terça-feira, 22 de dezembro de 2015

A harmonização das precariedades


O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) divulgou o ranking do Índice do Desenvolvimento Humano (IDH) deste ano, revelando que o Brasil, depois de escalar três posições entre 2009 e 2014, desceu um degrau, tendo sido ultrapassado pelo Sri Lanka – ilha ao sul da Índia, com cerca de 21 milhões de habitantes, que teve crescimento mais acelerado.
Entre 188 nações e territórios reconhecidos pela Organização das Nações Unidas - ONU, o Brasil foi avaliado e se posicionou em 75º lugar, mostrando que o seu desempenho quanto à qualidade de vida dos brasileiros precisa ter, com urgência, ganho de qualidade.

Levando-se em conta indicadores como expectativa de vida, tempo de escolaridade e renda, o IDH brasileiro alcançou o índice de 0,755 – levíssimo aumento em relação a 2013, quando registrou 0,752 -, mas ele foi insuficiente para evitar a queda na lista. Não obstante, o Brasil segue enquadrado entre os países da categoria de Alto Desenvolvimento Humano.
Houve aumento do índice em tela com relação a 45 países, em comparação com o último relatório, no ano passado. Sete deles estão na América Latina, porém outros 11 caíram, entre os quais se encontra o Brasil. O índice em causa vem sendo divulgado há 24 anos pelo Pnud e, quanto mais próximo de 1, melhor a situação do país, como a Noruega, que é o primeiro país do ranking, com o índice de 0,944, sendo que o pior indicador foi novamente do Níger, na África, com 0,348.
A coordenadora nacional do relatório disse que “Um país pode ter um Índice de Desenvolvimento Humano altíssimo, mas se é muito desigual, isso vale menos”, tendo explicado que há possibilidade de o relatório do ano que vem já refletir os impactos da crise pela qual o Brasil atravessa, na atualidade, uma vez que as discrepâncias na expectativa de vida, na educação e na renda da população brasileira fazem com que o IDH do país sofra perda de 26,3%, quando ajustado à desigualdade.
A vergonha nacional é que, diante de tantas riquezas naturais, o país seja incapaz de competir com nações bem distantes das potencialidades brasileiros, graças à insensibilidade das autoridades incumbidas das políticas públicas pertinentes à melhoria das condições de vida da população, em clara demonstração de irresponsabilidade político-administrativa, pela visível falta de zelo e de prioridade das ações pertinentes ao desenvolvimento humano.
Diante da avaliação de desenvolvimento humano, nos termos do relatório apropriado, o Brasil não passa de caricatura de nação, quando, nesse particular, chega a ser inferior à Venezuela, que se encontra em terrível processo de destruição de suas estruturas humanas, sob o domínio de bestial tirania, em que inexiste qualidade de vida, conforme evidenciam os fatos, desde a escassez de gêneros de primeira necessidade, remédios e outros bens indispensáveis à qualidade de vida, a que se propõe a avaliação representada pelo Índice de Desenvolvimento Humano.
          O retrocesso do governo brasileiro é visível e é medido pelos reiterados recordes negativos, com destaque para os aspectos político, ético, econômico, social e administrativo, fatos que conduzem à natural conclusão de que a sua continuidade no poder é certeza absoluta destruição do restante das estruturas do Estado, de modo que a degeneração vem contribuindo para a consumação da frágil não somente da economia brasileira, mas do pouco que ainda resta de esperança e de sonho dos brasileiros, porque a essencialidade do potencial brasileiro já nem existe mais, principalmente a sua dignidade, que foi usurpada pela insensibilidade político-administrativa. 
Na verdade, depois do estelionato eleitoral aplicado na reeleição da presidente, a maldição se apoderou da administração do país e tem sido difícil a divulgação de notícias enaltecendo as qualidades da gestão pública, que somente contabiliza tragédia e resultados negativos, como a queda no ranking do IDH, o rebaixamento do grau de investimento, o aumento da inflação, das taxas de juros e das dívidas públicas, o aprofundamento da recessão, a falta de investimentos, a desindustrialização, entre muitas mazelas que poderiam ter algum alento com o afastamento da presidente do cargo, como forma de possibilitar alguma mudança no cenário político-administrativo do país.
Não obstante, enquanto o governo não investir, de forma maciça, eficiente e efetiva, na qualidade de vida, com o reconhecimento de políticas prioritárias, principalmente em educação, a tendência é piorar gradativamente a situação, em harmonia com as precariedades próprias da gestão pública, que não muda absolutamente em nada, preferindo continuar com indiscutível deficiência nos serviços públicos prestados à população, que nem precisa expressar sua insatisfação, porque os fatos são incontestáveis, à vista da degeneração patenteada na educação, na saúde, na segurança pública, na infraestrutura, no saneamento básico, nos transportes e em tudo o mais que se relaciona com o atendimento dos serviços básicos de incumbência do Estado.
A verdade é que cada vez mais se deteriora a qualidade de vida dos brasileiros, à medida da falta de priorizações e de investimentos públicos, que têm sido a causa principal que contribui, de forma decisiva, para que o bem-estar e as condições de vida dos brasileiros se tornem a marca indelével da incompetência de governo que apenas propaga realizações sociais, porém os resultados ficam bastante distanciados da efetividade e da realidade que se espera da qualidade de vida, que são simplesmente negativadas e representadas de forma bem realista e imutável.
A precariedade da qualidade de vida é atestada, de maneira incontestável, pelo Índice de Desenvolvimento Humano, que tem toda legitimidade para dizer que o Brasil continua sendo um país que fica muito a desejar quanto às melhorias das condições de vida da população, que nada mais é do que a ressonância das precariedades da administração do país, que não consegue mudar o status quo das políticas inócuas e ineptas, que somente contribuem para a estratificação da pobreza, em termos de nocividade ao bem-estar dos brasileiros.
Urge que a sociedade se conscientize, com urgência, que as deficiências da administração pública, a par, em especial, da falta de prioridade para as políticas públicas, não podem continuar imperando no país com as potencialidades como o Brasil, quando seu povo tem qualidade de vida inferior a países da América Latina, inclusive a Venezuela, que passa por terrível crise socioeconômica, não havendo a menor justificativa para tamanha degradação, que tem por causa justamente a deterioração da administração do país. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 22 de dezembro de 2015

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