O
ex-presidente da República petista, em mensagem dirigida a militantes do PT, pediu
que “Me respeite para que eu possa
respeitar vocês”. Ele aproveitou o ensejo para fazer desabafo sobre o que
chama de perseguição da imprensa com sua vida pessoal, que teria sido
vasculhada há décadas e que nenhum crime foi encontrado e provado.
O
petista disse que “A minha vida foi
investigada na campanha de 82, na campanha de 86, na campanha de 90, na
campanha de 94, na campanha de 98, na campanha de 2002, na campanha de 2006, na
campanha de 2010, com Dilma, e na campanha de 2014. Continuem investigando. No
dia em que acharem, por favor, denunciem. Se não acharem, parem. E comecem a
fazer coisa séria nesse país (sic)”.
O
político insinua, em tom de ironia sobre a honestidade alheia, que seus
acusadores o denunciam por crimes que eles mesmos cometeriam, caso pudessem: “Possivelmente, se eles estivessem no meu
lugar, eles fariam o que pensam que eu fiz”.
A
sua fértil imaginação foi capaz de criar a seguinte pérola: “o Brasil não suporta mentira por muito
tempo. E isso tá prejudicando o país, tá prejudicando a imagem do Brasil lá fora
e tá prejudicando a credibilidade do país, que tinha muita credibilidade (sic).”,
dando a entender que as investigações não passam de armações e farsas
destinadas a prejudicar seus projetos políticos, ante a sua supremacia sobre
tudo e sobre todos.
Por
fim, o petista exige ser respeitado, nestes termos: “Eu tive o prazer de presidir esse país, quando o país passou a ser um
país com perspectiva de ser a 5º economia do mundo, de ser admirado e
respeitado, dos EUA à China. Porque eu queria ser respeitado e respeitava todo
mundo. Por isso, me respeite! Me respeite para que eu possa respeitar vocês (sic)”.
Em
ocasião anterior, o ex-presidente já havia se manifestado em sua defesa, tendo
afirmado que “Estão à procura de um
crime, para me acusar, mas não encontraram e nem vão encontrar”.
Sem
perder a pose, ele se coloca como vítima de “verdadeira caçada judicial” e tenta, sem apresentar provas, defende-se
das denúncias de práticas de corrupção.
Ele
afirma que “Sei o que fiz antes, durante
e depois de ter sido presidente. Nunca fiz nada ilegal, nada que pudesse
manchar a minha história. Não posso me calar, porém, diante dos abusos
cometidos por agentes do Estado que usam a lei como instrumento de perseguição
política”.
Mantendo-se
fiel à sua cáustica disposição de atacar a imprensa e a oposição, o petista
disse que “Desde a campanha eleitoral de
2014, trabalha-se a narrativa de ser o PT não mais partido, mas uma
‘organização criminosa’, e eu o chefe dessa organização. Essa ideia foi
martelada sem descanso por manchetes, capas de revista, rádio e televisão.
Precisa ser provada à força, já que ‘não há fatos, mas convicções'”.
No
momento, há avaliações no sentido de que, com a prisão do principal líder do
impeachment, o juiz de Curitiba se robustece com a força necessária para também
prender aquele que conta com absoluta expectativa dos brasileiros para
conhecer, o quanto antes, as dependências da “República de Curitiba”, por ser a
pessoa considerada pelos procuradores da força-tarefa da Lava-Jato o “pai” da “organização
criminosa” do petrolão.
Causa
enorme estranheza que, diante das denúncias, embora cercadas de celeumas,
quanto à verdadeira autoria sobre os fatos de que se tratam, sendo dirigidas ao
ex-presidente, inclusive que ele teria se beneficiado e também é o
comandante-em-chefe da podridão havida na Petrobras, segundo os procuradores do
Ministério Público, os ataques e as defesas do petista não são capazes de
demonstrar a sua inculpabilidade com relação às irregularidades cuja autoria
lhe é atribuída, notadamente porque eles são apresentados desacompanhados de
provas de contestação aos elementos juntados aos autos, que são objeto de
investigações realizadas pela Polícia Federal e pelo Ministério Público.
O
ex-presidente parece demonstrar total insensibilidade sobre a realidade dos
fatos, ao afirmar que “... continuem
investigando. No dia em que acharem, por favor, denunciem. Se não acharem, parem...”,
tendo em vista que as denúncias feitas pelo Ministério Público à Justiça já
constituem provas materiais suficientes para calar a arrogância de qualquer pessoa
sensata, que enxergaria facilmente que, agora, convém procurar contestar os
achados constantes dos autos e não mais tentar ganhar no grito as causas que
precisam ser demolidas com provas juridicamente válidas.
Na
verdade, o petista já é réu em três processos em tramitação na Justiça, o que
significa se afirmar que os fatos investigados foram confirmados pela Polícia
Federal e pelo Ministério Público e denunciados à instância própria do poder Judiciário,
que os aceitou como conclusões válidas e pertinentes.
Outras
questões ainda estão sendo investigadas contra o ex-presidente e certamente
deverão se transformar em objeto de novas denúncias à Justiça e o petista poderá
ser declarado réu de novo, exatamente em razão da materialização das suspeitas
de crimes cometidos por ele.
É
preciso ficar muito claro que nenhum juiz do mundo, principalmente do Brasil,
seria insensato, desqualificado e irresponsável em transformar alguém em réu se
não houvesse nos autos robustas provas sobre os fatos denunciados, sob pena de
responder pelo crime de prevaricação, por ter falhado, faltado com a verdade,
agido por interesse ou má fé no desempenho de seu cargo ou torcer a justiça,
que poderia implicar a perda do cargo.
Ao
que tudo indica, o ex-presidente deve estar passando por situação bastante
difícil e delicada, para não entender a realidade dos fatos e ainda querer ignorar,
à vista de suas insinuações sobre nada ter sido achado contra ele, que a
situação de trirréu é simplesmente o resultado incontestável dos levantamentos sobre
casos reais que ele insiste em desprezar e censurar com a maior veemência de
suas forças, ao afirmar, de forma reiterada, que quando encontrar algo contra
ele que o denuncie, quando ele já é réu, exatamente por ter sido denunciado,
com base em achados que comprovam a sua participação em atos inquinados de
irregulares.
Convém
que o ex-presidente se conscientize que convém que ele pare de tentar imaginar
que os brasileiros são desmiolados e incapazes de compreender que o país, com
as potencialidades econômicas e sociais do Brasil, não teria chegado à
bancarrota e ao fundo do poço se não tivesse alguém com a mentalidade altamente
perversa e destruidora, capaz de arquitetar maquiavélicas estratégias para
suportar os megalomaníacos projetos de absoluta dominação das classes
político-sociais e a perenidade no poder, em cristalino detrimento dos
interesses do país e dos brasileiros, cujos danos precisam ser reparados, com o
máximo de urgência, além da premência da renovação da classe política com
pensamento deletéria das causas nacionais. Acorda, Brasil!
ANTONIO
ADALMIR FERNANDES
Brasília,
em 28 de outubro de 2016
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