algum
fundo de sinceridade, mas dificilmente as reformas fiscais serão implementadas
enquanto o imbróglio do impeachment da presidente não for resolvido pelo
Congresso Nacional, que poderá se estender por alguns meses e prolongar a
agonia do governo.
Embora o ex-ministro tivesse tentado,
sem sucesso, ser austero e rigoroso contra a gastança do governo, sua passagem
pela Fazenda ficou indelevelmente marcada por pacotes com temas fiscais e
econômicos que não surtiram o menor efeito positivo para melhorar a já caótica
situação econômica, que simplesmente teve acentuada piora sob seu comando.
Quando
o ex-ministro assumiu o cargo, já era preocupante o desempenho das políticas
econômicas, mas, no momento da sua defenestração, praticamente pela porta dos
fundos, ante a sua antipatia pelos petistas, nada poderia ser pior, a exemplo
do pífio resultado do PIB, dos aumentos da inflação, dos juros e das dívidas
públicas, do desemprego, da diminuição da arrecadação, do completo descrédito
do governo, da debandada do capital estrangeiro, da desindustrialização, da
falta de competitividade da produção nacional, da inexistência de
investimentos, entre muitas mazelas que somente contribuíram para o
desprestígio da autoridade do então ministro da Fazenda, apesar da fama que ele
tinha como bom economista, considerado, no governo anterior, como o famoso
"mãos de tesoura", ante a efetividade de medidas de austeridade que
contribuíram para melhorar o desempenho da então economia, cujo milagre não
houve nesta sua passagem pelo governo, quando tudo funcionou contrariamente, em
que pesem seus esforços para o soerguimento da economia.
Não
basta apenas ter nome forte no mercado financeiro, se não combiná-lo com
políticas públicas efetivamente eficientes e eficazes para solucionar as graves
e tormentosas questões econômicas, que não podem ficar à mercê de ideologias
vinculadas a partido que se estruturou com a exclusiva finalidade de
perpetuação no poder, com políticas voltadas para o social e desprezo das questões
de relevância nacional, cujas medidas econômicas não podem ser implementadas se
elas não estiveram em consonância com o pensamento da permanência no poder,
mesmo que isso possa prejudicar os interesses nacionais, como foi exatamente o
que aconteceu com as medidas de iniciativa do então ministro da Fazenda, que
vinham contrariando, na essencialidade, os interesses dos petistas, ante a sua
demonstração de insatisfação sobre o desempenho dele, que não conseguia ou
tinha dificuldade para a aprovação de seus projetos, sempre bombardeados pela
turma do contra, diante da evidência do enorme temor pela perda de popularidade
por parte do governo e do PT, em razão das medidas necessárias ao interesse da
nação, mas interpretadas como contrárias às causas das bases sociais, fato que
demonstrava verdadeiro contrassenso e retrocesso no seio petista.
A
avaliação imparcial da situação econômica brasileira permite se inferir que são
gigantescas as dificuldades a serem enfrentadas pelo novo ministro da Fazenda,
que por certo não dará conta da árdua missão, por ter demonstrado ser mero
bedel, menino fiel de recados da presidente do país, conquanto seu pensamento
econômico que visa tão somente resultados eleitorais bons para o PT e o ex-presidente.
Ressalte-se que, certa feita, ele disse, a propósito de o Banco Central do
Brasil ter acenado com a elevação de juros, para equilibrar a política
monetária, que "O Banco Central é
terrorista. E com terroristas não se negocia.", dando a entender que o
seu pensamento não condiz com os interesses nacionais, mas sim com a ideologia
da dominação do poder, muito própria do sentimento petista.
Urge
que os brasileiros se conscientizem, com urgência, de que as politicas públicas
e as causas nacionais devem prevalecer sempre sobre os interesses partidários
ou de grupos sociais, que até podem ter suas razões ideológicas, mas o Brasil e
a população em geral estão acima de qualquer pensamento ideológico ou
sentimento pessoal ou partidário, não podendo o governo implantar metas de
gestão pública destinadas exclusivamente à vontade de seus caciques partidários
e de grupos e organismos sociais, diante do ferimento do princípio de nacionalidade
e de República, onde todos são iguais perante a lei, conforme estabelece a
Carta Magna. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 25 de dezembro de 2015
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