domingo, 6 de dezembro de 2015

Premiação à fraqueza administrativa


Segundo a avaliação da revista britânica The Economist, o início do processo de impeachment da presidente da República pode, ironicamente, aumentar as chances de sobrevivência política da petista até 2018,
O texto afirma que "A ação de Cunha é falha e ameaça apenas afundar o Brasil ainda mais na lama", aproveitando para criticar a petista, chamando-a "a presidente mais impopular e ineficaz da história moderna brasileira".
A revista ressalta que o "tempo trabalha a favor" da petista, porquanto a atitude do peemedebista "parece um ato de vingança", à vista da gravidade do envolvimento dele nos fatos objeto das investigações da Operação Lava-Jato, notadamente com a descoberta, pelo Ministério Público Federal, de contas não declaradas do peemedebista na Suíça, cujo dinheiro teria sido desviado da Petrobras.
A reportagem, tendo o título de "Dilma's Disasters" (Os Desastres de Dilma), diz que "Cunha pode ser facilmente visto como agindo em interesse próprio do que um homem de Estado, colocando uma interrogação sobre toda a confusão. O PT tende a cerrar fileiras em apoio à presidente, e Dilma sem dúvida será mais firme do que nunca em não renunciar, como alguns na oposição esperavam".
Segundo a Economist, o fato é que a oposição, no momento, não conta a seu favor, na Câmara, com os 342 votos, no total de 512, necessários para derrotar a presidente brasileira, embora essa situação possa se reverter, caso surjam provas contra ela, vindas das investigações da Operação Lava-Jato.
Ao ensejo, a publicação aproveita para responsabilizar a petista pelo gigantesco "desastre econômico" no Brasil, que atribui às "políticas fiscais e monetárias irresponsáveis e ao incessante intervencionismo microeconômico" do primeiro mandato (2010-2014)”. No entanto, a revista diz que a presidente "merecia mais alguns meses para tentar retomar as rédeas. Se ela falhasse, aí haveria um motivo forte para convencê-la a renunciar pelo bem do país. Ao atacar cedo demais e com os motivos mais inconvincentes, Cunha talvez tenha dado sobrevida maior a uma presidente fraca e destrutiva.".
A revista salienta que a presidente "não seria a primeira a adulterar contas públicas, mas lembra de que a gestão da petista foi a primeira a ter contas rejeitadas por órgão de controle (Tribunal de Contas da União).”, embora esse fato tenha sido o principal motivo para o acolhimento do pedido de impeachment, consistindo na abertura, em 2015, por decreto, de créditos suplementares pela presidente, em dissonância com a Lei Orçamentária.
A revista parece ter sido muito feliz em aduzir, com bastante clarividência, sobre a realidade dos fatos que se passam na administração do país, ao sentenciar que o impeachment "É tudo o que o Brasil precisava. Com um enorme escândalo de corrupção a todo vapor, economia em queda livre, finanças públicas em frangalhos - e uma classe política que age em causa própria e sem intenção de enfrentar nenhum desses problemas - o país agora foi servido com uma crise constitucional".
O texto também faz comparação entre a situação da petista com a do ex-presidente alagoano, que sofreu processo de impeachment nos idos de 1992, tendo apontado três componentes bem semelhantes entre ambos, a exemplo “da falta de habilidade para lidar com um quadro político fragmentado, a baixa popularidade e a economia em baixa.”.
Economist salienta que a presidente não é acusada de enriquecimento ilícito e mantém o apoio de seu partido.
A revista tocou em um assunto que parece ser crucial, porém de suma importância para a compreensão do momento político, ao afirmar: "E talvez o mais importante: há pouca evidência de que a oposição queira assumir a bagunça das mãos de Dilma. Preferiria vê-la sofrer e obter uma vitória fácil na próxima eleição em 2018.".
O texto é finalizado com a afirmação de que "Infelizmente, o furor irá deslocar a atenção já dispersa dos políticos brasileiros das soluções para os muitos problemas do país, a começar pelo déficit crescente no Orçamento. A História poderá julgar esse como o maior pecado de Cunha.".
As entranhas da República foram postas às avessas pela revista, no seu texto claro e direto, mostrando a real situação do país, que atravessa crises bem próximas da impossibilidade de superação, tamanhas são as dificuldades que se apresentam diante de presidente que já demonstrou, de forma cabal e cristalina, que não tem as mínimas condições para dominar as gigantescas crises política, econômica e administrativa, à vista da progressiva destruição da capacidade de reversão quadro de precariedade que conseguiram se instalar em todos os setores do país, notadamente na economia, com o predomínio da desagradável e incômoda recessão, que provoca os mais horrorosos estragos nos fatores da produção, do consumo e do desenvolvimento, além de contribuir para a drástica redução dos investimentos público e privado, que são a mola capaz de fazer a retomada do tão almejado crescimento do país.
As dificuldades são tão visíveis no governo que não se vislumbra a menor nesga de esperança, porquanto os indicadores passíveis de recuperação das crises são totalmente inexistentes, restando, como componentes prevalentes, no momento, na presença da administração do país, o enorme e assombroso escândalo de corrupção; a economia em frangalho e em queda livre; as finanças públicas em continuada inconsistência, padecendo pelo perigoso rombo nas contas públicas; o desalentador descrédito sobre a presidente; a indignidade na administração pública, com o exacerbado fisiologismo para a manutenção da classe dominante no poder; as inverdades como argumentos de inconsistência nefasta de governo; a classe política agindo escancaradamente em causa própria e em total menosprezo à defesa dos interesses públicos; tudo, enfim, conspirando contra os salutares princípios da ética, da moralidade, da honestidade, do decoro e da dignidade, que são requisitos indissociáveis do exercício lícito dos cargos públicos eletivos.
Para a solução da situação brasileira, que atingiu o clímax da mediocridade, são aventadas muitas possibilidades, como, entre outras, a continuidade do governo e a mais desastrosa do impeachment, menos a que poderia ser a mais razoável, como a renúncia da presidente, pelo bem do país, além de mostrar inteligência por parte de quem é acusada de ter conduzido o país ao debacle em todos os sentidos, cujo ato teria o condão de se evitar o terrível desgaste político e a possiblidade de o país ser levado a maiores dificuldades, com inevitáveis prejuízos aos interesses dos brasileiros, para quem a presidente não demonstra o menor respeito, à vista de já ter declarado que a sua preocupação é com aqueles que votaram nela, em nítido ferimento do princípio republicano, que estabelece que o presidente do país deva governar para os brasileiros, independentemente da vontade daqueles que não votaram nela ou desaprovam os danos causados por ela aos interesses nacionais, que já seriam mais do que suficientes para o seu afastamento do principal cargo da República, que há muito tempo deixou de ser exercido com as necessárias competência e eficiência de zeloso de estadista pela coisa pública, uma vez que o desapego a esses conceitos levou o país às precariedades constatadas até mesmo por meio de comunicação internacional, a exemplo da Economist.
Diante desse quadro de horrores e de desesperança, é lícito se concluir que as dificuldades, que já são monstruosas, à vista do conjunto dos elementos e indicadores político, econômico, moral, entre tantas outras mazelas visivelmente presentes no Palácio do Planalto, que não esboça senão a reação de que a situação tende a melhorar, sem sinalizar medidas para tanto, tenderão a piorar com a nítida resistência da presidente do país de tensionar cada vez mais o fio condutor das crises instaladas no seu governo, pela demonstração de que pouco importam as consequências nefastas e desastrosas para a sociedade, porque a prioridade é salvá-la da degola, por indiscutíveis incompetência e destruição do país, com suas horrorosas políticas e ações comprovadamente contrárias aos interesses nacionais, secundadas pela recessão econômica, pelo descrédito dos brasileiros e dos investidores nacionais e estrangeiros, pelo rombo nas contas públicas, em razão das gastanças irresponsáveis, entre outras precariedades que não condizem com as potencialidades do país continente como o Brasil. Acorda, Brasil!       
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 06 de dezembro de 2015

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