Em
questão de segundo um tresloucado foi capaz de abalar as estruturas da
democracia brasileira, que ainda se encontra em alicerce capenga desnível, além
de quase tirar a vida de ser humano, tendo-o ferido com seríssima gravidade.
Esse
atentado contra um presidencial, de natureza gravíssima, sob o prisma humano e
pessoal, mostra a fragilidade da vida, mesmo sob a proteção da Polícia Federal,
que não conseguiu evitar investida covarde e traiçoeira, à vista da multidão,
que apenas quedou-se em perplexidade e impotência para evitar brutal insensatez
perpetrada por um de muitos que, insensíveis aos princípios humanitários, se
solidarizam com o algoz, como que dizendo que fariam o mesmo ou até pior, em
clara demonstração de desumanidade que não tem limite, quando a doentia
ideologia é posta em ação cega e inconsequente.
Por
outro ângulo, o esfaqueamento de que se trata feriu brutal e gravemente a
democracia, porque o seu objetivo insano era calar a voz de candidato
presidencial que, além de liderar a preferência de voto, não tem medo de dizer
o seu sentimento de brasilidade que é próprio dele e de muitos cidadãos, que
defendem urgentes mudanças no Brasil, mas isso teve preço muito além do que se
poderia imaginar ou pensar, em face dos avanços da humanidade, que alguém seria
capaz de protagonizar tamanha barbaridade, em contrariedade aos salutares princípios
democrático e humanitário, de defesa de ideias, que pode ser de direita,
esquerda, centro ou quaisquer outras sejam, que tenham por objetivo o
fortalecimento da vontade popular, como assim pensam as mentes sadias.
Como
se vê, o brutal crime pode acarretar inegáveis consequências pessoais e
políticas, porque ele é divisor de águas, diante da necessidade de urgentes mudanças
tanto no que se refere às vidas das pessoas afetadas pelo incidente como no que
diz respeito à sucessão presidencial propriamente dita, com implicação direta
na política nacional, ante a reviravolta processada na campanha presidencial,
que precisa ser repensada, para se evirar que outras e terríveis loucuras
possam ainda reincidir contra a vida e a democracia, porque não se tem a menor segurança
que outros malucos possam surgir de repente, com intenções destrutivas e
monstruosas.
Por
sorte do presidencial, a intenção assassina do criminoso não foi concluída como
planejada, mas a ação em si foi capaz de atingir quase que mortalmente um ser
humano e o arcabouço da civilidade e da convivência política do país, em ato
absolutamente rejeitado pela sociedade - ressalvado o pensamento de adversários
políticos -, como forma desejável para a solução das demandas pela via da
violência, não importando a sua índole ideológica.
Foi
de suma importância que, de imediato e à unanimidade, houvesse o repúdio da
sociedade sensata e sensível contra o bestial atentado, à vista das manifestações
responsáveis e sinceras de autoridades, dos demais candidatos à Presidência da
República, do mundo civilizado e de todos, em expressão de solidariedade ao ser
humano ferido covarde e brutalmente.
É
evidente que o surpreendente incidente fez com que os candidatos parassem suas
atividades para refletirem sobre os caminhos a serem tomados quanto às
estratégias da campanha eleitoral, tendo como principal ingrediente o horroroso
acontecimento com o presidencial carioca, porque não se pode mais ser
desprezado o notório eco de terrível e ensurdecedora pregação de ódio e de indiferença
à racionalidade e ao bom senso.
Não
há como fugir dessa importante reflexão, que é premente e necessária, de modo
que é preciso de reconhecer que a campanha eleitoral, desde muito tempo, está
eivada de fortes sentimentos de animosidade, que extrapolam em muito a
racionalidade do tradicional embate de opiniões e visões apenas centrado no
terreno da política, porque muitos políticos vêm mostrando disposição para o
enfrentamento do adversário como se houvesse a imperiosa necessidade de destruição
física de verdadeiro inimigo, quando o jogo não passa de meras ideias políticas,
em contexto absolutamente de transparência política.
Há
que se reconhecer a maneira indevida e deselegante da condução dos debates próprios
da arena eleitoral, por se não admitir, por questão de sensatez e bom senso,
que candidato presidencial tenha o desatino de afirmar, diante do povo, a sua
impensada intenção de “fuzilar a
petralhada”, numa infeliz figura de linguagem em referência exatamente
contra os principais adversários, que, conforme o grau da sanidade mental de
quem para ela é endereçada, tem significado de real sentimento de extermínio e
isso é absolutamente inaceitável, no âmbito da campanha eleitoral, por
demonstrar acinte e afronta, totalmente despropositados, diante do indiscutível
estado de beligerância que não condiz com infeliz frase como essa.
Não
que isso possa ter contribuído, de alguma forma, para justificar o bárbaro
ataque desferido contra o presidenciável, mas certamente ele não teria sido
considerado tão deselegante e precipitado, porque o candidato tem obrigação de
ser elegante no tratamento, principalmente, contra seus adversários, para que
ele possa ser tratado com o merecido e igual carinho, evidentemente a depender
do grau de civilidade dele.
Não
à toa que semelhante clima de beligerância pode ter influenciado, em março último,
o atentado a tiros contra dois ônibus da comitiva do ex-presidente da República
petista, por ocasião da sua passagem pelo Paraná, sem que houvesse, felizmente,
ferimentos contra ninguém, porém o clima antagônico demonstrava irracionalidade
e incivilidade, entre adversários políticos, em completa dissonância com os
princípios democráticos modernos.
É
induvidoso que não é impossível deixar de ignorar ou minimizar o importante papel
da discussão política, em termos da truculência na incontrolável escalada da
violência, que sinaliza para o crescimento de risco real de desestabilização política
brasileira.
Não
se pode ignorar, porque é do conhecimento popular, que a degradação do debate
político tem origem no feroz discurso antidemocrático que conseguiu a separação
do país a partir das expressões “nós” contra “eles”, que foram consolidadas
depois que o PT conquistou o poder e isso mereceu natural reação, com o avanço
da intolerância petista, que logo se espraiou em direção à selvageria, com o beneplácito
das autoridades constituídas, que não tiveram interesse e muito menos
competência para pôr freios a essa escalada de violência que é impossível de
controle.
Infelizmente,
ainda no calor dos acontecimentos lamentáveis, em que a temperatura atingiu o
máximo da fervura, a insensatez ainda predomina exatamente onde deveria partir
excelentes lições para a candura, a compreensão e o desarmamento dos ânimos,
como prova do verdadeiro e duradouro armistício no seio dos homens públicos,
mas ao contrário disso, o presidente do PSL, a agremiação do presidenciável
agredido, foi o primeiro a levantar a voz, ao bradar, como que incitando à luta:
“Agora é guerra”.
Mais
ou menos na mesma linha, com o sentimento de solidariedade, o candidato a
vice-presidente na chapa, o general de Exército, de forma insensata, acusou o
PT pelo atentado, não tendo, para tanto, qualquer indício, por mínimo que seja,
para respaldar a sua impensada e gravíssima suspeita.
Ao
contrário disso, já mais ponderada, a presidenciável ambientalista disse que “Essas eleições nos dão a possibilidade de
pôr um ponto final na polarização, no ódio e na violência”, tendo afirmado
ainda que “A violência não pode ser
combatida cum uma arma na mão. É o amor e o respeito uns pelos outros dentro do
coração, independentemente de cor, raça e ideologia.”.
Por
seu turno, o presidenciável tucano afirmou, em referência ao atentado em tela,
que "Não é na bala, nem na faca que
vamos construir uma nação. A violência é o pior caminho para combater a
violência. O ódio que divide o país cresceu com o PT e fez prosperar radicais
de um lado de outro. Outra coisa é não deixar que esse acontecimento nos impeça
de olhar com cuidado para os problemas do Brasil".
O
tucano concluiu, afirmando que “É preciso
ter um país em que seja possível viver sem medo e o episódio pode trazer uma nova
nação".
É
evidente que o presidenciável tucano mostra ter esperança de que, embora a
agressão em apreço se trate de fato deplorável, o acontecimento em si possa
contribuir para a reflexão das autoridades, de quem muitas vezes brotam as
sementes do ódio, da disputa e do embate mais acirrados na busca do poder, e da
própria sociedade, que não pode servir de combustível para o trucidamento dos cidadãos.
Não
dúvida de que o Brasil ingressa de vez na perigosa fase de turbulência e de
fortes vácuos, em que seu destino político entrou em definitivo na rota escura,
perigosa e tenebrosa das incertezas, tendo por base recente afirmação do
ministro da Defesa, in verbis: “há apreensão entre os que têm responsabilidade de garantir a estabilidade das
instituições, da lei e da ordem”.
Há
informação noticiada na mídia de que o jornal O Estado de S. Paulo teria apurado que há clima de “perplexidade” no seio dos militares, sob
a perspectiva quanto à urgente necessidade de, verbis: “desestimular o
extremismo e isolar os radicais, de qualquer coloração política. Os dirigentes
dos partidos precisam ter em mente que ou se ensarilham as armas, desfazendo o
clima de rinha de galos que interdita o debate a sério sobre o futuro imediato
do País, ou o Brasil mergulhará de vez no torvelinho da instabilidade”.
Parece
razoável a ilação de que o ápice da intolerância e da irracionalidade chegou
agora, nas mãos de facínora, que sintetiza o extremo da intolerância,
irracionalidade e selvageria, absolutamente repudiáveis pela sociedade.
À
toda evidência, a sociedade não pode mais tolerar a continuidade desse horroroso
clima de instabilidade política, notoriamente passível de entendimento e pacificação,
a dependerem exclusivamente da vontade política de se promoverem o desarmamento
e o ensarilhamento dos sentimentos de ódio, rancor e violência, que são capazes
da perpetração de ato de extrema irracionalidade, como esse agora consumado por
um entre muitos potenciais insanos assemelhados a ele, de forma absolutamente
injustificável, diante da extrema ausência de plausível motivação, salvo da
desvairada defesa da ideologia política, decorrente de possível doutrinação não
em benefício do povo ou da nação, mas sim de agremiações partidárias, que não demonstram
o menor esforço para se evitar tragédia como a ocorrida.
Vejam-se melhor exemplo de confirmação do que
foi explanado acima, quando o presidente do PT no Rio de Janeiro, que, ao
invés de repudiar e condenar o atentado, que, mutatis mutandis, poderia até ser contra ele, na qualidade de político,
aproveitou a agressão para provocação desairosa e degradante, tendo afirmado,
pondo em dúvida a veracidade do ataque, que "Na boa... Essa facada tá mal
contada... Que o candidato não tinha
cérebro eu sabia... Mas que não tinha
sangue é pra mim novidade... O cara
ia resolver os problemas do Brasil a bala... Ameaça todo mundo e diz que vai
dar tiro! Agora leva uma canivetada de um bandidinho imbecil e diz que é
atentado terrorista... fascista frouxo de merda!".
Fica
bastante evidente que o adversário político aproveita a situação de extrema
gravidade criminosa, com risco de morte de ser humano, para fazer gozação e
minimizar episódio seríssimo que exige, no mínimo, repúdio da sociedade em
geral, em demonstração de que o ódio e o crime não podem ser acobertados e banalizados
como fez, de forma descarada, esse pobre e desumano político, que é candidato a
deputado federal, ou seja, com sua ideia de desumanidade ainda pensa em
representar o povo, que possivelmente será eleito para continuar, no Congresso
Nacional, disseminando suas ideias retrógradas e absolutamente dissonantes com
os princípios de racionalidade, civilidade e humanidade.
É
preciso sim ser mostrado por meio de ações e atos efetivos que realmente é urgente
a conscientização sobre a necessidade da pacificação e da união sociais, para
possibilitarem a construção e a consolidação da tão ansiada convivência amadurecida
e civilizada dos irmãos brasileiros.
Urge
que os homens públicos, com suas mentalidades políticas modernas, sensatas, preocupadas e interessadas na defesa da
democracia brasileira se unam e ajam de maneira efetiva e concreta, com o firme
propósito de serenar os ânimos exaltados e completamente fora dos limites de
racionalidade e civilidade, em benefício da grandeza e do fortalecimento dos
princípios republicano e democrático e, sobretudo, da valorização dos sentimentos humanitários.
Acorda, Brasil!
Brasília,
em 9 de setembro de 2018
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