O
candidato a presidente da República pelo PDT afirmou que homens e mulheres
"decentes" não merecem ser
obrigados a fazer escolha entre os presidenciáveis pelo PSL e PT, no segundo
turno da próxima eleição, dando a entender que ele é superior a eles.
Acontece que, na mais
recente pesquisa de intenção de voto, realizada pelo instituto Datafolha, o
candidato do PT teve surpreendente crescimento, passando de 9% para 13%, e
empatou com o pedetista, que também contabilizou 13%, enquanto também houve crescimento
do presidenciável carioca, que chegou aos 26% da preferência do eleitorado.
O presidenciável
pedetista afirmou que "Eu quero
organizar todos os brasileiros, homens e mulheres decentes, que dão valor ao
trabalho e que não querem ser levados a um segundo turno que os leve a escolher
entre o fascismo ou premiar todas as contradições gravíssimas do PT. Isso é uma
escolha que o brasileiro não merecia".
Não obstante, ele disse
que há movimento em curso que permitirá "um final feliz em que vamos eleger o fim da polarização odienta, do
ódio na política, e vamos construir um projeto nacional de desenvolvimento
encantador".
O pedetista disse que
pretende "unir o Brasil, mas não todo
mundo. Quero unir o cidadão que trabalha, que respeita as diferenças, respeita
as orientações sexuais diversas, as mulheres, negros, indígenas, meio ambiente,
esse Brasil. O resto temos que derrotar, esse gueto de fascistas violentos,
egoístas, que introduzem a cultura do ódio no Brasil", afirmações
estas em clara referência a apoiadores do presidenciável fluminense.
O
candidato também fez duras críticas ao PT, ao ter afirmado que ele "não pensa no Brasil faz muito tempo. Se nós pedirmos para o povo refletir onde
começa essa tragédia que nós estamos vivendo, qual é a data do desemprego, onde
começam a quebrar as contas, onde se vulnerabilizou, o colapso da própria
democracia, é o PT. O PT em aliança com Renan, Eunício, Eduardo Cunha. Isso que
estão fazendo de novo. Não aprendeu rigorosamente nada - no Ceará, Haddad se
juntou com ele (o presidente do Senado Federal)".
O pedetista aproveitou para mandar recado ao candidato do PT, que teria dito,
no Jornal Nacional da Globo, "Qual é
a pessoa que hoje está na vida pública que não está investigada?", ao
afirmar: "Quero lembrar ao meu
querido amigo Haddad que tem muita gente que não é investigada no Brasil – eu,
Ciro, 12, não sou investigado. Nunca fui investigado".
Sobre o combate à corrupção,
o presidenciável pedetista disse que "Essa
é a primeira grande questão: dar o exemplo. Se o exemplo vem de cima, é muito
improvável que o de baixo se sinta autorizado a roubar".
O
pedetista é o exemplo de candidato que,
ao longo da sua carreira política tem conseguido acumular enorme
história de contradições e fatos polêmicos capazes de desqualificá-lo como
homem público confiável, a exemplo da sua posição atual de severo crítico do
PT, exatamente depois que este partido bateu a porta na cara dele, que pretendia
fazer aliança política, mas o seu principal cacique o exortou das proximidades
petistas, dificultando o recebimento de votos dessa importante legenda.
Ou
seja, a falta de personalidade do pedetista se confunde facilmente conforme o
atendimento ou não de seus planos políticos, o que vale dizer que o PT jamais
seria criticado, tão duramente, se a aliança pretendida por ele tivesse sido
bem sucedida, o que demonstra, com muita clareza, que o que ele prega sobre a
necessidade da união de pessoas decentes, trabalhadoras etc. não condiz absolutamente
com o seu pensamento político, que tem como pano de fundo a satisfação dos
interesses pessoais, em primeiro plano, conforme mostram os fatos, e isso é indubitavelmente
prejudicial, em se tratando que a essência da atividade política tem tudo a ver
com a satisfação primacial do interesse público.
As
referidas afirmações do presidenciável cearense deixaram muito claro o seu
extremado sentimento de discriminação aos brasileiros, não importando as suas
ideologias ou preferências por candidatos de direita, centro ou esquerda,
porque isso se insere no processo democrático de livre pensamento, como forma
de possibilitar a escolha do seu representante político que melhor convém aos
eleitores, inclusive na pessoa dele, que já demonstrou não ter o mínimo de equilíbrio
emocional, como o que aconteceu neste último domingo, quando ele xingou um
cidadão, com palavra inadequada, somente porque ele o fez pergunta sobre
declaração que havia dado, recentemente.
À
toda evidência, em termos de campanha eleitoral, os fatos mostram altos e baixos
do candidato pedetista, evidenciando indiscutíveis sentimentos de agressividade
e desrespeito exatamente contra candidatos que estão com intenção de voto acima
de seu percentual, como forma de mera destruição moral não somente do presidencial
adversário, mas também dos respectivos eleitores, como se eles fossem
representantes políticos e eleitores sem decência e sem dignidade, naturalmente
elegendo os eleitores dele como sendo os verdadeiros brasileiros, dando a
entender, inclusive, que somente para estes o pedetista iria governar, caso
fosse eleito, fato que demonstra não somente brutal erro crasso, mas injustificável
desprezo à dignidade daqueles eleitores e candidatos.
É
evidente que tem sido normal os candidatos presidenciáveis fazerem denúncias e
acusações aos adversários políticos, com ressalva aos eleitores, mas desta feita,
o candidato pedetista extrapolou o senso do racional e da razoabilidade, ao
qualificar os eleitores que não votam nele como sendo indecentes e não darem
valor ao trabalho, conquanto estes são insensatos e capazes de eleger o representante
do “fascismo” ou de quem gosta de “premiar todas as contradições gravíssimas do
PT”, em indiscutível demonstração da mais agressiva forma de
irresponsabilidade sobre avaliação quanto ao pensamento político dos eleitores
brasileiros, que certamente não merecem juízo de valor da pior manifestação de
candidato que ainda não fez por merecer a confiança e a credibilidade dos
eleitores, caso em que já estaria disparado na liderança da preferência
eleitoral.
Ou
seja, o candidato pedetista comete lamentável juízo de valor sobre os eleitores
brasileiros, os classificando erroneamente de decentes e indecentes, trabalhadores
e não trabalhadores, em explícito e claro menosprezo ao Estado Democrático de
Direito, em que cada brasileiro tem direito à livre escolha de credo, ideologia
política, relacionamento social e principalmente eleger os candidatos da sua
preferência, não importando quais sejam as suas bandeiras políticas, porque
pensar diferentemente disso, como ele fez, é demonstração não somente de lamentável
retrocesso político, mas sobretudo de desrespeito à individualidade social e à
liberdade da mais autêntica expressão democrática e republicana, própria dos
países civilizados e evoluídos, em termos políticos. Acorda, Brasil!
Brasília,
em 17 de setembro de 2018
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