Um agricultor aposentado do Rio Grande do Norte,
depois de estudar fatores ínsitos no primeiro dia do ano, no Cruzeiro do Sul, na
direção dos ventos, e nas estações da lua, concluiu que o próximo ano não terá
bom inverno, porque o primeiro dia do ano cai numa sexta-feira e terá, ainda, a
lua na fase minguante, fatos que contribuem para acarretar baixa probabilidade
de chuvas.
O agricultor, com experiência de 83 anos de idade,
reside na zona rural de Apodi, no interior do Estado, e se autodenomina profeta
das chuvas, termo que é usado para a caracterização de homens e mulheres que fazem
previsões do tempo e do clima, com base em observações das mudanças do
ecossistema, da atmosfera e de outros métodos tradicionais de previsão.
Com base nas suas observações, o profeta de Apodi
acredita que “O ano vai entrar num dia de
sexta-feira, num minguante da lua e é bissexto. Nunca vi um ano bissexto ser
bom. Também está sujeito a ele ser seco, porque em 2017, o ano vai entrar em um
dia de domingo. Não temos inverno. O que vamos ter é umas ‘chuvadinhas’
perdidas aqui e acolá. Eu não sei dizer os meses que vão ser não, mas vão ser
todas entre vão da lua. Entre fases”.
O profeta também disse que, enquanto a constelação
do Cruzeiro do Sul estiver surgindo durante a madrugada, não é um bom sinal
para o homem do campo.
Segundo a análise dele, “O Cruzeiro está saindo de madrugadinha, quase 4h da manhã. Isso é sinal
de que as chuvas vão custar muito a vir. O inverno só pega quando ele está
saindo aqui de 7h da noite. Tem um
mentiroso dizendo que quem vai governar o ano que vem vai ser o sol, mas eu
digo que é mentira. Quando o sol governa, nunca é seco”.
A previsão do profeta das chuvas vai ao encontro de
meteorologistas, como no caso da recente entrevista dada por um meteorologista
da Empresa de Pesquisa Agropecuária do RN (EMPARN), que teria revelado que o
inverno no mencionado Estado está seriamente comprometido, cuja explicação foi
baseada no fenômeno meteorológico El niño, que se encontra na categoria de
maior intensidade, refletindo negativamente com estiagem na região nordestina.
Em
que pesem as previsões sobre a escassez de chuvas e de água, conforme as
manifestações das experiências sobre os fenômenos da natureza, combinando ainda
a movimentação do El niño com as posições dos astros celestiais, tudo ainda
postos, obviamente, nos campos das hipóteses, não existe qualquer movimentação
por parte das autoridades governamentais no sentido de assegurar tranquilidade
para os sertanejos, com relação à adoção de medidas contra a seca, mesmo que sejam
as mesmas de sempre, que não passam de mero paliativo, em que somente há
tentativa de se resolver as dificuldades de momento, ficando tudo como antes
depois de serenados os ânimos mais exaltados dos sertanejos afetados pela seca.
Diante
das experiências hauridas no âmbito dos nordestinos atingidos pelos reiterados
sofrimentos, que não aguentam nem mesmo ouvir falar em estiagem, quanto menos
em seca, já passou do tempo para os governos federal, estaduais e municipais
terem decididos revolucionar os costumeiros padrões de incompetência imperante
nas secas passadas, que são meras repetições irresponsáveis de medidas que
objetivam dizer aos flagelados pela seca que os governos se encontram presentes
nos momentos de dificuldades, não permitindo que falte o apoio da sua incumbência
legal, mas isso não condiz com a realidade que precisa mudar, com a máxima urgência.
Não
obstante, essa forma precária e deficiente de assistencialismo é apenas
momentânea, quando os fatos já demonstram que a grave questão das secas deve
ser encarada com seriedade e respeito aos nordestinos, por meio de medidas
efetivas e definitivas, adotadas com a vontade e a determinação no sentido de
que a revolução contra as secas abrange estudos, planejamentos e programas de
efetiva reestruturação de tudo que já existe de levantamentos que apenas
serviram como medicamento de eficácia momentânea, que não conseguiram atingir o
cerne da causa, como forma de utilizá-los como instrumentos capazes de mostrar
que as medidas devem ser efetivas e definitivas, para que as secas sejam tão
somente como inevitáveis fenômenos meteorológicos naturais, sem a menor
interferência na vida normal dos sertanejos, uma vez que as medidas
indispensáveis à sua proteção estão postas adequadamente garantindo a sua
tranquilidade.
É
evidente que a priorização de políticas públicas para assegurar o definitivo afastamento
das agruras dos nordestinos jamais será adotada, em razão da predominância de
que a calamidade das secas interessa sobremaneira à ganância e à sanha da
classe política dominante regional, que investe em absurdas artimanhas
degenerativas sobre a necessidade da manutenção do status quo, evidentemente em detrimento dos interesses exatamente
daqueles que os mantêm no poder.
Os
nordestinos precisam repudiar as ações irresponsáveis que são repetidamente
postas à disposição sempre nos casos de seca, sob os fajutos argumentos da
presença dos governos na região, diante da sua ineficácia, e exigir a urgente
revolução quanto às medidas que possam ser adotadas com eficiência e eficácia,
para assegurar efetiva solução para a chamada indústria das secas, onde os maus
homens públicos aproveitam da situação para se manterem no topo da política e
de outros interessem pessoais e de grupos, à vista da resistência às medidas
capazes de sanear de vez os clamorosos casos da seca. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 13 de dezembro de 2015
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