Segundo noticia o jornal Folha de S. Paulo, a presidente do Supremo Tribunal Federal está propensa
a realizar sorteio entre os integrantes da Segunda Turma da Corte, para escolher
o relator da Operação Lava-Jato, em substituição do ministro morto em acidente
de avião.
O Supremo é composto por onze ministros e, para
fins de relatoria de processos, existem dez ministros - já excluída a presidente
da Corte, que não relata processos -, os quais são divididos em duas turmas, denominadas
primeira e segunda, sendo que, nesta, participava o ex-ministro relator da
Lava-Jato, estando agora com quatro componentes.
Atualmente, a Segunda Turma é integrada pelos
ministros decano da Corte, que salvou o presidente do Senado Federal de ser defenestrado
da Presidência desse órgão, e mais três que se tornaram famosos por questionáveis
condutas, muitas delas absolutamente reprováveis pela sociedade, sendo que um
foi advogado do PT e assessor direto da ex-presidente da República, além de
contribuir para a demora do julgamento do processo do presidente do Senado; o
segundo foi revisor do mensalão, tendo criado o maior barraco com o relator do
processo, por se manifestar em favor dos réus, além de ter mutilado a
Constituição para permitir a elegibilidade da ex-presidente; e o terceiro se
mete onde não é chamado, principalmente quando pretende defender seus
interesses, já tendo demonstrado indiferença aos trabalhos da Lava-Jato.
Ou seja, os quatros integrantes da Segunda Turma
não inspiram a menor confiança, à luz de seus históricos de atuação na Corte,
tendo em vista a extrema responsabilidade exigida para o relato de processos
que não podem ficar à mercê de ministros que já demonstraram enorme dificuldade
para se expor com isenção e transmitir segurança quanto ao seu desempenho, que
deve corresponder às aspirações de imparcialidade e impessoalidade, mas fatos
do passado de todos sinalizam em direção contrária.
Como
se sabe, o relator
da Operação Lava-Jato decide, entre outros casos, sobre quais políticos com
foro privilegiado devem se tornar réus, a homologação das delações premiadas e o
sigilo dos depoimentos daqueles que fizeram acordo com a Justiça, a exemplo dos
casos recentes dos 77 executivos e ex-executivos da Odebrecht.
Como
se vê, há fundada preocupação da sociedade quanto ao sorteio somente no âmbito
da Segunda Turma, entre ministros que já demonstraram parcialidade ou deixaram
de seguir a correta liturgia estabelecida para o exercício do relevante cargo que
tem obrigação de fazer a devida justiça, notadamente quanto às suas tendências
e ligações com partidos e políticos, cujos laços de amizade jamais deveriam
interferir nas atuações jurisprudenciais.
A presidente do Supremo tem excelente oportunidade para
mostrar amor ao Brasil, no momento importante de proceder ao sorteio do relator
da Operação Lava-Jato no Supremo, que, diante da extrema importância do comando
dos processos pertinentes, isso jamais poderia ser feito por sorteio de forma
tão restrita, abrangendo apenas os ministros de uma turma, quando os criminosos
contemplados com o foro privilegiado são julgados pelo plenário do Supremo e
seus componentes deveriam participar do sorteio, ao invés de restringi-lo
apenas entre poucos magistrados, sendo que muitos dos quais têm passado
manchado e enxaguado sob suspeita de
atuação parcial, em defesa de escusos interesses.
A história mostra, com ricos detalhes, respaldados
pelos fatos, que não há dúvidas de que é bastante temerário se confiar a um
desses juízes a incumbência de decidir em tão importantes casos envolvendo
justamente pessoas do partido defendido pelo possível relator, como já
aconteceu no escândalo do mensalão, que resultaram enormes prejuízos para os
anseios da sociedade, que foi às ruas, em movimento de protestos, exigir a
moralização do país, que certamente não haverá se o novo relator recair na
pessoa simpatizante do grupo que dilapidou o patrimônio da Petrobras.
A presidente do Supremo poderia amadurecer a sua
decisão, no sentido de que a escolha do relator da Lava-Jato não pudesse ficar
restrita a quatro ministros quando a Corte tem nove, sabendo-se que pelo menos quatro
não são confiáveis, à vista das suas condutas claramente em defesa daqueles que
ajudaram a destruir o Brasil, repita-se, a exemplo do julgamento do mensalão.
Certamente que a reputação de competente atribuída
à presidente do Supremo poderá ser lançada ao espaço sideral se ela encampar e
concretizar essa trágica ideia de escolher o relator, por sorteio, entre
ministros odiados por parcela significativa dos brasileiros, justamente porque
o comportamento deles não condiz com as aspirações igualmente da maioria da
sociedade.
É justamente por esse motivo que a presidente do
Supremo Tribunal Federal precisa se conscientizar de que o sorteio deve abranger
os ministros da Corte, mesmo na possibilidade da escolha recair em um daqueles
que os brasileiros gostariam que ele jamais fosse escolhido, em razão da sua
notória contribuição contrária aos interesses nacionais. Acorda, Brasil!
ANTONIO
ADALMIR FERNANDES
Brasília,
em 31 de janeiro de 2017