quarta-feira, 26 de outubro de 2016

Estranha tolerância aos tiranos

Nem parecia que a Venezuela continuava sendo mergulhada nas profundezas das crises crônicas, especialmente nos cenários político, econômico e administrativo, enquanto o seu presidente era recebido solenemente pelo papa, no Vaticano, conforme noticiam o gabinete de imprensa da Santa Sé e a imagem dele com o Santo Pontífice, que ainda o abençoa no encontro.
A audiência teve caráter “privado”, uma vez que ela sequer havia sido anunciada, mas o papa houve por bem incentivar “o diálogo sincero e construtivo” entre governo e oposição venezuelano, com a finalidade de “aliviar o sofrimento” das pessoas e promover “a coesão social”, conforme destaca a nota da Santa Sé.
A crise venezuelana, que já era grave, se agravou depois que houve a suspensão do referendo revogatório contra o impopular e incompetente presidente do país, dias atrás.
A situação crítica da Venezuela somente se agrava, tendo a Assembleia Nacional do país, liderada pela oposição, denunciado “golpe de Estado” dado pelo governo e pedido por rebelião popular, em sessão tumultuada.
Segundo informações veiculadas posteriormente ao citado encontro, os dois interlocutores teriam acordado verdadeiro armistício na Venezuela, para se negociar entendimento entre o governo e a oposição.
À toda evidência, a referida medida somente faz sentido para selar o adiamento do referendo revogatório, que precisa ser realizado ainda este ano, sob pena de se perder de vista a vontade do povo de afastar do cargo o presidente responsável pelo terrível sofrimento da população.  
Ressalte-se que, tempos atrás, o papa foi a Cuba e aproveitou a visita oficial naquela ilha para beijar a mão de um anticristo, que se acha afastado do governo, por motivo de doença, que tem no seu negro currículo cruel histórico de matança sumária de milhares de opositores à revolução cubana.
Agora, o papa recebe no Vaticano e abençoa outro tirano da mesma estirpe, que tem histórico de massacrar os venezuelanos e de punir com severidade seus opositores, além de impor à população dramáticas restrições de gêneros de primeira necessidade, como alimentos e remédios.
Nesses dois casos, percebe-se o quanto o papa é condescendente com governos socialistas/comunistas, que negam os princípios e as doutrinas cristãos, fatos estes que não condizem com o exercício pontifical, que deveria se opor e de forma contundente à intransigência doutrinária defendida pelos governos totalitários, que martirizaram a população com seus métodos desumanos.
Causa enorme estranheza que o papa, com o seu já costumeiro gesto de acolhimento aos ditadores, demonstre simpatia a mandatários que se identificam com regimes socialistas que, à toda evidência, não têm o menor pudor de impor sacrifício à população de seus países, como nos casos de Cuba e da Venezuela, como se os cidadãos desses países estivessem vivendo maravilhosamente em paz e com a preservação de seus direitos humanos e das suas liberdades individuais.
O santo papa sabe muito bem, porque a imprensa vem denunciando constantemente, sobre as crises social, política, econômica, administrativa, entre outras, que afetam, de forma dramática e devastadora, tais países, cujas consequências maléficas estão atingindo a população, que vem sofrendo os piores castigos, em termos de desumanidade, que não condiz absolutamente com os princípios cristãos que devem ser defendidos por ele, como o principal representante de Deus na Terra e tem autoridade para exigir tratamento humanitário para as pessoas.
Com a demonstração de tolerância papal aos tiranos cubano e venezuelano, o povo deixa de contar com a autoridade que poderia se contrapor aos terríveis métodos de intolerância e de desumanidade impostos por governos totalitários, que ainda se acham prestigiados com a complacência da autoridade máxima de Cristo entre os homens, que simplesmente consegue deslustrar a imagem de intransigente defensor dos direitos humanos, porque estaria em completa harmonia com os verdadeiros princípios disseminados por Jesus Cristo.
O santo papa é digno do mais expressivo repúdio dos filhos de Deus, ao acolher no Vaticano, pessoa com ideologia ditatorial que jamais deveria merecer a bênção papal, porque isso desmerece e apequena a autoridade do Vaticano, que deveria se distanciar, ao máximo, dos tiranos, além de repudiar, com veemência, seus governos totalitários, por serem extremamente contrários aos ensinamentos humanitários pregados por Jesus Cristo. Acorda, Brasil! 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 26 de outubro de 2016

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