Com os cofres além de zerados, completamente vazios, em
razão da proibição das doações de empreiteiras aos partidos políticos, por
força das investigações objeto da Operação Lava-Jato, os congressistas, sem o
menor pudor, quando ignoraram os reiterados rombos nas contas públicas, decidiram
quase triplicar as verbas para os partidos políticos, com vistas a aumentar o
bolo do fundo partidário – que pulou de R$ 289,5 milhões para R$ 867,5 milhões.
A generosidade em apreço foi comemorada e aplaudida
por todos os partidos, tanto da oposição como da situação, porque seus cofres
estavam cheios de dívidas e o somatório de recursos acrescidos tem o condão de
saldar suas dívidas, fruto das gastanças de campanhas eleitorais, muitas das
quais contraídas com o esbanjamento das propagandas e publicidades, cujas
faturas passam para a responsabilidade dos bestas dos contribuintes, que são
obrigados a pagar as abusivas e incontroláveis farras de campanha.
À toda evidência, as fortes pressões para o
injustificável aumento do fundo partidário partiram dos partidos grandes, que
pouco se importaram com as medidas de ajustes fiscal e econômico, diante das
dificuldades existentes nos balanços orçamentário-financeiros, de onde provém
os recursos aprovados para a elevação do fundo partidário, que poderá capitalizar
aproximadamente R$ 900 milhões, depois da regra aprovada.
Não houve ninguém que se importasse pelo fato de haver
destinação de expressivo montante de recursos para fundo partidário que, à toda
evidência, não constitui prioridade de políticas públicas e, por isso, não
faria o menor sentido que houvesse a aprovação de medida completamente
contrária aos ajustes fiscal e econômico, que, ao contrário, visam exatamente a
contenção de despesas, ou seja, a atitude em causa significa nada mais nada
menos demonstração de irresponsabilidade quanto à aplicação das verbas
públicas, pela demonstração de ultra-insensibilidade por parte dos generosos congressistas,
num gesto de bondade em causa própria, para a solução dos problemas financeiros
de seus partidos.
Enquanto os parlamentares concedem aumento desproporcional
para o fundo partidário, sobram medidas de arrocho para a sociedade, que já se
encontra no máximo do sacrifício, em clara demonstração de que o governo, que
deveria ser do povo, nada fez para se evitar mais sobrecarga nas costas dos
contribuintes, que sempre é exigido a pagar as trapalhadas criadas pela
administração pública.
Não constitui novidade que a situação financeira dos partidos
é de real penúria, diante do esvaziamento das pomposas doações das
construtoras, que se distanciaram deles depois das investigações dos esquemas
de corrupção que atuavam na Petrobras, por meio dos quais eram abastecidos com
abundância os cofres do partido do então governo, com contribuições provenientes
das propinas, que o seu tesoureiro e as suas lideranças garantem que são
doações legítimas e chanceladas pela Justiça Eleitoral.
Causam extrema estranheza
as fajutas justificativas do governo de então para o gesto de bondade
presidencial, no sentido de que “Caso
vetasse, o gesto seria visto como uma intransigência do Executivo com o
Legislativo. Isso não teria o menor sentido” e ainda de que a decisão da
então presidente petista simplesmente atendeu pedido da maioria dos partidos,
inclusive das legendas da oposição, ou seja, haja sensibilidade para a causa
dos políticos, quando falta tanta boa vontade para com os brasileiros, que são
obrigados a arcar com mais esse pesado ônus, decorrente da irresponsabilidade protagonizada
pelos parlamentares.
Caso os congressistas tivessem
o mínimo de coerência com a grave situação econômica do país, jamais teriam
aprovado o despropositado aumento do valor da verba partidária, tendo em vista
que há múltiplas razões de justificativas para afastá-lo para o espaço sideral,
notadamente com base no ajuste econômico, que agora ficou bastante claro que
ele será exigido somente com relação aos já sacrificados brasileiros.
É lamentável que motivações
exclusivamente de conveniência política tenham servido de base para a quase
triplicação de pesado fardo de incumbência dos contribuintes, ficando bastante
evidente a demonstração da falta de austeridade e de zelo orçamentário.
Os parlamentares simplesmente
esbanjaram magnanimidade em causa própria, com o insensato aumento do fundo
partidário, em gesto de pura bondade a seu favor, em total atropelamento aos prescindíveis
princípios de ajustes fiscal e econômico, defendidos pela sociedade, ou seja, a
atitude injustificável em apreço contradiz a necessidade de austeridade na
gestão dos recursos públicos, conquanto o verdadeiro arrocho continuará apenas sobre
os eternos otários dos brasileiros, que estão tendo seguidos apertos no seu
bolso e ainda com os agravantes da recessão econômica, do desemprego e de muitas
dificuldades resultantes da incompetência administrativa e das precariedades na
prestação dos serviços públicos de incumbência do Estado. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 21 de outubro de 2016
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