Em
demonstração de domínio de extrema sensibilidade social e de metódico cálculo
político, o ex-presidente da República petista se encaixou no gosto de diversas
classes políticas e sociais, com destaque para a de baixa renda, por suas
visionárias pretensões políticas de absoluta dominação.
No
passar do tempo, ele logo se tornou bem maior do que o próprio partido e
terminou seu mandato presidencial com aprovação recorde e inédita na história
republicana.
Segundo
a experiência, a história das leis do poder tem reservado surpreendente
resultado na vida dos políticos que alcançaram o auge na sua vida política e os
exemplos pululam aos olhos, a exemplo do “Pai dos Trabalhadores”, o “Pai de
Brasília”, e, agora, o “Pai dos Pobres”, cuja curva descendente é visível e
trágica, ante seus projetos políticos de aspirar sua volta ao Palácio do
Planalto, cada vez mais distante, à vista do seu envolvimento com sucessivas
acusações de recebimento de propinas de construtoras investigadas na Operação
Lava-Jato.
Em
termos democráticos, ser mais popular no fim do que no início de prolongado
período no poder é feito raríssimo, segundo registra a história política, fato
que revela obra e graça de poucos, como pode ter sido o caso do petista, proeza
somente alcançada por pouquíssimos governantes do mundo, que pode se ufanar de
tamanha façanha.
A
verdade é que o ex-presidente deixou a Presidência do país, em 1º de janeiro de
2011, com inacreditáveis e estupendos 87% de aprovação popular, tendo sido
considerado, por tal feito, o homem público brasileiro mais bem-sucedido da
história republicana, mas as fortes suspeitas de fatos irregulares, que emergem
com volúpia avassaladora dos porões do poder, foram determinantes e capazes de
torrar sua capacidade de líder intocável, possuidor de influência considerada indestrutível,
a ponto de sua atual fragilidade política não resistir a iminente prisão, por
ser o cognominado comandante-em-chefe dos esquemas de corrupção arquitetados e
executados para sustentar a manutenção do seu partido no poder.
Na
realidade, os fatos arrasadores vindos à tona, nos últimos dias, simplesmente
foram capazes de transformar um mito em um homem destruído, acabado
politicamente, sem moral até mesmo para se apresentar ao lado de candidatos
correligionários, porque o seu prestígio perdeu o brilho de outrora e a sua
indiscutível decadência política já é motivo de desprezo por parte deles,
conforme mostram os fatos.
Na
verdade, o petista conseguiu seu maior triunfo graças à soma virtuosa de alguns
fatores favoráveis que aconteceram na sua gestão, quando houve aumento real do
salário mínimo, propiciando a brasileiros poder de compra, que não era viável
no passado, e parcela expressiva da população passou a dispor de bolsas
estatais para ajudar a suplantar a terrível luta contra a pobreza e a miséria.
Também
foi verificado que os empresários, os mais ricos e os poderosos se beneficiaram
na onda do arroubo da inicial gestão petista, uma vez que, em termos
econômicos, o governo do metalúrgico agradou as mais diversas classes sociais e
de renda, havendo harmonia com as promessas de campanha, por ter conseguido
conciliar o saudável entendimento entre as classes dos pobres e dos ricos,
sendo que estes, mais tarde, passaram a ser atacados e criticados pelo
ex-presidente como sendo a classe burguesa, exatamente por ser contrária à
ideologia petista, que foi fulcrada no chamado socialismo do século XXI.
À
toda evidência, o ex-presidente cresceu na política sob a exclusiva âncora das
instituições democráticas e teve, como nunca, aprovação popular inusitada, que
foi capaz de eleger a sua sucessora, completamente noviça na política, graças
ao seu carisma político, que, ao contrário, foi completamente ofuscado por sua
afilhada política, que retribuiu a indicação presidencial com retumbante
fracasso na administração do país.
Os
fatos mostram que a petista conseguido reverter as conquistas socioeconômicas
até então sempre enaltecidas pelos próceres do PT, a ponto de ter conseguido atingir
o ápice da mediocridade político-administrativa com o seu afastamento do poder
pelo Senado Federal, em razão de ter sido enquadrada no crime de
responsabilidade, ou seja, por ter infringido normas legais pertinentes à
administração orçamentária e financeira, causando rombos incalculáveis nas
contas públicas, exatamente pela demonstração de incompetência administrativa
do país.
Agora,
diante da revelação dos fatos relacionados à corrupção com recursos públicos, o
petista tenta, a todo custo, anular a força das denúncias da Lava-Jato por
conta do sucesso alcançado no seu governo, quando foram mostradas as suas
personalidade carismática e capacidade de organização coletiva, a par de ter
conseguido atingir a sua cinematográfica trajetória individual de vida como o
maior líder partidário brasileiro, quando se tornou bem maior do que o próprio
partido, como se a meteórica ascensão na vida pública tivesse o condão de
apagar os atos criminosos atribuídos a ele, como forma atenuante da
delinquência planejada e executada para fins sabidamente espúrios e
imperdoáveis.
A
verdade sobre os fatos escabrosos não deixa dúvida sobre a participação
criminosa de quem já foi considerado o homem público mais influente e
importante do país, que foi recordista de avaliação popular, mas a própria
história cuidou de mostrar a sua decadência não somente como político, mas como
cidadão, porquanto os fatos lamentáveis falam por si sós, mostrando a
degeneração moral de quem tinha a obrigação de ser modelo de dignidade para o
povo.
Agora,
os brasileiros têm o esperançoso sentimento de que o ex-presidente da República
petista consiga provar a sua inculpabilidade sobre os graves fatos irregulares,
cujas autoria e responsabilidade são atribuídas a ele, que precisa ter a
honradez e a dignidade de agir com o mesmo brilho como se houve nos áureos tempos
de sua iniciação política, com o ardor de quem seria líder da importante nação
como o Brasil e continuaria a merecer o respeito e a admiração de seu povo. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 06 de outubro de 2016
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