sexta-feira, 21 de outubro de 2016

A saída dos trilhos

Com bastante ironia, a revista de economia norte-americana Forbes publicou, tempos atrás, artigo com forte crítica aos políticos brasileiros, vazado nos seguintes termos: “Parabéns, Brasília, você deu um tiro no pé do país com uma espingarda de cano duplo”.
A revista considera que o “drama político” na capital do país está empurrando a economia do Brasil para o fundo do poço e pode contribuir para que o país continue a ver sua nota de crédito rebaixada por agências internacionais.
A Forbes entende que “A crise política no Brasil pode ter começado com o governo do Partido dos Trabalhadores e a estatal de energia Petrobras. Mas desde que a Polícia Federal agiu de forma histórica e prendeu oligarcas intocáveis do país, e que políticos da coalizão como o ainda presidente da Câmara, Eduardo Cunha, foram considerados suspeitos de corrupção, todo o aparato político brasileiro está uma confusão”.
De acordo com o artigo, Brasília é atualmente metade uma tragédia grega e a metade comédia-pastelão.
Em data anterior à presente publicação, a Forbes disse que o Brasil estava se tornando a Grécia da América Latina, em referência a derrocada da economia.
As análises tecidas pela Forbes são tão evidentes que todos enxergam com maior facilidade a gravidade sobre as crises tupiniquins, com exceção de alguns brasileiros que preferem não as perceber e também não fazer a menor questão de se conscientizar acerca das graves questões que afetam o desenvolvimento do país.
Não é de agora que a situação político-administrativa brasileira entrou em completo colapso, mas, mesmo assim, a classe política dominante comanda o país com incompetência e o maior descaramento, mas mesmo assim sempre tem firme e forte apoio do povo, nas urnas, onde implicitamente fica registrada a falta de vontade e de interesse de mudar o status quo, em evidente falta de responsabilidade cívica e de consciência política.  
Isso é exatamente a evidência da pequenez e da desinformação de muitos brasileiros, que, alheios à gravidade sobre a realidade da caótica situação, acomodaram-se ao abrigo das benesses representadas pela chamada distribuição de renda tão generosamente aos carentes, como o Bolsa Família e outras assistências afins, sem que estes tenham a conscientização de que se trata de processo estrategicamente planejado com o propósito da consolidação do populismo e caudilhismo ultrapassados e interesseiros.
À toda evidência, os programas assistencialistas têm por finalidade a potencialização de fins estritamente eleitoreiros, com vistas ao fortalecimento dos projetos de absoluta dominação das classes sociais carentes, visando à perenidade no poder, sob os auspícios de governo dito diferenciado, que não se cansava de alardear a sua preocupação com a pobreza, em que pese o desprezo às demais políticas públicas, que foram relegadas ao ostracismo e à vala comum das incompetências e precariedades, como mostra a periclitante situação de penúria do Brasil, que já enfrentava drástica crise, com destaque para a fragilidade econômica, representada pela recessão da economia, falta de investimentos em obras públicas, pelo desemprego, elevado endividamento público, entre outras dificuldades que o levaram a perder o grau de investimento e a confiabilidade dos investidores internacionais.
É indiscutível que a classe política, responsável pelos destinos dos brasileiros, tem demonstrado completa incompetência e incapacidade de administrar o país com as potencialidades econômicas e sociais do Brasil, que não conseguiu evitar a destruição da economia e dos princípios da competência e da eficiência e ainda contribuiu para cavar a sepultura da nação, que saiu há muito tempo dos trilhos do desenvolvimento, graças à recessão econômica e às suas consequências de desemprego, falta de competitividade e de tantas precariedades próprias da má gestão de recursos públicos. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 21 de outubro de 2016

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