A
prestigiada revista britânica The
Economist traz na capa da sua última edição o candidato à Presidência da
República pelo PSL, escrito em português "Bolsonaro presidente", e diz que ele é uma ameaça, não só para o
país, mas para toda a América Latina.
O
editorial foi publicado com o título "Jair
Bolsonaro, a última ameaça da América Latina", a indicar que a revista
analisa o momento atual do Brasil, tendo afirmado que "a economia é um desastre, as finanças
públicas estão sob pressão e a política está completamente podre".
A
publicação compara o brasileiro ao presidente norte-americano e afirma que,
"se a vitória for para Bolsonaro, um
populista de direita, o Brasil corre o risco de tornar tudo pior".
A
reportagem diz que "Bolsonaro, cujo
nome do meio é Messias, promete a salvação; na verdade, ele é uma ameaça para o
Brasil e para a América Latina".
Aliás,
não é de agora que aludida revista vem acompanhando as crises econômica, social
e política brasileiras, quando se manifestava frequentemente no último governo
petista, cujos fatores são apontados por ela para o crescimento nas pesquisas do
presidenciável carioca.
O
citado editorial afirma que "Os
populistas recorrem a queixas semelhantes. Economia fracassada é uma delas -- e
no Brasil a falha foi catastrófica. Na pior recessão de sua história, o PIB
encolheu 10% entre 2014 e 2016 e ainda não se recuperou. A taxa de desemprego é
de 12%".
A
revista foi mais além, tendo dito, sem o menor pudor e de forma grosseira e
deselegante para o seu nível, que, como líder nas pesquisas, o ultradireitista é
"xerife sem noção".
É
evidente que as notícias sobre a reportagem publicada com chamada de capa da mundialmente
famosa revista The Economist são
publicadas, na imprensa brasileira, em resumo do seu conteúdo, em que
sobressaem apenas alguns tópicos, sem maiores detalhes sobre a essência dos
fatos, dizendo que o presidenciável é ameaça para o Brasil e a América Latina,
mas isso representa o extremo da irresponsabilidade, por não se esclarecer
exatamente quais são as formas pelas quais as ditas ameaças vão se materializar
contra especificamente o quê, deixando as dúvidas no ar, para quem quiser interpretar
e isso é imperdoável para revista de renome, que tem a obrigação de primar pela
objetividade e clareza das suas matérias.
Não
se sabe se os detalhamentos dessa “ameaça” constam da matéria publicada
diretamente pela revista, no caso, explicando cada motivação e a fundamentando
para assegurar de que jeito vai se processar tal ameaça, elencando com o devido
cuidado a inevitabilidade dela, em termos de responsabilidade de imprensa séria.
Constituem
brutal e monstruosa leviandade críticas e acusações dessa magnitude,
absolutamente desacompanhadas dos devidos fundamentos, pelos menos, na forma do
noticiário publicado na mídia brasileira, que apenas faz menção ao fato de que
o candidato ultradireitista é simplesmente uma ameaça, como se isso desse a
certeza que os demais candidatos estão longe de ser ameaça sequer ao Brasil,
quando se sabe perfeitamente que existem outros candidatos potencialmente
capazes de ameaçar os interesses dos brasileiros, principalmente quanto à
incompetência e outras faltas de cuidados e zelos para com a coisa pública, o
patrimônio dos brasileiros, cuja colocação à prova já deixou seus rastros na
experiência desastrosa de governos recentes, que conseguiram destroçar o
patrimônio da principal empresa petrolífera brasileira, mas, mesmo assim, tem
candidato da mesma agremiação que ainda pretende retornar ao poder.
O
que se percebe, diante da notoriedade, é que a revista britânica foi muito
infeliz em escolher somente um candidato para acusá-lo sem ter prova nem
fundamento para tanto, quando ela teria o dever de bem informar, sem qualquer
questionamento, de demonstrar análise e avaliação completas e amplas sobre o
histórico político de todos os candidatos, em se tratando de processo eleitoral
com ampla repercussão no mundo, além da indiscutível participação de outros
candidatos de ideologias centrista e esquerdista, fato este que evidencia clara
discriminação para com o candidato focado por ela, que é o líder das intenções
de voto.
É
até possível se imaginar que a candidatura do presidenciável fluminense possa
inclinar-se para governo mais aproximado da linha militarizada e isso tem algo
que pode suscitar dúvidas e incertezas, diante da falta de definição detalhada
quanto à execução dos planos estratégicos de seu governo, mas já se sabe, de
antemão, que a sua centralidade de ação será mesmo o ferrenho, intenso e
corajoso combate à bandidagem que tomou conta do Brasil e isso, por certo, tem o
condão de contrariar a linha político-ideológica de muitos homens públicos que
preferem a banalização da criminalidade e da impunidade, como forma de se
manterem sólidos no poder.
Por
seu turno, na outra extremidade, muitos brasileiros já acostumados com as “benesses”
e as denominadas pseudoconquistas sociais vislumbram o eventual retorno do
principal partido de esquerda ao poder, que pode ter o infeliz e inexorável destino
a transformação do Brasil em uma destroçada Venezuela, por se tratar de
agremiação declaradamente apoiadora das ditaduras de Cuba e desse país, em cuja
ideologia se assenta a defesa do controle social da mídia e do emprego da
violência, principalmente no campo, por movimentos sociais e principalmente da
intransigência à regular aplicação do ordenamento jurídico, a exemplo do recente
impeachment e da prisão do seu líder maior, que são chamados de “golpe”, quando,
em ambos os casos, o império da constitucionalidade esteve presente, segundo a
chancela do Supremo Tribunal Federal, que tem se manifestado rigorosamente pela
legitimidade dos procedimentos até então adotados, o que afasta qualquer
suspeita de golpe, que tem como fonte justamente o desprezo à Constituição e às
leis do país.
Os
exemplos acima são pequenos detalhes como a revista teria sido de maneira parcial
e injusta na sua análise de apenas tratar a situação de um candidato, quando os
eleitores, em termos de espírito democrático, que a revista britânica sabe
muito bem o que seja isso, não se satisfazem somente com as pauladas dadas com imperdoável
violência apenas no lombo do candidato que lidera as pesquisas de intenção de voto,
dando a impressão de que se trata de matéria questionável, sob vários aspectos ínsitos
dos princípios civilizatórios e democráticos.
A
depender do anglo de quem precisa avaliar o momento político-histórico
brasileiro, pode facilmente tirar as suas conclusões quanto aos possíveis
riscos que o país terá que enfrentar nessa tão disputada campanha eleitoral, em
que é possível que o candidato ultradireitista possa ser ameaça ao Brasil, à
América Latina e ao mundo, mas não deixa de haver monstruosa injustiça contra
ele e os brasileiros que os demais candidatos não tenham sido igualmente avaliados
pela prestigiada revista, com aplicação dos mesmos critérios e pesos usados.
É
preciso que a verdade e a mentira sobre um candidato sejam ditas igualmente com
relação aos outros presidenciáveis, porque certamente eles também podem ter
potenciais predicativos de ameaças maléficas como comandantes dos brasileiros,
que estão igualmente correndo sérios riscos, certamente por diferente terrível maneira
de governabilidade, caso em que a revista também tem a sua parcela de culpa por
sua imperdoável omissão quanto a estes, em clara demonstração de injustiça e
parcialidade, cuja atitude não condiz com a sua competente linha editorial.
Convém
que também sejam mostrados os defeitos e as qualidades de cada um dos demais presidenciáveis,
incluindo e especificando, se for o caso, o grau de ameaça aos princípios
democrático e republicano, com as respectivas avaliações, de forma responsável
e justa, sobre os predicativos e as falhas inerentes eles, todos passando pelo
mesmo crivo de avaliação imparcial e criteriosa, porque, do contrário,
poder-se-ia se inferir que a matéria em apreço tem cunho tendencioso e antidemocrático,
exatamente por não refletir a real situação político-eleitoral brasileira da
atualidade, diante da sua importância para a definição do voto consciente dos
brasileiros. Acorda, Brasil!
Brasília,
em 24 de setembro de 2018
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