Em artigo publicado no jornal Folha de S. Paulo,
o ex-presidente da República petista, que, nos últimos dias, tornou-se réu em
três processos, por suspeita da prática de corrupção, utiliza as táticas de
politização da Operação Lava-Jato e do resto das investigações levadas a efeito
contra a pessoa dele, sem se dispor, como bastante ansiada, a explicar os fatos
pertinentes às denúncias que o levaram às barras da Justiça.
Em consonância com a sua velha linha de
procedimento, o político fez duros ataques aos normais inimigos de todo tempo,
como a Justiça, a imprensa livre e a denominada “elite” que, segundo ele, posiciona-se em dissonância com os
benefícios oriundos dos programas sociais dos governos petistas, que alegam a
iniciativa da retirada dos pobres da faixa da miséria.
O petista apresenta a surrada retórica de que é
vítima de “caçada” que teria
resultado em nada contra ele, tendo aproveitado para atacar a “ignorância” dos agentes da lei e dizer
que “Às vésperas de completar 71 anos,
vejo meu nome no centro de uma verdadeira caçada judicial. Devassaram minhas
contas pessoais, as de minha esposa e de meus filhos; grampearam meus
telefonemas e divulgaram o conteúdo; invadiram minha casa e conduziram-me à
força para depor, sem motivo razoável e sem base legal. Estão à procura de um
crime, para me acusar, mas não encontraram e nem vão encontrar”.
Trata-se, na verdade, de mais um discurso em que
ele se faz de vítima, com vistas a possivelmente angariar a simpatia e o apoio de
alguns incautos e desinformados sobre a realidade dos fatos, que ganharam
notoriedade justamente pela consistência e robusteza dos levantamentos
promovidos pela Polícia Federal, que já deu provas suficientes da sua
competência, merecendo a aprovação do Ministério Público Federal e da Justiça
Federal, que estão, de forma reiterada, placitando os resultados das
investigações, ante a sua firmeza e segurança sobre os achados.
A
afirmação do ex-presidente de que é vítima de "caçada" e nada foi
possível se comprovar contra ele funciona muito mais como brutal incoerência,
uma vez que ele já é réu em ações na Justiça, resultado exatamente das
investigações sobre fatos denunciados, cuja autoria é atribuída ao petista,
como tendo participado diretamente para a materialização deles, ou seja, caso a
aludida caçada não resultasse em nada, jamais existiriam as ações que o
tornaram réu, dando a entender que o petista apenas zomba e ironiza sobre a
realidade dos fatos, dando a entender que ele é absolutamente imune às
suspeitas e denúncias, estando acima de tudo e das leis.
A
verdade é que a tentativa de ignorar os fatos já investigados somente conspira
contra o próprio político, que, na qualidade de ex-mandatário do país, teria
capacidade suficiente para saber que nenhum juiz do mundo demonstraria despreparo,
imaturidade e, sobretudo, irresponsabilidade para aceitar denúncia vazia contra
alguém e muito menos, repita-se, um ex-presidente da República.
Nos
casos contra o petista, há notícia da presença nos autos dos elementos
indispensáveis ao preenchimento dos requisitos exigidos para a espécie, em
especial as provas juridicamente válidas e aceitáveis pela Justiça, tanto que
foram admitidas as denúncias constantes dos processos que o envolvem, porquanto
os procuradores da força-tarefa da Lava-Jato mostraram a riqueza das provas e dos
detalhes como elas foram levantadas, em exaustivas investigações sobre os fatos
denunciados.
Não
se trata de acreditar ou de desacreditar nas alegações do ex-presidente, mas
convém que ele procure, sem perda de tempo, contrapor, com documentos e provas
juridicamente válidas, cada denúncia do Ministério Público, como instrumento
capaz de arguição de defesa incontestável, ao invés de ficar atacando com meras
palavras o trabalho profícuo da Operação Lava-Jato, que tem sido acatado e
validado, com méritos, pelas instâncias superiores da Justiça, a exemplo da
Excelsa Corte de Justiça do país, em demonstração da credibilidade do trabalho produtivo
daquela operação.
Não
há a menor dúvida de que, enquanto o ex-presidente não mostrar as provas em
contrário sobre os fatos denunciados, os brasileiros continuarão a depositar
sua confiança em quem teve a desmedida competência para apurá-los e revelar os
podres que causaram enormes prejuízos não somente ao patrimônio da nação, mas
também à dignidade deles, que primam pela honorabilidade e pelo zelo no trato
da coisa pública e certamente anseiam mais ainda por que o seu ex-presidente
seja decisivo em contestar com documentos e atos probantes as denúncias da
prática de corrupção, conquanto os ataques inconsistentes e vazios de conteúdo
somente contribuem para confundir a opinião pública, que, há muito tempo,
perdeu a confiança e a credibilidade na classe política, exatamente diante da
incongruência entre seus atos e a realidade dos fatos. Acorda, Brasil!
ANTONIO
ADALMIR FERNANDES
Brasília,
em 19 de outubro de 2016
Nenhum comentário:
Postar um comentário