segunda-feira, 31 de outubro de 2016

A geração de novos políticos

Um importante jornalista afirmou que, “no primeiro turno da eleição municipal, Lula votou em São Bernardo do Campo. Estava acompanhado de sua mulher, Marisa, do prefeito petista Luiz Marinho e do candidato do PT à prefeitura da cidade, Tarcísio Secoli. Na saída, Lula fez uma aposta alta”, segundo a qual “O PT vai surpreender nesta eleição”.
Na ocasião, ele comentou sobre a disputa eleitoral na capital paulista: ”Se o povo de São Paulo tiver o orgulho que pensa que tem e se tiver a inteligência que pensa que tem, ele não tem outra coisa a fazer que não seja votar no (Fernando) Haddad”.
Na mesma entrevista concedida no primeiro turno, o ex-presidente afirmou que o PT surpreenderia nestas eleições, ele “praguejou”, ao afirmar que “Quanto mais ódio se estimula contra mim, mais amor se cria. Essa gente vai se surpreender porque, a partir dessas eleições, eu vou começar a andar pelo Brasil…”.
Ao afirmar que vai andar pelo país, o petista despreza a sua condição de réu que já responde a três processos na Justiça, por denúncias das práticas de atos irregulares, que têm como consequência o seu enquadramento nos crimes de corrupção passiva, organização criminosa, lavagem de dinheiro e tráfico de influência, estando passível a ser preso a qualquer momento, a depender das conclusões da Lava-Jato, o que, conforme o caso, o impedirá do usufruto da salutar liberdade “de andar pelo Brasil”.
O jornalista conclui seu raciocínio afirmando que “Lula faria um bem a si mesmo se andasse do seu apartamento, em São Bernardo, até sua zona eleitoral. Não resolve o fiasco do PT. Mas evita o constrangimento de sair da eleição municipal de 2016 pela porta dos fundos”.
A verdade é que o povo não somente da cidade de São Paulo, mas de todo o estado confirmou o orgulho que pensa que tem e a inteligência que pensa que tem e teve a feliz opção de votar nos candidatos verdadeiramente qualificados, em demonstração do seu desejo de renovação e de mudança das práticas antagônicas ao desenvolvimento político-administrativo.
Não somente o candidato do PT à reeleição da cidade de São Paulo, como de resto os das principais e importantes cidades do Estado, com destaque para a região do chamado ABC, que foi berço do petismo e sempre constituiu seu principal reduto eleitoral, não conseguiram emplacar absolutamente ninguém como representante do partido estrelado, perdendo feio para a maioria expressiva dos candidatos do governador tucano, que demonstra força política para a corrida ao Palácio do Planalto, em 2018.
As derrotas acachapantes e até humilhantes impingidas ao líder máximo do PT foram tão marcantes e sentidos na sua alma petista que ele sequer teve ânimo para comparecer à urna, para votar agora, no segundo turno, em que pese haver eleição na cidade onde ele reside.
A justificativa do político para não sair de casa foi considerada nada republicana, uma vez que ele buscou abrigo na lei eleitoral para deixar de comparecer à urna e não votar, sob o ridículo e inadmissível argumento de que teria completado 71 anos na semana passada e, nestas condições, o voto passou a ser facultativo para ele.
Em se tratando de homem público, que foi ex-presidente do país e lidera importante agremiação política nacional, a sua atitude de não votar, agora, foi considerada como antidemocrática, porque ela tem o condão de pôr em jogo a sua imagem de homem público, tendo o citado jornalista admitido que “quem acha que não tem idade para votar, já está velho demais para ser votado”, o que não deixa de ser pura verdade, tendo em conta que as atividades políticas não se encerram pela idade, mas sim pela perda da vontade de bem servir o público.
A surpreendente e expressiva derrapada do PT, nestas eleições municipais, não somente verificada no Estado de São Paulo, como em todo país foi generalizada e teve a indiscutível confirmação de que os brasileiros reprovam, com bastante ênfase, as malévolas e retrógradas práticas empregadas pelo partido, que tem como princípio a utilização de fins nada republicanos para o atingimento de seus objetivos, encrustados que são na absoluta dominação das classes política e social e na perenidade no poder, mesmo que eles sejam representados por esquemas criminosos, a exemplo do mensalão e petrolão, considerados de extrema dissonância com os princípios da moralidade, legalidade, honestidade e dignidade, os quais jamais podem se distanciar da administração pública.
Na prática, a escassa e minguada votação amealhada pelo PT mostra, com todas as letras, forte e certeiro tiro de misericórdia nas ridículas afirmações de que o processo de impeachment teria sido “golpe” parlamentar, o que vale dizer que o ato de afastamento da presidente petista do poder foi, implicitamente, referendado pelo resultado das urnas, em que o povo cuidou também de afastar da administração municipal os homens públicos igualmente reprovados nas gestões petistas.
Os homens públicos precisam se conscientizar, com a máxima urgência, de que as maléficas e arcaicas práticas políticas que prestigiam a plena dominação de classes sociais e políticas e o poder pelo poder já demonstraram a sua total exaustão e precisam passar por verdadeiro processo revolucionário de transformação, por meio do qual nova geração voluntariosa de homens públicos deve tomar conta dos destinos do país, como forma de se imprimir mentalidade moderna no sentido de que a representação política tem como princípio a exclusiva satisfação do interesse público, com embargo das nefandas ideias populistas e caudilhistas que tanto prejudicaram o país e os brasileiros. Acorda, Brasil! 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 31 de outubro de 2016

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