quarta-feira, 12 de outubro de 2016

A vitória dos brasileiros

A revista britânica The Economist publicou reportagem com análise das eleições municipais no Brasil, tendo dado destaque para o elevado índice de abstenções, dizendo que, “Embora o voto seja obrigatório, quase um quinto dos eleitores não compareceu às urnas”.
A revista sublinha que os brasileiros se cansaram dos políticos tradicionais, quando afirma que “em muitos lugares, as abstenções e os votos brancos e nulos somam mais votos do que os obtidos pelos vencedores”.
A reportagem chama a atenção para a fragorosa derrota do Partido dos Trabalhadores (PT), agremiação da ex-presidente da República, afastada em agosto, que irá “lutar para recuperar sua antiga influência”.
A Economist enfatiza que o PT viu encolher cerca de dois terços dos prefeitos que havia eleito na eleição de 2012, incluída a cidade de São Paulo, fato que evidencia possível dificuldade para o partido indicar nome de peso para concorrer à Presidência da República, em 2018.
A revista ressalta que o clima antipolítico no país tem origem tanto na recessão econômica quanto no escândalo da corrupção da Petrobras, que envolve novo político ou empresário a qualquer momento. Exemplo disso é “O porta-estandarte do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, um ex-presidente que já foi popular, foi acusado de corrupção”.
A reportagem ressalta, exemplificando a aversão dos brasileiros aos políticos, que os candidatos à prefeitura de Belo Horizonte são um ex-goleiro e um ex-presidente de clube de futebol (Atlético Mineiro), e que o candidato do PSDB, “o primeiro a vencer no primeiro turno” em São Paulo, é empresário e novato na política.
Em conclusão, a análise da revista deixa claro que o resultado das eleições municipais é boa notícia para o “impopular presidente Michel Temer”, porque ele tem o condão de enfraquecer a tese petista de que a ex-presidente teria sido vítima de golpe, além de o PMDB, partido do presidente, ter se mantido como força na política brasileira, em que pese estar envolvido no escândalo do petrolão.
O texto é finalizado com a afirmação de que “É difícil vislumbrar um retorno do PT. Lula, que esperava concorrer à Presidência, apesar das acusações e da idade (70 anos), se tornou tóxico para muitos de seus colegas petistas (…) Em uma competição de perdedores, ele foi o maior perdedor de todos”.
Por dever de absoluta justiça, em contraposição à indicação, com todos os méritos, do maior perdedor nas últimas eleições municipais, convém que se ressalte que também houve, nelas, grande e herói vencedor, que a revista britânica cometeu o perdoável lapso de não ter mencionado, qual seja, o povo, que, enfim, se conscientizou de que o Brasil precisa afastar, com urgência, os maus políticos da vida pública, porque estes já deram provas cabais e definitivas da incompetência administrativa e altíssima capacidade para enganar o povo com promessas nunca realizadas e para destruir as suas esperanças, a exemplo da gestão do governo afastado, por crime de responsabilidade, conjuminado com os grandiosos rombos nas contas públicas.
Há forte evidência de que essa constatação decorre depois de avaliação pelo povo de que os maus políticos conseguiram destruir e arruinar o país, notadamente no que refere se às suas estruturas moral, política, econômica, administrativa, entre outras que confirmam a incompetência das lideranças políticas, que foram capazes de transformar o país com a pujança econômica do Brasil em uma nação desacreditada e distanciada do desenvolvimento socioeconômico, ante a imposição de forte recessão e do recorde de desemprego, fazendo com que a mediocridade político-administrativa prevalecesse sobre a competência e a eficiência na gestão dos recursos públicos.
Não há dúvida de que a debacle política tem a importante contribuição do povo, igualmente despreparado e desinformado, por ter sempre apoiado cegamente os homens públicos populistas, demagogos e hipócritas, que foram erigidos à condição de líderes incontestáveis e donos da razão e da verdade, mesmo tendo sido capazes de empregar fins escusos para o atingimentos de seus objetivos  políticos, quais sejam, a absoluta dominação das classes política e social e a conquista do poder e nele permanecer secularmente.
Salve os brasileiros, que, por certo, foram vitoriosos na última eleição, pela firme demonstração que urgem necessidade da assepsia das atividades político-partidárias e esperança de melhores dias para o povo, em princípio com a urgente renovação dos homens públicos, de modo que a nova geração de políticos seja capaz de entender que a essencialidade da representatividade política precisa ser vinculada tão somente ao atendimento da satisfação do interesse público, com embargo da defesa de causas pessoais e partidárias, como vem sendo histórica e fartamente praticada pelos ultrapassados e inescrupulosos políticos da velha-guarda tupiniquim. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 12 de outubro de 2016

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