Um importante jornalista afirmou que, “no primeiro turno da eleição municipal, Lula
votou em São Bernardo do Campo. Estava acompanhado de sua mulher, Marisa, do
prefeito petista Luiz Marinho e do candidato do PT à prefeitura da cidade,
Tarcísio Secoli. Na saída, Lula fez uma aposta alta”, segundo a qual “O PT vai surpreender nesta eleição”.
Na ocasião, ele comentou
sobre a disputa eleitoral na capital paulista: ”Se o povo de São Paulo tiver
o orgulho que pensa que tem e se tiver a inteligência que pensa que tem, ele
não tem outra coisa a fazer que não seja votar no (Fernando) Haddad”.
Na mesma entrevista concedida no primeiro turno, o
ex-presidente afirmou que o PT surpreenderia nestas eleições, ele “praguejou”, ao afirmar que “Quanto
mais ódio se estimula contra mim, mais amor se cria. Essa gente vai se
surpreender porque, a partir dessas eleições, eu vou começar a andar pelo
Brasil…”.
Ao afirmar que vai andar pelo país, o petista
despreza a sua condição de réu que já responde a três processos na Justiça, por
denúncias das práticas de atos irregulares, que têm como consequência o seu enquadramento
nos crimes de corrupção passiva, organização criminosa, lavagem de dinheiro e
tráfico de influência, estando passível a ser preso a qualquer momento, a
depender das conclusões da Lava-Jato, o que, conforme o caso, o impedirá do
usufruto da salutar liberdade “de andar pelo
Brasil”.
O jornalista conclui seu raciocínio afirmando que “Lula faria um bem a si mesmo se andasse do
seu apartamento, em São Bernardo, até sua zona eleitoral. Não resolve o fiasco
do PT. Mas evita o constrangimento de sair da eleição municipal de 2016 pela
porta dos fundos”.
A verdade é que o povo não
somente da cidade de São Paulo, mas de todo o estado confirmou o orgulho que
pensa que tem e a inteligência que pensa que tem e teve a feliz opção de votar
nos candidatos verdadeiramente qualificados, em demonstração do seu desejo de
renovação e de mudança das práticas antagônicas ao desenvolvimento político-administrativo.
Não somente o candidato do PT à reeleição da cidade
de São Paulo, como de resto os das principais e importantes cidades do Estado,
com destaque para a região do chamado ABC, que foi berço do petismo e sempre
constituiu seu principal reduto eleitoral, não conseguiram emplacar
absolutamente ninguém como representante do partido estrelado, perdendo feio
para a maioria expressiva dos candidatos do governador tucano, que demonstra
força política para a corrida ao Palácio do Planalto, em 2018.
As derrotas acachapantes e até humilhantes impingidas
ao líder máximo do PT foram tão marcantes e sentidos na sua alma petista que
ele sequer teve ânimo para comparecer à urna, para votar agora, no segundo
turno, em que pese haver eleição na cidade onde ele reside.
A justificativa do político para não sair de casa foi
considerada nada republicana, uma vez que ele buscou abrigo na lei eleitoral para
deixar de comparecer à urna e não votar, sob o ridículo e inadmissível argumento
de que teria completado 71 anos na semana passada e, nestas condições, o voto
passou a ser facultativo para ele.
Em se tratando de homem público, que foi
ex-presidente do país e lidera importante agremiação política nacional, a sua
atitude de não votar, agora, foi considerada como antidemocrática, porque ela
tem o condão de pôr em jogo a sua imagem de homem público, tendo o citado
jornalista admitido que “quem acha que não tem idade para votar, já está
velho demais para ser votado”, o que
não deixa de ser pura verdade, tendo em conta que as atividades políticas não
se encerram pela idade, mas sim pela perda da vontade de bem servir o público.
A surpreendente e expressiva derrapada do PT,
nestas eleições municipais, não somente verificada no Estado de São Paulo, como
em todo país foi generalizada e teve a indiscutível confirmação de que os brasileiros
reprovam, com bastante ênfase, as malévolas e retrógradas práticas empregadas
pelo partido, que tem como princípio a utilização de fins nada republicanos
para o atingimento de seus objetivos, encrustados que são na absoluta dominação
das classes política e social e na perenidade no poder, mesmo que eles sejam
representados por esquemas criminosos, a exemplo do mensalão e petrolão, considerados
de extrema dissonância com os princípios da moralidade, legalidade, honestidade
e dignidade, os quais jamais podem se distanciar da administração pública.
Na prática, a escassa e minguada votação amealhada
pelo PT mostra, com todas as letras, forte e certeiro tiro de misericórdia nas
ridículas afirmações de que o processo de impeachment teria sido “golpe”
parlamentar, o que vale dizer que o ato de afastamento da presidente petista do
poder foi, implicitamente, referendado pelo resultado das urnas, em que o povo cuidou
também de afastar da administração municipal os homens públicos igualmente
reprovados nas gestões petistas.
Os homens públicos precisam se conscientizar, com a
máxima urgência, de que as maléficas e arcaicas práticas políticas que
prestigiam a plena dominação de classes sociais e políticas e o poder pelo
poder já demonstraram a sua total exaustão e precisam passar por verdadeiro
processo revolucionário de transformação, por meio do qual nova geração voluntariosa
de homens públicos deve tomar conta dos destinos do país, como forma de se
imprimir mentalidade moderna no sentido de que a representação política tem
como princípio a exclusiva satisfação do interesse público, com embargo das
nefandas ideias populistas e caudilhistas que tanto prejudicaram o país e os brasileiros.
Acorda,
Brasil!
ANTONIO
ADALMIR FERNANDES
Brasília,
em 31 de outubro de 2016