terça-feira, 18 de outubro de 2016

Fim da festa...

Tempos atrás o jornal Libération comentou as dramáticas crises que já afetavam com intensidade o Brasil, tendo dedicado páginas especialmente sobre a ruína da sua economia, com a ilustração da matéria sobressaindo a imagem da então presidente brasileira de cabeça baixa, sob o título: "No Brasil, a festa acabou".
A matéria ressaltava que, “Depois da rica era Lula, é hora da ruína”, o crescimento emperrou no Brasil após a posse da então presidente, em 2010, quando a sétima economia mundial entrou em aguda recessão, após período de forte estagnação, cujo círculo virtuoso iniciado por seu antecessor - que não se cansava de alegar ter conseguido tirar 40 milhões de brasileiros da pobreza - acabou e foi substituído por desemprego explosivo, com a evidência de que milhões de trabalhadores ficaram desempregados, tendo como legado a revelação do gigantesco escândalo de corrupção na Petrobras, cuja empresa foi desestruturada economicamente, passando a ser uma das maiores devedoras do mundo.
O jornal questionava como o Brasil, que era estrela do Brics, o grupo de países emergentes com taxa de crescimento acelerado, caiu nesse buraco de ascendentes taxas de desemprego.
Embora tenha contribuído para o caos a notória e expressiva queda dos preços das matérias-primas, a principal fonte das exportações brasileiras e motor da economia, o Libération apontou também como importante razão para as dificuldades brasileiras a intervenção direta da então presidente do país na economia, além de suas escolhas nem sempre acertadas no comando dos negócios da nação, a exemplo dos incentivos fiscais exagerados e injustificáveis concedidos a algumas empresas.
          Essa política suicida contribuiu para diminuir a arrecadação da receita e agravar o déficit público que não foram compensados, em concomitância, com cortes no orçamento, por serem necessários ao reequilíbrio das contas públicas.
O jornal francês ouviu, à época, eleitores e opositores da ex-presidente, tendo um aposentado afirmado que a petista teria mentido sobre a situação da economia durante a campanha presidencial à reeleição, enquanto uma eleitora dela disse que foi "pega de surpresa pela violência da crise, e que passou a comprar carne só uma vez por semana,... surpreendida pela crise".
O jornal Libération relata os problemas enfrentados pelos brasileiros, como inflação em alta, juros estratosféricos, insolvência, aumento de impostos, queda da atividade industrial, desemprego em massa, entre outras dificuldades contrárias ao desenvolvimento.
Ele também disse que "Foi preciso a agência Standard and Poor's rebaixar a nota do Brasil para a presidente anunciar um plano de austeridade", que veio muito tarde, não tendo condições de frear os efeitos da crise econômica.
O Libération disse que a ex-presidente foi tragada pela quebra da antiga aliança com o PMDB, fato que dificultou sobremodo a aprovação dos projetos de interesse do governo, que ficou estagnado diante das dificuldades.
O jornal francês disse que a realidade mostrava que a então presidente somente contabilizava o apoio e a aprovação de, no máximo, 12% dos brasileiros, sendo a chefe de Estado mais impopular do Brasil, nos últimos 25 anos.
Embora o título da matéria tivesse sido bastante sugestivo e conclusivo, com o “fim de festa”, a análise do jornal francês foi bastante superficial, por poupar as fragilidades da então presidente brasileira, que demonstrou no seu governo completo despreparo para enfrentar a crise que desestruturou a economia e aumentou o desemprego, quando o caos teve plena dominação, com a predominância da dramática recessão, cujos parâmetros de eficiência e competência foram relegados a planos secundários, exatamente porque eles jamais fizeram sentido na sua gestão.
O governo afastado preferiu privilegiar o populismo, com a perseguição ao preciosismo pelo domínio das classes política e social e pela obsessão à perenidade no poder, mesmo que isso apenas importasse, como era evidente, em causar enormes prejuízos à nação e aos brasileiros, quando muitos deles foram subservientes e passivos às precariedades de toda ordem do governo, como mostravam os fatos do cotidiano, principalmente pela degeneração dos princípios da moralidade, ética, dignidade e legalidade, expostos às claras, entre outras formas, por meio dos acordos e das barganhas junto aos congressistas, para a fidelização de apoio à então presidente, em indecente troca de ministérios e empresas estatais.    
De tanto a imprensa brasileira e estrangeira publicar reportagens retratando a realidade nua e crua sobre as deficiências do então governo petista, mostrando a triste e lamentável situação da gestão pública, totalmente entregue à degeneração e ao frangalho administrativos, enfim era normal a chegada do momento em que os fanáticos, ingênuos, cegos e crédulos sobre os malfeitos petistas perceberiam que tudo o que se propagava de ruim sobre a decadência e a precariedade da administração do país era pura realidade e o resultado da última eleição municipal apenas confirmou o tamanho da enorme rejeição aos métodos obsoletos e retrógrados impostos aos brasileiros, por ideologia igualmente ultrapassada e prejudicial aos interesses da população.
Diante das ácidas críticas sobre a má administração do país, a insensibilidade do governo afastado apenas admitia que as acusações sobre a derrocada da gestão pública era obra da oposição e da imprensa contrárias à sua forma de administrar, que divergiam das ultrapassadas e obsoletas ideologias petistas de populismo e caudilhismo como forma de governo, que eram empregados a servido da continuidade de seus objetivos de pura conveniência política.
A demonstração de inconsistência administrativa contribuía para a perda de sustância e de confiança do governo, diante da ruina e da derrapagem da economia, que foi fragilizada pelas desastradas políticas adotadas pela então presidente, que preferiu destoar dos saudáveis princípios macroeconômicos, ao adotar políticas próprias de incentivo à produtividade, que resultaram em verdadeiros insucesso e fracasso, principalmente com o agravamento do déficit das contas públicas, que foram adjutoradas pelas irresponsáveis gastanças, ao arrepio das normas de administração orçamentária e financeira.
Urge que os brasileiros tenham exata consciência sobre como era a verdadeira forma desastrada e deletéria de administração do país, que teve como princípio a obsessão pela perseguição de meros objetivos pessoais e partidários, notadamente quanto à absoluta dominação das classes política e social e a perenidade no poder, em detrimento dos interesses nacionais, que sempre têm predominância sobre quaisquer outras pretensões político-ideológicas. Acorda, Brasil!         
ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 18 de outubro de 2016

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