quinta-feira, 6 de outubro de 2016

O declínio de um mito


Em demonstração de domínio de extrema sensibilidade social e de metódico cálculo político, o ex-presidente da República petista se encaixou no gosto de diversas classes políticas e sociais, com destaque para a de baixa renda, por suas visionárias pretensões políticas de absoluta dominação.
No passar do tempo, ele logo se tornou bem maior do que o próprio partido e terminou seu mandato presidencial com aprovação recorde e inédita na história republicana.
Segundo a experiência, a história das leis do poder tem reservado surpreendente resultado na vida dos políticos que alcançaram o auge na sua vida política e os exemplos pululam aos olhos, a exemplo do “Pai dos Trabalhadores”, o “Pai de Brasília”, e, agora, o “Pai dos Pobres”, cuja curva descendente é visível e trágica, ante seus projetos políticos de aspirar sua volta ao Palácio do Planalto, cada vez mais distante, à vista do seu envolvimento com sucessivas acusações de recebimento de propinas de construtoras investigadas na Operação Lava-Jato.
          Em termos democráticos, ser mais popular no fim do que no início de prolongado período no poder é feito raríssimo, segundo registra a história política, fato que revela obra e graça de poucos, como pode ter sido o caso do petista, proeza somente alcançada por pouquíssimos governantes do mundo, que pode se ufanar de tamanha façanha.
A verdade é que o ex-presidente deixou a Presidência do país, em 1º de janeiro de 2011, com inacreditáveis e estupendos 87% de aprovação popular, tendo sido considerado, por tal feito, o homem público brasileiro mais bem-sucedido da história republicana, mas as fortes suspeitas de fatos irregulares, que emergem com volúpia avassaladora dos porões do poder, foram determinantes e capazes de torrar sua capacidade de líder intocável, possuidor de influência considerada indestrutível, a ponto de sua atual fragilidade política não resistir a iminente prisão, por ser o cognominado comandante-em-chefe dos esquemas de corrupção arquitetados e executados para sustentar a manutenção do seu partido no poder.
Na realidade, os fatos arrasadores vindos à tona, nos últimos dias, simplesmente foram capazes de transformar um mito em um homem destruído, acabado politicamente, sem moral até mesmo para se apresentar ao lado de candidatos correligionários, porque o seu prestígio perdeu o brilho de outrora e a sua indiscutível decadência política já é motivo de desprezo por parte deles, conforme mostram os fatos.
Na verdade, o petista conseguiu seu maior triunfo graças à soma virtuosa de alguns fatores favoráveis que aconteceram na sua gestão, quando houve aumento real do salário mínimo, propiciando a brasileiros poder de compra, que não era viável no passado, e parcela expressiva da população passou a dispor de bolsas estatais para ajudar a suplantar a terrível luta contra a pobreza e a miséria.
Também foi verificado que os empresários, os mais ricos e os poderosos se beneficiaram na onda do arroubo da inicial gestão petista, uma vez que, em termos econômicos, o governo do metalúrgico agradou as mais diversas classes sociais e de renda, havendo harmonia com as promessas de campanha, por ter conseguido conciliar o saudável entendimento entre as classes dos pobres e dos ricos, sendo que estes, mais tarde, passaram a ser atacados e criticados pelo ex-presidente como sendo a classe burguesa, exatamente por ser contrária à ideologia petista, que foi fulcrada no chamado socialismo do século XXI.
À toda evidência, o ex-presidente cresceu na política sob a exclusiva âncora das instituições democráticas e teve, como nunca, aprovação popular inusitada, que foi capaz de eleger a sua sucessora, completamente noviça na política, graças ao seu carisma político, que, ao contrário, foi completamente ofuscado por sua afilhada política, que retribuiu a indicação presidencial com retumbante fracasso na administração do país.
Os fatos mostram que a petista conseguido reverter as conquistas socioeconômicas até então sempre enaltecidas pelos próceres do PT, a ponto de ter conseguido atingir o ápice da mediocridade político-administrativa com o seu afastamento do poder pelo Senado Federal, em razão de ter sido enquadrada no crime de responsabilidade, ou seja, por ter infringido normas legais pertinentes à administração orçamentária e financeira, causando rombos incalculáveis nas contas públicas, exatamente pela demonstração de incompetência administrativa do país.
Agora, diante da revelação dos fatos relacionados à corrupção com recursos públicos, o petista tenta, a todo custo, anular a força das denúncias da Lava-Jato por conta do sucesso alcançado no seu governo, quando foram mostradas as suas personalidade carismática e capacidade de organização coletiva, a par de ter conseguido atingir a sua cinematográfica trajetória individual de vida como o maior líder partidário brasileiro, quando se tornou bem maior do que o próprio partido, como se a meteórica ascensão na vida pública tivesse o condão de apagar os atos criminosos atribuídos a ele, como forma atenuante da delinquência planejada e executada para fins sabidamente espúrios e imperdoáveis.
A verdade sobre os fatos escabrosos não deixa dúvida sobre a participação criminosa de quem já foi considerado o homem público mais influente e importante do país, que foi recordista de avaliação popular, mas a própria história cuidou de mostrar a sua decadência não somente como político, mas como cidadão, porquanto os fatos lamentáveis falam por si sós, mostrando a degeneração moral de quem tinha a obrigação de ser modelo de dignidade para o povo.
Agora, os brasileiros têm o esperançoso sentimento de que o ex-presidente da República petista consiga provar a sua inculpabilidade sobre os graves fatos irregulares, cujas autoria e responsabilidade são atribuídas a ele, que precisa ter a honradez e a dignidade de agir com o mesmo brilho como se houve nos áureos tempos de sua iniciação política, com o ardor de quem seria líder da importante nação como o Brasil e continuaria a merecer o respeito e a admiração de seu povo. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 06 de outubro de 2016

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