A
garantia na urna eletrônica, no segundo turno, já havia sido contabilizada como
certa bem antes da agressão sofrida pelo presidenciável ultradireitista,
conforme mostravam os resultados das pesquisas de preferência de voto, ante a larga
margem da sua diferença para o seu seguidor.
Até
àquela cáustica ocasião, o deputado federal fluminense já se mantinha, na média,
na proximidade dos 20% nas pesquisas, com indicação de que não haveria maiores
dificuldades para ele se manter na liderança da preferência dos eleitores
pesquisados, ou seja, tudo indicava que ninguém teria cacife para ultrapassá-lo,
confirmando e garantindo assim uma das duas vagas para o importante e decisivo segundo
turno.
Certamente
que a segunda vaga, naquela altura da campanha eleitoral, estava sendo
disputada por um dos três presidenciáveis vindos logo atrás dele, mas, depois dessa
tragédia, que houve a transformação de mero discurso de campanha em dura
realidade de brutal violência, quando antes se insinuavam que ele era o radical
nessa história, que também tinha a fama de ser intransigente e outras possíveis
adjetivações um tanto quanto injustas atribuídas a ele, isso certamente pode
ter caído por terra, porque a agressão veio justamente da parte insatisfeita com
o desempenho dele na disputa ao Palácio do Planalto, i.e., da oposição ainda
não identificada pela polícia.
Ou
seja, em termos de avaliação política, esse episódio pode refletir em
importante benefício por parte do presidenciável agredido mortalmente, caso ele
tenha o mínimo de competência para a devida exploração do caso, tão somente com
o puro viés de sentimento humanitário, que assim precisa ser, ao invés de
tentar alguma forma de revide ou revanche, como é próprio dos insensatos, mesmo
que por meio da verborragia decrépita dos homens públicos incompetentes e aproveitadores,
porque, agindo em sentido contrário à racionalidade, isso apenas tem o condão
de acirrar ainda mais os ânimos que já atingiram o ápice de onde jamais deveria
ter chegado, caso os protagonistas envolvidos tivessem o mínimo de tolerância e
sensibilidades política e humanitária.
Não
há margem para dúvidas de que, no calor da ferrenha disputa, os opositores do presidenciável
abatido momentaneamente pela violência, com destaque da esquerda mais
virulenta, resolveram entrar na divisão dessa rixa centralizada no abominável radicalismo
que se encaminhava para o exacerbado e indesejável nível que chegou, com essa
inaceitável barbárie.
À
toda evidência, aquele que tinha a pecha do apego ao radicalismo, de repente, foi
transformado em real vítima da truculência que jamais deveria ter saída do
controle da racionalidade e do bom senso, tendo em conta que a violência nunca
foi bom referencial para a iniciativa do entendimento, da paz e da harmonia entre
os homens.
Essa
guerra de opiniões entre torcidas e seguidores, que apenas acaba de começar,
pode ter criado, involuntariamente, um presidenciável mártir, como resultado
impossível da luta absolutamente injustificável existente entre “nós” contra “eles”
e vice-versa, que não se harmoniza com o sentimento de democracia moderna.
Na
verdade, os novos resultados das pesquisas realizadas depois do degradante ataque,
já mostram que o candidato agredido foi duplamente beneficiado, quando houve subida
na preferência por ele dos eleitores e ainda e descida do percentual de
rejeição ao seu nome, fatos que indicam mais simpatia e menos repúdio à sua
candidatura, contando pontos favoráveis, mesmo graças à tragédia anunciada.
Por
certo, ainda existia muita gente que estava com receio e até indecisão, pode
ter aproveitado o fator atentado para decidir, enfim, em mandar seu voto ao presidenciável
que tem sido adorado por uns e odiado
por outros, certamente porque ele não tem conseguido, como devia, explicar seus
defeitos, com destaque para o que dizem sobre ele, de homofóbico, racista, misógino
e de muito mais outras tantas adjetivações que são capazes de afastar dele
parcela expressiva de eleitores que poderiam levá-lo ao Palácio do Planalto, já
no primeiro turno, se ele fosse candidato mais cordado, palatável e despojado
da arrogância que não comportam no histórico de grandes e sensatos estadistas.
É
muito provável que o presidenciável carioca ainda não tenha sido devidamente alertado
de que o dono da poltrona número um do país, necessariamente, depois de eleito,
assume a importante responsabilidade de presidir os destinos de todos os
brasileiros, independentemente de ideologia, direita, esquerda, credo, raça ou o
que for, em termos de preferência, porque, a partir de então é preciso se
pensar apenas na solução dos gravíssimos problemas do Brasil, de interesse de
todo seu povo, sem qualquer distinção.
O
fato é que, antes do acidente em comento, o presidenciável carioca, até poderia vencer ou superar os adversários
no primeiro turno, mas teria enorme dificuldade para vencer no segundo turno,
porque as pesquisas apontavam que ele perderia facilmente para qualquer um de
seus opositores, em razão da enorme rejeição ao seu nome.
Ao
que se percebe, esse quadro ganhou novo contorno, diante da comoção causada no
seio dos eleitores que defendem o clima de harmonia e tolerância, em total
reprovação à tresloucada ação de violência à democracia e à humanidade, que
realmente somente teve o condão de mostrar que o homem ainda precisa evoluir
bastante para compreender que a graciosa violência ainda pertence ao mundo da
irracionalidade e da involução da espécie, por mais que se tentem justificar a
violência pela simples violência.
É
preciso sim que o presidenciável agredido, os partidos que o apoiam, os colaboradores
de campanha, as cabeças pensantes e responsáveis por seu assessoramento, enfim,
seus seguidores se unam com o propósito, o sentimento uniforme para entender
que a lastimável agressão em apreço aconteceu como especial alerta de que
tragédia pior poderia até vir a acontecer, com consequências da maior gravidade
para a sociedade, em razão da insensata e crescente escala de insultos e ódio
entre adversários.
Importa
assinalar a insensatez e a insensibilidade do presidenciável agredido fazendo seu
gesto peculiar, com as mãos, na maca hospitalar, tão logo teve alto da UTI, como
se estivesse em posição de tiro, porque esse fato, por si só, representa a sua
reafirmação de beligerância, que não condiz com o momento em que foi gravemente
ferido, graças às suas absurdas ideias de armamento da população, quando se
sabe que é muito mais sensato o devido aparelhamento do sistema de segurança
pública, de incumbência do Estado, com mecanismos próprios de eficiência e
competência, por meios suficientes de efetivo, material e preparo, para
desarmar os bandidos ou impedir que eles andem armados.
Diante
dos fatos degradantes e dos estragos havidos, vitimando o próprio presidenciável,
é de se supor que as importantes lições aprendidas, se é que se pode inferir do
resultado de tragédia, sejam aproveitáveis em benefício da cidadania, no
sentido de que algo especial e racional deva ser feito, no resto da campanha eleitoral,
para transformar os ensinamentos hauridos em benefício da democracia e da
sociedade, por meio de ações efetivas e construtivas de disseminação de bons
exemplos, com atos e gestos somente de aproximação e acolhimento das pessoas,
não importando as suas ideologias, com embargo de menções às lutas armadas,
acrescido do repúdio às maldades vindas de quem quer que seja, porque os atos e
fatos contrários à dignidade, à moral e aos saudáveis princípios democrático e republicano
não passam despercebidos da lupa da população honrada e digna, que anseia pela
moralização do país, a qual certamente saberá opinar, nas urnas, pelo melhor
caminho a ser destinado aos brasileiros. Acorda, Brasil!
Brasília, em 13 de setembro de 2018
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