A
Itália anunciou que suspendeu a candidatura de Roma como sede da Olimpíada de
2024, sob a alegação de que a desistência em apreço foi forçada diante da firme
oposição da prefeita da cidade.
Com
a desistência de Roma, ficam na disputa apenas Los Angeles, Paris e Budapeste,
para sediar o aludido evento, cuja cidade anfitriã será escolhida em setembro
de 2017.
O
presidente do Comitê Olímpico Italiano disse ter informado ao Comitê Olímpico Internacional
sobre a decisão de “interromper a candidatura”,
deixando em aberta pequena possibilidade de renascimento da candidatura, em
caso de mudança no governo da cidade.
Ele
disse que “Hoje o jogo acabou. Mas se
alguém decidir que o jogo não acabou, isso não depende de nós. Mas hoje nós
estamos terminando o jogo”.
Depois
que o conselho da cidade de Roma decidiu retirar o apoio à candidatura dos
jogos, o presidente do Comitê Olímpico Italiano disse que “O comitê está oficialmente liquidado a partir de hoje. É uma grande
ferida para nós. Espero que eles percebam o quão ruim é a impressão que
deixaram” e que ele tomou conhecimento da decisão e voltará a discutir
sobre o tema, afirmando que “Todas as
circunstâncias e as informações que recebemos nos últimos dias demonstram
claramente que se trata apenas da política italiana”.
A
decisão italiana é a segunda em quatro anos, uma vez que, em 2012, também houve
a retirada da candidatura de Roma, quando o então primeiro-ministro do país a descartou
para os jogos olímpicos de 2020, sob o argumento de dificuldades financeiras.
A
desistência de Roma tem respaldo em componentes políticos, mas essa decisão evidencia
dificuldades de o COI convencer que a incumbência de se organizar Olimpíada se
trata sobretudo de privilégio e não de fardo pesado e oneroso.
Enquanto
isso, uma comissão da prefeitura de Tóquio, cidade a sediar a próxima Olimpíada,
em 2020, já alertou que o custo desse evento pode ultrapassar os 30 bilhões de
dólares – bem próximo dos 100 bilhões de reais -, valor este que representa mais
de quatro vezes a estimativa inicial.
Muitas
cidades já desistiram de sediar Olimpíada, a exemplo de Hamburgo, onde os
eleitores rejeitaram, em referendo, a candidatura da cidade alemã, para 2024. Boston
também fez o mesmo, com relação aos jogos de 2020, sob a alegação de falta de
apoios político e da população, tendo sido substituída por Los Angeles, como a
candidatura americana.
Com
a desistência de Roma de sediar a Olimpíada de 2024, fica muito claro que o
Brasil jamais deveria ter sediado o evento em 2016, uma vez que o país
tupiniquim já enfrentava, quando decidiu ser anfitriã, crises homéricas, com
destaque para a econômica e a prestação de serviços públicos, com consequências
nefastas para a população situação abaixo da linha de pobreza.
É
evidente que o governo tupiniquim deveria, em primeiro momento, ter dado prioridade
às questões internas e solucioná-las, para depois pensar em assumir
compromissos onde foram consumidos montanha de recursos, sem que houvesse algum
benefício que os justificassem para a sociedade, que continuou em precárias
condições de assistência com relação à saúde, à educação, à segurança pública,
aos transportes, ao saneamento básico, à infraestrutura e demais serviços de
incumbência do Estado, que somente pioraram com o passar do tempo, exatamente
em razão da escassez de recursos.
No
caso do Brasil, ficou mais do que explícito que a realização do evento olímpico
teve por finalidade tão somente satisfazer o ego de político irresponsável,
egoísta e totalmente alheio às prioridades das políticas públicas, que não
poderiam se afastar da satisfação das carências da população, que foi
sacrificada em nome da incompetência e do desprezo de governo que se alimentava
exclusivamente da forma de populismo abominável e ultrapassado, que ainda
predomina somente, em iguais condições, nas republiquetas.
À
toda evidência, se no Brasil tivesse governante cônscio da responsabilidade pública,
como demonstrado pela liderança político-romana, a Copa do Mundo de Futebol de
2014 e a Olimpíada de 2016 jamais teriam
sido realizadas no país, ante a obrigatoriedade da concentração de muitos recursos
nos locais dos eventos, que, como legado, pouco deixaram, não justificando os
esforços e sacrifícios da sociedade, porquanto as demais regiões do país
continuaram com as mesmas ou piores deficiências da prestação dos serviços
públicos e, o mais grave, sem dinheiro para a realização de qualquer melhoria,
uma vez que os cofres públicos tiveram que socorrer as inadiáveis despesas com
os aludidos megalomaníacos eventos. Acorda, Brasil!
ANTONIO
ADALMIR FERNANDES
Brasília,
em 22 de outubro de 2016
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