Segundo
a avaliação da revista britânica The
Economist, o início do processo de impeachment da presidente da República
pode, ironicamente, aumentar as chances de sobrevivência política da petista até
2018,
O
texto afirma que "A ação de Cunha é
falha e ameaça apenas afundar o Brasil ainda mais na lama", aproveitando
para criticar a petista, chamando-a "a
presidente mais impopular e ineficaz da história moderna brasileira".
A
revista ressalta que o "tempo
trabalha a favor" da petista, porquanto a atitude do peemedebista "parece um ato de vingança", à vista
da gravidade do envolvimento dele nos fatos objeto das investigações da
Operação Lava-Jato, notadamente com a descoberta, pelo Ministério Público
Federal, de contas não declaradas do peemedebista na Suíça, cujo dinheiro teria
sido desviado da Petrobras.
A
reportagem, tendo o título de "Dilma's Disasters" (Os Desastres de
Dilma), diz que "Cunha pode ser
facilmente visto como agindo em interesse próprio do que um homem de Estado,
colocando uma interrogação sobre toda a confusão. O PT tende a cerrar fileiras
em apoio à presidente, e Dilma sem dúvida será mais firme do que nunca em não
renunciar, como alguns na oposição esperavam".
Segundo
a Economist, o fato é que a
oposição, no momento, não conta a seu favor, na Câmara, com os 342 votos, no
total de 512, necessários para derrotar a presidente brasileira, embora essa
situação possa se reverter, caso surjam provas contra ela, vindas das investigações
da Operação Lava-Jato.
Ao
ensejo, a publicação aproveita para responsabilizar a petista pelo gigantesco "desastre econômico" no Brasil, que atribui
às "políticas fiscais e monetárias
irresponsáveis e ao incessante intervencionismo microeconômico" do
primeiro mandato (2010-2014)”. No entanto, a revista diz que a presidente "merecia mais alguns meses para tentar
retomar as rédeas. Se ela falhasse,
aí haveria um motivo forte para convencê-la a renunciar pelo bem do país. Ao
atacar cedo demais e com os motivos mais inconvincentes, Cunha talvez tenha
dado sobrevida maior a uma presidente fraca e destrutiva.".
A
revista salienta que a presidente "não
seria a primeira a adulterar contas públicas, mas lembra de que a gestão da
petista foi a primeira a ter contas rejeitadas por órgão de controle
(Tribunal de Contas da União).”, embora esse fato tenha sido o principal motivo
para o acolhimento do pedido de impeachment, consistindo na abertura, em 2015, por
decreto, de créditos suplementares pela presidente, em dissonância com a Lei
Orçamentária.
A
revista parece ter sido muito feliz em aduzir, com bastante clarividência, sobre
a realidade dos fatos que se passam na administração do país, ao sentenciar que
o impeachment "É tudo o que o Brasil
precisava. Com um enorme escândalo de corrupção a todo vapor, economia em queda
livre, finanças públicas em frangalhos - e uma classe política que age em causa
própria e sem intenção de enfrentar nenhum desses problemas - o país agora foi
servido com uma crise constitucional".
O
texto também faz comparação entre a situação da petista com a do ex-presidente alagoano,
que sofreu processo de impeachment nos idos de 1992, tendo apontado três
componentes bem semelhantes entre ambos, a exemplo “da falta de habilidade para lidar com um quadro político fragmentado, a
baixa popularidade e a economia em baixa.”.
A Economist salienta que a presidente não
é acusada de enriquecimento ilícito e mantém o apoio de seu partido.
A
revista tocou em um assunto que parece ser crucial, porém de suma importância
para a compreensão do momento político, ao afirmar: "E talvez o mais importante: há pouca evidência de que a oposição queira
assumir a bagunça das mãos de Dilma. Preferiria vê-la sofrer e obter uma
vitória fácil na próxima eleição em 2018.".
O
texto é finalizado com a afirmação de que "Infelizmente, o furor irá deslocar a atenção já dispersa dos políticos
brasileiros das soluções para os muitos problemas do país, a começar pelo
déficit crescente no Orçamento. A História poderá julgar esse como o maior
pecado de Cunha.".
As
entranhas da República foram postas às avessas pela revista, no seu texto claro
e direto, mostrando a real situação do país, que atravessa crises bem próximas
da impossibilidade de superação, tamanhas são as dificuldades que se apresentam
diante de presidente que já demonstrou, de forma cabal e cristalina, que não
tem as mínimas condições para dominar as gigantescas crises política, econômica
e administrativa, à vista da progressiva destruição da capacidade de reversão
quadro de precariedade que conseguiram se instalar em todos os setores do país,
notadamente na economia, com o predomínio da desagradável e incômoda recessão,
que provoca os mais horrorosos estragos nos fatores da produção, do consumo e
do desenvolvimento, além de contribuir para a drástica redução dos
investimentos público e privado, que são a mola capaz de fazer a retomada do
tão almejado crescimento do país.
As
dificuldades são tão visíveis no governo que não se vislumbra a menor nesga de
esperança, porquanto os indicadores passíveis de recuperação das crises são
totalmente inexistentes, restando, como componentes prevalentes, no momento, na
presença da administração do país, o enorme e assombroso escândalo de corrupção;
a economia em frangalho e em queda livre; as finanças públicas em continuada
inconsistência, padecendo pelo perigoso rombo nas contas públicas; o desalentador
descrédito sobre a presidente; a indignidade na administração pública, com o exacerbado
fisiologismo para a manutenção da classe dominante no poder; as inverdades como
argumentos de inconsistência nefasta de governo; a classe política agindo
escancaradamente em causa própria e em total menosprezo à defesa dos interesses
públicos; tudo, enfim, conspirando contra os salutares princípios da ética, da
moralidade, da honestidade, do decoro e da dignidade, que são requisitos
indissociáveis do exercício lícito dos cargos públicos eletivos.
Para
a solução da situação brasileira, que atingiu o clímax da mediocridade, são
aventadas muitas possibilidades, como, entre outras, a continuidade do governo e
a mais desastrosa do impeachment, menos a que poderia ser a mais razoável, como
a renúncia da presidente, pelo bem do país, além de mostrar inteligência por parte de quem é acusada de
ter conduzido o país ao debacle em todos os sentidos, cujo ato teria o condão
de se evitar o terrível desgaste político e a possiblidade de o país ser levado
a maiores dificuldades, com inevitáveis prejuízos aos interesses dos
brasileiros, para quem a presidente não demonstra o menor respeito, à vista de
já ter declarado que a sua preocupação é com aqueles que votaram nela, em
nítido ferimento do princípio republicano, que estabelece que o presidente do
país deva governar para os brasileiros, independentemente da vontade daqueles
que não votaram nela ou desaprovam os danos causados por ela aos interesses
nacionais, que já seriam mais do que suficientes para o seu afastamento do
principal cargo da República, que há muito tempo deixou de ser exercido com as
necessárias competência e eficiência de zeloso de estadista pela coisa pública,
uma vez que o desapego a esses conceitos levou o país às precariedades
constatadas até mesmo por meio de comunicação internacional, a exemplo da Economist.
Diante
desse quadro de horrores e de desesperança, é lícito se concluir que as
dificuldades, que já são monstruosas, à vista do conjunto dos elementos e
indicadores político, econômico, moral, entre tantas outras mazelas visivelmente
presentes no Palácio do Planalto, que não esboça senão a reação de que a
situação tende a melhorar, sem sinalizar medidas para tanto, tenderão a piorar
com a nítida resistência da presidente do país de tensionar cada vez mais o fio
condutor das crises instaladas no seu governo, pela demonstração de que pouco
importam as consequências nefastas e desastrosas para a sociedade, porque a
prioridade é salvá-la da degola, por indiscutíveis incompetência e destruição do
país, com suas horrorosas políticas e ações comprovadamente contrárias aos
interesses nacionais, secundadas pela recessão econômica, pelo descrédito dos
brasileiros e dos investidores nacionais e estrangeiros, pelo rombo nas contas
públicas, em razão das gastanças irresponsáveis, entre outras precariedades que
não condizem com as potencialidades do país continente como o Brasil. Acorda,
Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 06 de dezembro de 2015
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