Segundo a revista Veja, foi intensa a pressão sobre os governadores para a
assinatura da carta de apoio à presidente e contra o seu impeachment, embora
eles tivessem ido ao Palácio do Planalto, em princípio, para tratar com
exclusividade da epidemia de zika vírus.
Alguns governadores teriam se reunidos, na sede do
governo de São Paulo na capital federal, antes do encontra com a presidente do
país, justamente para evitar abordagem sobre tema diferente. Não assinaram a
moção em apoio à petista os governadores de São Paulo, Mato Grosso do Sul,
Espírito Santo, Goiás, Rio Grande do Sul e Pará, que tinham participado da
aludida reunião.
O governador de Santa Catarina descreveu para seus
pares que ele foi intensamente pressionado a assinar a carta “pró-Dilma”, e se
dizia constrangido de ter prestado seu apoio, demonstrando, com isso ser homem
público flexível a apelo por causa contrária ao seu convencimento político.
A matéria diz ainda que outro governador teria relatado,
sob anonimato, que, já dentro da reunião sobre saúde, foi instado por um colega
a assinar o documento, mas se recusou. Em que pese ele não ter declinado seu
nome, fica claro que o homem público deve ser bastante fleumático para atuar
exclusivamente em atendimento ao interesse público e não se curvar a atos
inescrupulosos e contrários à dignidade ínsita no âmbito da sua representação popular.
Cada vez mais a presidente da República fica sem
moral diante dos brasileiros, quando deixa transparecer para o mundo externo o seu
lado de coação incompatível com a correção que se exige na administração dos
assuntos do interesse dos brasileiros, como no caso em comento, em que se aproveita
a realização de evento com a finalidade para se discutir assunto sobre causa
pública para barganhar apoio constrangido de governadores em defesa de situação
pessoal, que consiste no envolvimento dela com o crime de responsabilidade
fiscal, objeto de processo de impeachment no Congresso Nacional, cabendo, no
caso, exclusivamente a ela se defender e mostrar que não teria infringido as
normas de administração orçamentária e financeira, muito bem postas nas
proibições estabelecidas nas Leis de Responsabilidade Fiscal e de Diretrizes
Orçamentárias.
Tal constrangimento poderia ter sido evitado se os
governadores presentes ao encontro tivessem a dignidade para desempenhar seus
cargos com autonomia e independência, não permitindo se curvar ao desespero da
mandatária do país, que tem feito, às claras, indevida e ilicitamente, uso da
máquina pública para satisfazer interesses pessoais, a exemplo desse encontro
de autoridades públicas, que vieram a Brasília para tratar de questões
relacionadas com a pavorosa situação da epidemia de zika vírus, em evidente
demonstração de como o governo não faz a menor ideia do que sejam interesses
públicos e privados, por simplesmente confundi-los em evento que deveria ser
exclusivamente público, como determina o figurino da administração pública.
A hipocrisia do governo é tanta que, a todo
instante, a petista diz, como o que acaba de ser pronunciado por ela em evento
público, que "não há nenhum delito,
nenhum crime apontado contra nós" , como se fosse normal confundir o
privado com o público ou vice-versa, ao exigir que os governadores se
posicionem a seu favor, contra o procedimento do impeachment, que certamente
contraria o sentimento de mais de 70% dos brasileiros, que são favoráveis ao
afastamento dela do cargo presidencial, por não suportarem mais que a nação
passe por tamanha tragédia da recessão econômica, do desemprego, das taxas de
inflação e de juros nas alturas, da drástica redução da arrecadação, da falta
de confiança da gestão pública, da debandada do capital estrangeiro, da
inexistência de reformas das estruturas do Estado, da priorização somente da
distribuição de renda, que é importante não fosse o viés eleitoreiro de que se
trata, do desprezo às políticas voltadas para o desenvolvimento econômico, da
falta de investimentos público e privado, entre tantas mazelas que foram
capazes de contribuir para a destruição das esperanças dos brasileiros por
melhores condições de vida, ante as incertezas materializadas pela marca da
incapacidade, incompetência e ineficiência da administração do país.
Não há dúvida de que a insipiência impregnada na
gestão pública foi capaz tão somente de pensar pacotes e mais pacotes para
sacrificar os brasileiros, com aumentos de tributos e de serviços administrados
pelo governo, além da recriação da famigerada e abominável CPMF, tudo com a
finalidade para parar a sangria exposta do injustificável e irresponsável rombo
das contas públicas, como medidas de cunho exclusivamente paliativo, porque o
resultado dos ajustes pode apenas estancar, se possível, os déficits públicos,
sem a menor perspectiva para a formação de superávit para investimentos e
pagamento das dívidas públicas, que se tornaram incontroláveis e impagáveis,
diante das estratosféricas taxas de juros, tudo sendo contabilizado para que a
fatura seja liquidada, de forma coercitiva, pelos bestas dos contribuintes.
Diante desse quadro de penúria das contas públicas,
não há, por parte do governo, a menor preocupação em promover abrangente racionalização
de suas despesas, como forma a se enxugar a pesada e ineficiente máquina púbica
e de se reduzir as gastanças que adentram de forma irresponsável nos limites
das metas fiscais, que são abonados, de maneira igualmente irresponsável e
injustificável, pelos congressistas, que, recentemente, autorizaram a
presidente a gastar além do dinheiro em caixa, fazendo com que haja estouro das
dividas públicas e inexistência de investimento em obras necessárias à melhora
das condições de vida dos brasileiros e ao desenvolvimento do país.
Convém que os brasileiros se conscientizem, com a
máxima urgência, sobre a imperiosa necessidade da mudança de governabilidade,
de modo que o novo estadista tenha visão republicana e democrática no sentido de
revolucionar as estruturas administrativas da depauperada e obsoleta República,
com a imediata implantação de princípios efetivamente de competência,
eficiência e otimização em todos os recantos da administração pública, a
imprescindibilidade da observância, com extremo rigor, dos princípios da ética,
moralidade, economicidade, legalidade, dignidade e transparência e a
determinação de que passa a prevalecer, nas estruturas públicas, com absoluta
prioridade o atendimento de questões relacionadas com o interesse dos
brasileiros, com embargo da odiosa defesa das causas pessoais e/ou partidárias,
sob pena de responsabilização. Acorda, Brasil!
ANTONIO
ADALMIR FERNANDES
Brasília,
em 10 de dezembro de 2015
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